Para quem se preocupa com a educação das crianças e acompanha temas atuais, sabe que a diversidade e a inclusão são assuntos que não podem ser ignorados.
O apoio a famílias atípicas, que inclui famílias com membros que possuem deficiências específicas, tem ganhado espaço e despertado curiosidade.
Mas, como tratar as pessoas atípicas respeitosamente? E como ensinar nossos filhos a conviver com as diferenças de maneira natural?
Se essas perguntas já passaram pela sua cabeça, hoje trazemos respostas práticas e valiosas!
Faça sua parte no apoio a famílias atípicas!
A diversidade precisa ser algo presente no dia a dia das crianças, não um assunto para conversas sérias e professorais. É preciso aproximar a criança desde cedo ao diferente para que ela não olhe para isso como “novidade” com o passar dos anos.
Responsáveis conectados com essas preocupações, podem até ter o desejo de se aproximar e gerar relacionamento com famílias atípicas, mas não sabem como proceder. Ser um aliado das famílias atípicas requer empatia, respeito e uma disposição genuína para aprender.
Seja um exemplo
Sabe aquela máxima de que a palavra convence, mas o exemplo arrasta? Essa frase, atribuída ao filósofo chinês Confúcio, encaixa-se perfeitamente quando o tema é ensinar as crianças a serem inclusivas. Afinal, os pequenos tendem a modelar o que os adultos fazem. Portanto, para dar o exemplo certo, procure ser um adulto exemplar. Além disso, considere tomar alguns cuidados que listamos abaixo e, aos poucos, tornar essas práticas comuns no seu cotidiano.
Trate pessoas com deficiência diretamente
Ninguém melhor do que a própria pessoa com deficiência para determinar os limites de suas interações — não os outros. Por exemplo, se a criança ou o adulto com deficiência não puder falar, ou interagir, os pais ou acompanhantes irão sinalizar isso. Além disso, evite presumir a incapacidade de alguém. Em vez disso, deixe que a própria pessoa mostre até onde pode ir.
Use uma linguagem inclusiva e respeitosa
Isso inclui, primeiramente, refletir sobre ideias capacitistas que podem estar enraizadas em nossa linguagem e atitudes e, além disso, buscar conhecimento atualizado. É importante também evitar termos que infantilizem ou diminuam as capacidades das pessoas com deficiência. Por fim, perguntar diretamente como as pessoas preferem que suas situações ou habilidades sejam descritas demonstra respeito e empatia.
Eduque-se e desafie suas próprias percepções
O lugar da pessoa aliada é, antes de tudo, o lugar da escuta, e não da fala. Mais do que compartilhar seus pensamentos vanguardistas sobre o tema ou fazer comparações com outras vivências, as famílias atípicas, ao compartilharem suas dores, esperam ser ouvidas. Assim, é essencial entender as condições e necessidades específicas dessas famílias — famílias com crianças com deficiência ou outras necessidades de suporte. Portanto, escute atentamente.
Não romantize a deficiência
Muitas famílias desejam que os desafios que enfrentam sejam reconhecidos, mas não querem ser vistas como vítimas ou “guerreiras”. Por isso, seja paciente e compreensivo. Além disso, algumas famílias atípicas lidam com situações desafiadoras e desgastantes no cotidiano. Esteja, portanto, disponível para ouvi-las sem julgamentos, respeitando o tempo e os limites de cada pessoa. Afinal, grande parte de normalizar a deficiência do outro está em compreender que todas as pessoas enfrentam desafios na vida, e tratar esses desafios como algo extraordinário só aumenta as diferenças, em vez de aproximar. Em resumo, tente enxergar essas famílias com a mesma complexidade com que enxerga qualquer outra.
Ofereça apoio prático e emocional
Caso você tenha intimidade com a família e sinta que há espaço para isso, perguntar “Como posso ajudar?” pode ser uma abordagem eficaz. Além disso, mantenha o campo aberto para que a própria família indique o tipo de ajuda que está precisando. Se você realmente deseja ajudar, chame a pessoa em particular e ofereça auxílio em atividades concretas, como tarefas diárias, companhia em consultas ou até mesmo um tempo para descanso. Afinal, soltar o famoso “Qualquer coisa, me chama” numa roda de amigos não conta como apoio real.
Amplifique vozes atípicas
Ajude a promover as vozes das famílias atípicas em conversas e plataformas. Divulgue as suas iniciativas anti-capacitistas da mesma maneira com que você divulga notícias de pessoas famosas que você não conhece. Compartilhar conteúdo escrito ou produzido por essas famílias e incentivá-las a serem as protagonistas de suas próprias histórias é um apoio poderoso. Busque trazer as temáticas da inclusão e do capacitismo para a sua roda de conversas sempre que possível. Ajudar outras pessoas a desmistificarem a inclusão é uma forma concreta de fortalecer essa comunidade. Envolva-se na defesa de direitos e políticas públicas inclusivas. Uma das formas mais importantes de ser um aliado é apoiar as lutas por acessibilidade e inclusão, seja através de conversas, redes sociais ou advocacia.
Atente-se à acessibilidade e inclusão
Certifique-se de que eventos, espaços e atividades sociais sejam realmente acessíveis para todos, considerando mobilidade, comunicação e outras necessidades. Isso inclui desde condições físicas até o suporte emocional, criando um ambiente acolhedor e seguro. Você não precisa ser um produtor de eventos profissional para se preocupar com isso. Se você vai fazer um aniversário e convidar uma pessoa com deficiência, pense nas suas limitações e necessidades na hora de planejar a comemoração.
Dica de leitura inclusiva: um livro sobre o poder das diferenças!
A leitura possui um poder transformador que pode moldar a infância de qualquer criança. E quando falamos das crianças atípicas, essa é uma verdade ainda mais significativa. Livros não são apenas fontes de entretenimento, mas também ferramentas poderosas para a construção de identidade, promoção de empatia e inclusão, e compreensão do mundo ao redor. Para crianças com deficiência, esses benefícios são ainda mais impactantes, oferecendo um caminho seguro e acolhedor para a autodescoberta e aceitação.
Joca e Dado, escrito por Henri Zylberstajn, conta a história de dois grandes amigos. A princípio, pode parecer que esses dois personagens não têm muito em comum, já que possuem características muito diferentes. No entanto, o que os une é o respeito, a admiração e a vontade de aprender! Assim, por meio da leitura, entendemos que as diferenças são muito importantes. Afinal, elas nos permitem trocar experiências. Ou seja, ensinamos o que sabemos e aprendemos sobre o que ainda não conhecemos!
Joca e Dado é um Original Leiturinha e está disponível na PlayKids Store!
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Sentir-se incluso de maneira carinhosamente planejada pode ser mais valoroso que verbalizar a sua preocupação.
Ao colocar essas práticas em ação, você estará promovendo a inclusão de maneira genuína e, de quebra, terá poucas dúvidas para esclarecer ou perguntas para responder, pois seu exemplo ensinará mais do que qualquer conversa.
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