Bibliotecas pela paz

abr 6, 2016 | Leitura

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Coluninha | Por Lizandra Magon de Almeida.

Se antes as bibliotecas eram locais de silêncio e tinham aquele ar sisudo e compenetrado, hoje são também lugar de brincadeira, contação de histórias e atividades. Na Zona Norte de São Paulo, onde antes estava a Casa de Detenção do Carandiru, hoje funciona um espaço incrível para leitores de todas as idades, a Biblioteca de São Paulo. As estantes são baixas e acessíveis, disponíveis à curiosidade de todos. Há jornais, revistas e também computadores para acesso à Internet, além de atividades aos fins de semana para a criançada. O espaço é claro, arejado e super colorido.

A estratégia de transformar um local de horror em centro de conhecimento, saber e paz também foi usada com muito sucesso na Colômbia, um dos países que já esteve entre os mais violentos do planeta, e hoje abriga algumas das bibliotecas mais maravilhosas da América e talvez do mundo.

Durante muitos anos, o país foi conhecido por seus cartéis de drogas e pelo terror provocado pelas guerrilhas políticas. Há pouca mais de 20 anos, após a morte do traficante Pablo Escobar, um esforço conjunto de governo e população começou a mudar a face do país. E as bibliotecas foram eleitas como um dos símbolos desse novo país que começava a ser construído.

Na capital, Bogotá, a Biblioteca Virgilio Barco foi projetada pelo arquiteto Rogelio Salmona, e é de uma beleza impressionante. É enorme, mas tem um espaço super aconchegante para as crianças, com degraus em que elas podem sentar e até deitar com seus livros, todos ao alcance das mãos. É a mais impressionante e moderna, mas não é a única: a cidade inteira é pontilhada de espaços para o livro, de sebos a livrarias descoladas, além de muitas bibliotecas públicas.

Medellín, uma das cidades mais afetadas pelo tráfico de drogas e hoje totalmente remodelada, também tem edifícios lindíssimos, totalmente dedicados ao livro. E não são simplesmente salas cheias de estantes, mas espaços pensados para atrair a atenção dos leitores, agradáveis, bem decorados, com cadeiras confortáveis, funcionários dedicados e um acervo caprichado.

A cidade se estende dos dois lados do vale do rio que lhe empresta o nome. Em uma extremidade, um teleférico – que inspirou a construção do que foi feito no Morro do Alemão, no Rio de Janeiro – sobe pelo morro, como meio de transporte para os moradores. Lá em cima, três enormes blocos negros impressionam quem passa de teleférico e também quem visita o parque à sua volta. A Biblioteca Parque España, do bairro de Santo Domingo Savio, é mais uma biblioteca modelo, um marco que embeleza, oferece opções de lazer (há sempre concertos e outras atividades culturais ali em volta) e traz orgulho para a comunidade que, antes esquecida, hoje se tornou um dos pontos turísticos mais importantes da cidade.

A cultura e a arte são primas-irmãs da paz. E quando elas se juntam em ambientes especialmente pensados para abrigá-las, fica muito mais fácil enfrentar a violência e a ignorância.

O castelo biblioteca para crianças

Na cidade de Munique, no sul da Alemanha, funciona a International Youth Library, a maior biblioteca de livros infantis do mundo. Em um castelo do século 15, repousa um acervo impressionante de livros escritos para crianças e jovens, novos e antigos, em todas as línguas possíveis, e que abrangem 400 anos de literatura voltada aos pequenos ou nem tanto.

A biblioteca pode ser visitada e também oferece bolsas para pesquisadores que desejam estudar seu acervo. Ali, eles passam de seis semanas a três meses pesquisando e também trabalhando no atendimento ao público, em retribuição. Até há pouco tempo, os pesquisadores podiam inclusive ficar hospedados no próprio castelo. Já pensou a quantidade de fantasmas que um lugar assim deve ter? Não tenho a menor dúvida de que todos saíam dali não só com sua pesquisa pronta, mas também cheios de histórias reais e inventadas para contar. Afinal, o castelo deve ter sido palco de muitos embates medievais.


Lizandra Magon de Almeida é jornalista, tradutora de profissão e proprietária da Pólen Livros, que edita livros infantis e voltados a questões do universo feminino.

Lizandra Almeida

Jornalista, tradutora de profissão e proprietária da Pólen Livros, que edita livros infantis e voltados a questões do universo feminino. *Lizandra é escritora e foi convidada pelo Blog Leiturinha para compartilhar sua opinião com as nossas famílias leitoras.

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