Vozes negras na literatura: a importância da representatividade nos livros infantis

nov 17, 2022 | Leitura

GANHE PRESENTE DUPLO! Crescer com Leiturinha é mais divertido! Mas é por tempo limitado! Mochila da Iara + Régua do crescimento grátis no 1º kit! Botão: ASSINAR LEITURINHA

A literatura infantil, com sua ludicidade, linguagem leve e adequada ao imaginário dos pequenos e pequenas, colabora para que os assuntos mais complexos sejam discutidos. É o caso do respeito às diferenças e o combate ao racismo. Além disso, é fundamental trabalhar a autoestima das crianças, para que elas cresçam mais seguras e independentes. Por isso, pensando em celebrar a Consciência Negra, vamos falar sobre a importância das vozes negras na literatura e a importância da representatividade nos livros infantis? 🗣️ Vamos lá!

Leia mais:
👉 8 grandes autores negros da literatura infantil
👉 Lista de autores negros enviados pela Leiturinha
👉 Literatura infantil e inclusão: em busca de um mundo para todos

A construção da identidade na infância

Durante a infância, vivemos o auge do nosso aprendizado. Especialmente na primeira infância, período que vai desde o nascimento até os seis anos de idade. Assim, tudo aquilo que as crianças têm acesso e convivem, tornam-se seus referenciais na construção de suas próprias teorias sobre o mundo. Como suas ideias de família, de sociedade, de relações e de si mesmos, por exemplo.

Porém, as crianças ainda não filtram o que lhes é apresentado. E não refletem por si só sobre o conteúdo que lhes chega. Isto é, se ele é bom ou ruim ou, ainda, se existiriam outras possibilidades! Por isso, os pequenos e pequenas precisam da intermediação dos adultos, que devem fazer perguntas e levar as crianças a refletir.

Dessa forma, se uma criança sempre consome livros infantis ou programas em que um padrão (de comportamento ou de imagem) se repete, aquela mensagem será captada como uma verdade para ela. Então, como mudar esse cenário? 🤔

Por mais diversidade nas páginas dos livros!

Se vivemos em um mundo tão diverso e rico por suas diferenças, não faz sentido encontrarmos apenas uma pequena parcela da sociedade representada na literatura. Tanto pensando nos personagens quanto na autoria destes livros!

Por esse motivo, é cada vez mais importante que tenhamos mais livros infantis com personagens principais negros, bem como autores e autoras negras. Deste modo, todas as crianças poderão se identificar e construir visões de mundo mais amplas e realistas. Ou seja, precisamos de vozes negras na literatura! 📚❤️

A importância das diferentes histórias e culturas

A autora nigeriana Chimamanda Adichie, em uma palestra ao reconhecido Ted Talks, fala sobre a importância da representatividade. Segundo ela, a representatividade é fundamental para que não haja uma história única sobre os diferente povos, culturas e lugares.

Em sua fala, ela lembra como se sentia, quando criança, ao ler apenas contos de fadas em que as personagens eram iguais: brancas, de olhos azuis e viviam no frio. Sendo ela negra e morando em uma região muito quente.

Nesse sentido, faz-se necessário que a literatura, assim como os demais canais de comunicação, seja vasta e eclética. De modo a não apresentar sempre histórias com os mesmos padrões recorrentes!

Como fator de identificação da criança, a literatura infantil tem muito a contribuir para a construção de sua identidade. E no caso das crianças negras, é essencial que hajam cada vez mais personagens principais negros.

Além disso, a importância da representatividade na literatura não perpassa somente o tema da cultura afro, mas todas as demais. Como, por exemplo, a importância de se ter autoras mulheres, sendo que, há algumas décadas, a maioria dos autores eram homens.

Literatura infantil, representatividade e identidade negra

Luana e família. Arquivo pessoal.

Pensando nisso, nós conversamos com Luana Gabriela, graduada em Pedagogia, professora do Ensino Fundamental desde 2010 e mãe de dois pequenos.

Neste bate-papo, ela relatou como vê a questão da representatividade na literatura, a importância de as crianças se identificarem com os personagens e como isso tem mudado desde a sua época de infância até os dias de hoje.

Veja abaixo a entrevista especial com Luana sobre a consciência negra e as vozes negras na literatura!

Leiturinha: Como você vê a questão da representatividade negra na literatura infantil?

Luana: Confesso que conheço pouquíssima literatura em que há uma  representatividade de negros. Vejo que não há um interesse em comercializar literaturas em que há negros. A maioria das histórias que vejo são de superação ou inclusão. E as crianças querem ser o que tem poderes e não aquele que venceu/superou preconceito ou a vida consequente de um massacre histórico.

Leiturinha: No seu dia a dia em sala de aula, como você lida com essa questão?

Luana: Estou em um momento de percepção, valorização e conhecimento da minha negritude agora, aos 35 anos. Em sala de aula, as crianças são provocadas a conhecerem quem, quando e como nosso país, povo e cultura foram construídos, através de estudos, mas sempre sinto falta de literatura que conte essa história de forma crítica, divertida e que as crianças compreendam. Sinto falta de heróis negros com os quais todas as crianças (negras ou não) se identifiquem.

Leiturinha: Qual a importância de as crianças se identificarem com os personagens?

Luana: Quando eu era criança, eu queria ser a Mulher Maravilha. Nem brasileira ela é! Penso que uma literatura que coloque personagens negros e, indígenas em situações cotidianas ou em situações que sirvam de referências para toda e qualquer criança, seja extremamente importante para que as crianças se identifiquem com personagens que sejam verdadeiramente nossos. Brasileiros! E que, ainda, dialoguem com essas crianças.

Leiturinha: Em relação a esta questão da representatividade, você sente que houve alguma melhora de sua época de infância em relação ao que seus filhos têm acesso hoje em dia? Como você conversa com eles a respeito deste tema?

Luana: Acredito, sim, que a representatividade seja diferente hoje em dia. Se hoje os negros aparecem timidamente na literatura, na minha época era ainda mais escasso. Na verdade nem me lembro de nenhum que eu tivesse conhecido na infância. É muito fácil embranquecer a vida de um filho, inclusive na literatura. Acredite, há muitos negros que pensam que são brancos. Isso é sério! Fruto de uma história, vida, mídia…

Todo o tipo de recurso de embranquecimento, mesmo que em alguns segmentos isso não seja proposital. Com meus filhos, busco que eles saibam e tenham orgulho da nossa história, que se identifiquem como negros e vejam o quanto são lindos! Sempre que encontro, mantenho-os em contato com literatura que esteja relacionada à personagem, herói, história, pessoa… Negro!

Dicas da Leiturinha: vozes negras na literatura infantil

Então, pensando na importância da consciência negra, das vozes negras na literatura e na representatividade nos livros infantis, a Equipe de Curadoria da Leiturinha fez uma seleção especial! Confira abaixo algumas obras e coleções incríveis, que valorizam a consciência negra, a história e a cultura afro. E lembre-se: todas elas estão disponíveis na Loja Leiturinha! ✨

O Pequeno Príncipe Preto

O Pequeno Príncipe Preto

Em um minúsculo planeta, vive O Pequeno Príncipe Preto. 👑 Além dele, existe apenas uma árvore Baobá, sua única companheira. Quando chegam as ventanias, o menino viaja por diferentes planetas, espalhando o amor e a empatia. O texto é originalmente uma peça infantil que já rodou o país inteiro.

Agora, Rodrigo França traz essa delicada história no formato de conto, presenteando o jovem leitor com uma narrativa que fala da importância de valorizarmos quem somos e de onde viemos – além de nos mostrar a força de termos laços de carinho e afeto. Afinal, como diz o Pequeno Príncipe Preto, juntos e juntas todos ganhamos!

👉 Clique aqui para comprar o livro “O Pequeno Príncipe Preto” na Loja Leiturinha!

Heroínas Negras Brasileiras em 15 Cordéis

Heroínas Negras Brasileiras em 15 Cordéis

Desde 2012, a autora Jarid Arraes tem se dedicado a desvendar a história das mulheres negras que fizeram a História do Brasil. E não bastava conhecer essas histórias, era preciso torná-las acessíveis e fazer com que suas vozes fossem ouvidas.

Para isso, Jarid usou a linguagem poética tipicamente brasileira da literatura de cordel. E vendeu milhares de seus cordéis pelo Brasil, alertando para a importância da multiplicidade de vozes e oferecendo exemplos de diversidade para as mulheres atuais. No livro Heroínas Negras Brasileiras em 15 Cordéis, reunimos 15 dessas histórias, que ganharam uma nova versão da autora e a beleza das ilustrações de Gabriela Pires.

👉 Clique aqui para levar o livro “Heroínas Negras Brasileiras em 15 Cordéis” da Loja Leiturinha para sua casa!

Você gostou das dicas da Leiturinha sobre vozes negras na literatura? Quer continuar lendo e vivendo as melhores histórias com as crianças? Então, chegou a hora de conhecer o Clube Leiturinha: o maior clube de livros infantis do Brasil! Acesse o site, escolha o plano ideal para sua família e receba todo o mês o livro ideal para seu pequeno, na sua casa! 📚❤️

Sarah Helena

Mãe de Cecília e de Olívia, psicóloga, escritora, especialista em filosofia e mestre em educação profissional e tecnológica. Sempre trabalhou com famílias, especialmente com os pequenos. Por esse amor ao universo afetivo infantil, hoje, na Leiturinha, integra o time de Curadoria e colabora fortalecendo o vínculo das famílias leitoras através da experiência da literatura.

    Acompanhe nossas redes sociais