Incrivelmente, algumas pequenas corrupções são banalizadas e aceitas culturalmente como se fossem naturais. Mas se pararmos para pensar a linha é contínua entre uma pequena corrupção e uma grande corrupção e o que há por trás das duas são questões muito semelhantes. O que as crianças podem aprender quando observam essas situações?
Há alguns anos atrás a CGU – Controladoria Geral da União – lançou uma campanha chamada ‘Pequenas Corrupções, diga não!’ nas redes sociais e incrivelmente ela se viralizou.
É impressionante como as pessoas se indignam e concordam que é preciso combater todo tipo de corrupção, seja ela de que tamanho for, pois por trás há valores e princípios bastante semelhantes, sejam elas pequenas ou grandes.
Interessa-nos chamar atenção aqui que ao conviverem com “pequenas corrupções” as crianças vão construir um repertório de informações que podem dirigir suas ações no dia a dia.
Assim, quando veem seus pais ou adultos de sua convivência furarem a fila do supermercado, a fila de uma escada rolante ou a fila de carros em um congestionamento, entendem que levar vantagem sobre os outros, se achando esperto e ganhando tempo em detrimento do outro, é o mais importante.
Ou ainda quando ouve o garçom perguntar se a nota fiscal a ser emitida é do valor do gasto realizado, a criança pode entender que é possível mudar o valor e que isso é até sinal de educação e gentileza daquele que nos atende no restaurante.
Quando vivencia a compra de produtos falsificados, o sinal de TV a cabo clandestina, as compras sem notas fiscais para diminuir o custo em casa… isso tudo corrobora para que compreenda que o sistema certo é o errado e cada um precisa garantir para que possa ter – quase como um direito – algo que não avalia ser justo de se pagar.
Ensinar as crianças que elas podem não concordar com o que há disponível e têm de lutar legalmente contra essas pequenas corrupções pode ser mais complexo, mais demorado, mas acima de tudo, trata de valores, princípios e normas que regulam a convivência ética e isso é que pode fazer com que essas crianças vivam em um mundo melhor e possam continuar a melhorá-lo sempre.
Por Brasil Post.