“Recebi o diagnóstico de deficiência auditiva da minha criança. E agora?”

abr 29, 2016 | 0 - 3 anos, 4 - 6 anos, Criança, Saúde

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Coluninha | Por Lílian Kuhn.

A importância da audição para o desenvolvimento de linguagem é sempre apontada por mim nos textos. Vivendo em um mundo considerado totalmente sonoro,  a nossa principal modalidade de comunicação (a linguagem oral/fala) só se realiza acusticamente. Ou seja, por meio de sons. Mas quando o bebê é diagnosticado com deficiência auditiva, surgem diversas dúvidas: quais são as consequências pra ele? O que podemos fazer pra ajudá-lo? Como será o seu futuro?

·  As consequências do “não ouvir”. Vamos considerar que a deficiência auditiva causa uma privação significativa tanto de quantidade quanto de qualidade do som que é recebido. Então, é possível imaginar que o não acesso a ele trará consequências para o desenvolvimento de linguagem/fala, psicossocial e escolar. Não é mesmo? Mas e quando elas se se alastram também para os aspectos sociais e de aprendizagem? Por isso, independente do grau da perda auditiva ou do tipo de tratamento a seguir, há uma regra para todos: inicie o processo de intervenção o mais rápido possível! Isto garante que o período sem ter acesso aos sons da fala seja menor e, portanto, que os efeitos decorrentes também. 

·  Exames, terapias e aprendizado. Vamos imaginar que, aos três ou quatro meses de vida do bebê, ainda em fase de adaptação à nova rotina, a família recebe a inesperada notícia de que a criança tem deficiência auditiva. A pergunta seguinte costuma ser: E agora, o que podemos fazer? Em primeiro lugar, mantenha a calma. Se os exames já foram conclusivos para a confirmação do diagnóstico,  deve-se iniciar a testagem de aparelhos de audição e terapia fonoaudiológica focada em reabilitação auditiva. Nesta fase, obviamente não se espera que o bebê aprenda a falar, mas sim a escutar, procurar os sons em volta, saber de que lado vem os barulhinhos, identificar o latido de um cachorro ou reconhecer a voz da mãe… Tudo isso será um aprendizado lento e processual e, por isso, os pais têm papel primordial. 

·  Conhecimento e apoio aos pais. No processo de intervenção, as crianças com deficiência auditiva ficam com apenas duas funções: usar os dispositivos adequadamente e interagir dentro e fora das sessões de terapia. Já aos pais, cabem muitas funções, como gerenciar o processo terapêutico, levar para as sessões de terapia e consultas médicas, checar se os aparelhinhos estão sendo utilizados e funcionando bem. E mais: são funções deles se tornarem altamente estimuladores, criando um ambiente rico em sons, mostrando cada barulhinho do ambiente de casa, da rua, as músicas do desenho… Tudo vira “oportunidade de estimulação” em tempo integral. Em paralelo, são os pais também que devem acompanhar com afinco a evolução da criança (e desconfiar de que algo não esteja indo bem, se não percebem progressos, etc). E tudo isso só será possível com muito conhecimento e muitíssimo apoio! É o conhecimento sobre  tal assunto que dará aos pais ferramentas para refletir, avaliar e decidir sobre cada etapa, bem como os tornará os principais atores deste processo. 

·  Por fim, vamos falar do futuro. A primeira pergunta das famílias costuma ser: “Ele vai falar? Quando?”. A intervenção fonoaudiológica voltada para a oralização visa estimular o desenvolvimento das habilidades auditivas e de linguagem das crianças com deficiência auditiva. Mas, prever um prognóstico a longo prazo é muito difícil. Muitos  fatores devem ser pensados no que se refere a possibilidade de usar (ou não) a linguagem oral, tais como: idade de aparecimento da perda e do diagnóstico, etiologia (causa), grau e tipo da perda de audição. Ainda que tenhamos um planejamento, algo pode ocorrer e a fala demorar a vir… Então, não vamos esperar até quando ela surgir! Ao primeiro sinal de que o desenvolvimento está atrasado, uma nova modalidade linguística ou de comunicação (LIBRAS, PECS, prancha de comunicação) deve ser introduzida na vida desta criança, afinal para ter um “bom” futuro e ser feliz, ela não precisa falar, mas precisa se comunicar. 

No mais, tenho observado que os grupos de apoios (virtuais e reais) têm sido fundamentais pelo país, além de a participação de pais nas sessões e permanência dentro da sala de terapia ser uma injeção de ânimo! Portanto, se permita passar da fase de luto para a de luta!

Um beijo e até a próxima!


Lílian Kuhn é fonoaudióloga com especialização em Audiologia e Mestrado e Doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem. Há dez anos atende crianças e adultos com distúrbios de linguagem.

Lílian Kuhn

Fonoaudióloga com especialização em audiologia e mestrado e doutorado em linguística aplicada e estudos da linguagem. Há dez anos atende crianças e adultos com distúrbios de linguagem. *Lílian é especialista em fonoaudiologia e foi convidada pelo Blog Leiturinha para compartilhar sua opinião com as nossas famílias leitoras.

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