Nelson Cruz e a grandeza de sua obra

set 28, 2020 | Clube Leiturinha, Leiturinha

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Se você gosta de literatura infantil, certamente já deve ter ouvido falar de Nelson Cruz. Caso não tenha, tenha certeza de que você irá se apaixonar pela arte e obra desse autor e ilustrador. 

Nelson Cruz é um artista, autor e ilustrador autodidata. Nasceu e vive em Santa Luzia, em Minas Gerais. Estudou pintura por dois anos, embora o desenho já se fizesse presente em sua vida desde a tenra infância. Seu trabalho tem por essência a arte. Por suas obras, já recebeu por seis vezes o Prêmio Jabuti. Também conquistou por duas vezes o Prêmio Octogonal, da França. Além disso, foi indicado pela FNLIJ ao Prêmio Hans Christian Andersen de ilustração. Um prêmio mundialmente reconhecido. Seus livros já foram traduzidos e publicados em muitos países. Seu texto é conciso e traço certeiro. O conteúdo de sua obra é sempre desafiador, inteligente e repleto de metáforas visuais.

Leiturinha e Nelson Cruz em A Nuvem e o Tatu

Nesta obra, Nelson propõe o reforço da cultura brasileira. Nela, o autor resgata a força do clássico Macunaíma e da grandiosidade dos elementos presentes no Brasil. A floresta, casa de origem de Macunaíma e de Ivaí, se mostra ao longo da narrativa. É um lugar farto, forte. Apesar da tentação da vida na cidade, em sua grandeza, continua imensa e necessária.

Para falar mais sobre a obra Original Leiturinha, nada melhor que o próprio autor em uma entrevista concedida a nós. 

Leiturinha: Quais foram suas referências para criar A Nuvem e o Tatu?

 Nelson Cruz: A inspiração para escrever essa história foi o livro Macunaíma, de Mário de Andrade. Entendo que nesse livro, Mário procura expor o que poderia ser uma ideia de brasilidade. Escrevi essa história com Macunaíma em minha mente todo o tempo de escrita. A amizade entre uma nuvem e um tatu, a meu ver, é de uma combinação absurda. Insisto com essa história no que seria para mim uma ideia de brasilidade. O tatu é atraído por um desejo de conhecer a cidade dos humanos. Por isso, se vê transformado, por magia ou punição, em ser humano. Com isso, sente as consequências. Essa fantasia diz respeito ao dilema da convivência entre a alma da floresta. Além de um modelo de desenvolvimento nefasto representado pela cidade dos humanos. Um modelo que gera desigualdades, mas aceito por nós. Que nos devora culturalmente. Nessa história tento encontrar a ideia antropofágica do livro Macunaíma. Por esse motivo adoto o subtítulo de “uma história macunaímica.

Leiturinha: Qual atmosfera você quis criar com a paleta de cores utilizada?

Nelson Cruz: Com o tom azulado de minhas últimas ilustrações, procuro dizer que não é necessário usar todas as cores existentes para expressar uma ideia. É um desafio para mim que me julgo um colorista e apaixonado pela musicalidade das cores.  

Leiturinha: Nos conte um pouco sobre as metáforas visuais presente no livro.

Nelson Cruz: Creio que a metáfora central dessa história é a ideia de como podemos estar perdendo nossa brasilidade. Nossos símbolos. Trocando essa mesma brasilidade por uma ilusão consumista que aos poucos elimina em massa nosso espírito crítico. A transformação do tatu em ser humano representa o quanto nos afastamos das manifestações naturais. Das crenças e do conhecimento que envolvem a natureza e seus mistérios.

Leiturinha: Já na casa dos pequenos leitores, quais experiências você acredita que as crianças poderão ter com esse livro?

Nelson Cruz: Principalmente dizer a elas que existe em nossa literatura um livro chamado Macunaíma. Este livro procura investigar o que é o perfil e o jeito de  ser do brasileiro. Em segundo plano, deixar a dica de um escritor chamado Mário de Andrade. Meu subtítulo é para isso. Que existem histórias nos povos distantes, aqui mesmo dentro desse imenso Brasil, como os povos indígenas que preservam as florestas brasileiras.  Existem manifestações musicais, culinárias, folclóricas, populares que nos formam enquanto povo e que temos que insistir com o Saci. Nossa literatura, a literatura indígena que vem chegando para nos resgatar desse abismo obscuro que o país está aceitando.     

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Caroline Lara

Líder da Equipe de Curadoria da Leiturinha, é formada em Psicologia e mãe do Caetano. Leitora compulsiva, é apaixonada em provocar emoção, despertar a fantasia, entreter e alegrar pequenos através da literatura. Acredita que quanto menor nosso tamanho, maior a criatividade!

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