Crianças com dislexia: precisamos falar sobre isso

out 10, 2017 | 4 - 6 anos, 7 - 10 anos, Comportamento, Criança, Escola

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O gosto pela leitura é algo introduzido e desenvolvido a partir do hábito, que se dá principalmente com o incentivo da família e da escola. No entanto, ainda que haja o devido incentivo, a criança pode apresentar resistência e dificuldade no ato de ler. Se aliado à outros sinais, este pode ser um indicativo de que o pequeno tem dislexia, um transtorno específico da aprendizagem com prejuízo na leitura. Para entender melhor sobre o diagnóstico e acompanhamento de crianças com dislexia, nós conversamos com a fonoaudióloga Cíntia Salgado que há 17 anos trabalha com programas de remediação e estimulação da leitura em crianças com dislexia, além de atuar como professora adjunta e coordenadora do PROJETO LEIA-Leitura, escrita e audição, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Dos sinais ao diagnóstico

Foto Dra. Cíntia Salgado Azoni

Cíntia Salgado é fonoaudióloga e professora do curso de fonoaudiologia da UFRN. 

De acordo com Cíntia Salgado, os principais sintomas e sinais da dislexia podem variar de acordo com a idade e o grau de comprometimento, como por exemplo: dificuldades no reconhecimento dos nomes das letras e na consciência fonológica, leitura lenta e imprecisa e, ao longo do tempo, as dificuldades podem ser agravadas pela dificuldade em compreensão de leitura e escrita. É importante que pais e professores se atentem a esses sinais no processo de aprendizagem dos pequenos, desde o ensino infantil, ainda que o diagnóstico do transtorno só seja feito após o período de alfabetização, por volta dos 8 ou 9 anos. “Durante o processo não se pode afirmar se a causa da dificuldade é externa (por exemplo pelo processo educacional) ou da própria criança”, afirma Cíntia. Esse diagnóstico, assim como o acompanhamento posterior, é realizado por uma equipe interdisciplinar, de fonoaudiólogo, neuropsicólogo, psicopedagogo e neuropediatra. A fonoaudióloga ainda ressalta: “Quando não identificado ou tratado, problemas emocionais e de comportamento podem se sobrepor ao quadro e trazer prejuízos na qualidade de vida da criança. Muitos estudos já mostram impactos, como sintomas depressivos ou quadros de ansiedade que muitas vezes demoram para ser notados”.

Meu filho tem dislexia. E agora?

Diagnóstico dado e agora, como proceder? Cíntia afirma que, a princípio, a terapia deve ser baseada na estimulação de habilidades de linguagem para a leitura, na qual o fonoaudiólogo é o profissional ideal, contudo, a perspectiva interdisciplinar também deve ser pensada, considerando sempre as individualidades e necessidades de cada criança. Sobre o acompanhamento fonoaudiológico, a profissional afirma que “a intervenção deve ocorrer semanalmente e, é essencial que este profissional esteja muito próximo do professor para que as estratégias sejam trabalhadas conjuntamente no ambiente escolar, proporcionando melhor adaptação em sala de aula.”. Pensando no trabalho em conjunto com a escola, Cíntia ressalta a importância das adaptações necessárias, conforme as individualidades da criança: “As melhores estratégias de aprendizagem envolvem um planejamento, no qual a criança deve sempre ser comunicada. Desta forma, ouvi-la, trocar informações sobre o seu desenvolvimento, valorizando suas aquisições, bem como discussões frequentes entre a equipe clínica e escolar junto aos pais, torna o processo menos sofrido para a criança, deixando-a feliz e acolhida na escola.”, afirma.  

Dá para gostar de ler, sim!

Desenvolver o hábito da leitura em casa com os pequenos pode ser um grande desafio, ainda mais quando a criança é diagnosticada com dislexia. Mas se você está passando por isso, não se preocupe. Tem, sim, como seu filho ser um pequeno leitor assíduo e o primeiro passo começa pela família! De acordo com a fonoaudióloga Cíntia, “somente pelo prazer em ler que os pais vão conquistar e motivar seu filho com dislexia a realizar esta atividade sem que se torne um peso pra ela. Os primeiros passos devem envolver livros visualmente interessantes, palavras mais simples de decodificar e, com o avanço da capacidade de leitura utilizar textos maiores, com palavras mais complexas e, sempre, com temas que motivem as crianças ao prazer da leitura”.

Outra dica fundamental, segundo Cíntia, é procurar profissionais habilitados para dar suporte ao pequeno e orientá-los quanto a estratégias em casa, mas principalmente dar muito amor e compreender que essas limitações não são impedimentos para um futuro de sucesso! A fonoaudióloga finaliza alertando:

Espero que, cada vez mais, as pessoas compreendam o quanto é importante conhecer, estudar e principalmente acolher estas crianças que são marginalizadas no ambiente escolar, pelo simples fato de, no Brasil, não termos políticas educacionais que atendam suas necessidades educacionais.

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Ana Clara Oliveira

Jornalista e editora do Blog da Leiturinha, é fascinada por tudo que envolve o mundo da leitura, da educação e da infância. Acredita que as palavras aproximam pessoas, libertam a imaginação e modificam realidades. Gosta de escrever, viajar e aprender sempre.

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