Interatividade na literatura infantil: Quando não há barreiras entre livro e leitor

out 25, 2018 | 4 - 6 anos, 7 - 10 anos, Palavra da Curadoria

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Por favor, não leia este texto. Não vá para a palavra seguinte. Pare por aqui mesmo, mude de página, faça o que for, mas não continue.

Mas por que você continua?

A brincadeira poderia continuar por linhas e linhas, ou páginas! Assim acontece no livro que a Equipe de Curadoria da Leiturinha selecionou para os pequenos assinantes da categoria Leitores Iniciantes: Não abra este livro, escrito por Andy Lee e publicado pela Editora Happy Books,.

Os livros interativos na literatura infantil

São muitos os livros que brincam com o imaginário infantil por meio de recursos linguísticos, como ironia e metalinguagem, ou com elementos que quebram a barreira entre livro e leitor, por exemplo, tornando-se verdadeiras brincadeiras. Assim, os livros interativos estão entre os preferidos dos pequenos leitores.

É comum que esta interatividade apareça como parte do material do livro (quando há abas ou texturas, por exemplo), conforme já falamos aqui no Blog, mas a interatividade também aparece em outros formatos, como no próprio texto. Neste caso, o jogo com as palavras faz as vezes dos recursos materiais, revelando artifícios linguísticos sofisticados, que exigem interpretação por parte do pequeno leitor.

Não abra este livro: um convite para ler de um jeito diferente

Não-abra-este-livro

Este é o caso do Não abra este livro, que mexe com a imaginação dos pequenos, que se vêem parte da história, junto com o personagem. Neste livro, o personagem principal faz de tudo para que o pequeno leitor não vire a página, travando um diálogo direto com quem o lê. O porquê só é revelado na última página, quando, à despeito de tantos pedidos, o leitor chegou lá.

Assim, enquanto fala diretamente com os leitores, o personagem convida os pequenos a se tornarem parte da história e, neste caso, utilizam do livro enquanto objeto como meio de participação da criança na narrativa – em um virar de páginas, os pequenos transgridem um pedido do personagem ao mesmo tempo em que dão movimento à narrativa.

Além disso, neste livro, o personagem é irônico e não tem nome e nem uma identidade muito definida, o que permite que os pequenos projetem suas fantasias, completando as lacunas e silêncios da narrativa. Assim, o livro não se entrega de pronto, demandando um leitor ativo e participativo.

Redescobrindo e ressignificando as maneiras de ler um livro

Como qualquer outro texto que saia do convencional, ele pode trazer um certo incômodo ao leitor que espera por um roteiro mais previsível, mas por que não aproveitar isso para potencializar a curiosidade e a imaginação das crianças? Se o livro incomodar o pequeno, é o momento de conversar e dialogar, aproveitando a deixa para instigar as muitas possibilidades e leituras do livro.   

Por fim, vale ressaltar que, na atualidade, é imprescindível desenvolver habilidades de interpretação de texto e assumir uma postura crítica e ativa diante do que se é apresentado, e os livros interativos são ótimos recursos para desenvolver tais habilidades.  

E você? Já leu algum livro como este para seu filho? Como seu pequeno reagiu a ele? Conte pra a gente!

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Sarah Helena

Mãe de Cecília e de Olívia, psicóloga, escritora, especialista em filosofia e mestre em educação profissional e tecnológica. Sempre trabalhou com famílias, especialmente com os pequenos. Por esse amor ao universo afetivo infantil, hoje, na Leiturinha, integra o time de Curadoria e colabora fortalecendo o vínculo das famílias leitoras através da experiência da literatura.

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