Já ouviu falar no método montessori? E o que acha de um ambiente todo planejado sob a perspectiva dos pequenos? Existem formas ótimas de organizar o quarto e o cantinho da leitura inspiradas nas teorias de Montessori! Esta é exatamente a história da mamãe e arquiteta Catharine que divide sua experiência na Folha Vitória. Compartilhamos suas dicas aqui para inspirar mais famílias na preparação de um cantinho bem aconchegante para os pequenos. Boa Leiturinha! 😉
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‘Como toda arquiteta, logo que descobri a gravidez da Elis, me veio à cabeça o quarto!
Cor: se for menina, todo rosa, nunca! Se for menino, todo azul, jamais! Queria ser uma mãe descolada e não me prender a esses estereótipos. Sempre tive tendência a procurar outras alternativas para as coisas, pois elas estão aí nesse mundo amplo e diverso.
Pesquisas, inspirações, possibilidades e muita vontade de botar a mão na massa! Como moramos num apartamento alugado, não queria nada que tivesse alto custo ou que fosse muito fixo. Apenas cômoda e cabideiro, ao invés de um armário embutido; prateleiras; cama auxiliar; adesivos, almofadas e móbile no estilo “faça você mesmo”, poltrona de amamentar e, lógico, um berço. Tudo muito lindo, moderno e funcional… Para mim.
Confesso que por pensar muito nas dificuldades e adaptações dos primeiros meses, foquei principalmente em criar um espaço de acordo com o meu ponto de vista e isso deu bastante certo nos primeiros meses da maternidade.
Com Elis já ameaçando dar seus primeiros passinhos, a observei se esforçando sem sucesso, ao tentar pegar os livrinhos das prateleiras e me dei conta de que eles estavam na altura errada – era a altura que tinha pensado para o meu mundo, não o dela.
Outro fator importante que me fez enxergar que o quarto já não estava mais adaptado ao seu mundo foi quando percebemos que ela se movimentava demais enquanto dormia. Batia com força nas barreiras do berço e acordava com muita frequência.
Inspirados pelo método Montessori, a colocamos para dormir num colchão grande e baixinho no chão, com proteções nas laterais para que ela não se machucasse. Foi a descoberta da pólvora para a gente! As noites ficaram muito mais tranquilas, ela começou a ser mais ativa dentro do cômodo, a interagir mais com o ambiente e com seus brinquedos e até a pedir para deitar na caminha com a gente ao lado.
Com o tempo e com a vivência tão intensa da maternidade, juntando o fato de que já estava começando a sentir falta de voltar a produzir, retomei as minhas pesquisas e, conhecendo mais de perto alguns métodos alternativos de ensino e como eles possuem seu conceito de forma intimamente atrelada à arquitetura, me apaixonei profundamente pelo assunto e todo o amor que sempre tive guardado em mim por projetar espaços significativos e que contribuíssem com a formação infantil, voltou a aflorar, agora com mais força e desejo de novas perspectivas.
“Acredito que a maior e melhor relação nossa com o entorno urbano é premissa para se produzir espaços públicos melhores no futuro.”
Passei a maior parte da minha vida como arquiteta trabalhando com projetos escolares, mas foi com a maternidade que comecei a enxergar mais profundamente e a ter maior interesse pela relevância da relação entre o comportamento infantil e o espaço projetado. E isso vai além das quatro paredes do quarto e da brinquedoteca ou do prédio escolar. Isso pode e deve avançar pela nossa rua, nosso bairro, nossa cidade.
“Minha formação é em arquitetura e urbanismo e esse último sempre teve um lugar cativo em meu coração e nos meus estudos.”
Minha formação é em arquitetura e urbanismo e esse último sempre teve um lugar cativo em meu coração e nos meus estudos. Parece estranho agora relacionar o mundo infantil com a cidade, mas isso é totalmente possível e desejável.
Acredito que a maior e melhor relação nossa com o entorno urbano é premissa para se produzir espaços públicos melhores no futuro. Já é provado que crianças que crescem e se desenvolvem tendo contato com a natureza, serão adultos mais predispostos a valorizá-la e preservá-la e isso pode muito bem se enquadrar às nossas cidades.
“Elas (as crianças) são o nosso futuro e é importante que pensemos em cuidar delas…”
Quem sabe nossas crianças, tendo maior contato com o verde e com os espaços públicos (e não falo da área de lazer do nosso condomínio), não serão adultos que produzirão espaços de convívio mais saudáveis e acessíveis a todos?
A acessibilidade, como a utilizamos com maior frequência, trata de pessoas com deficiência e idosos primordialmente, mas por que não também de crianças? Elas são o nosso futuro e é importante que pensemos em cuidar delas e dar a elas voz: espaços de liberdade criativa e de movimento corporal com segurança.
Vamos conversar mais sobre isso? Ótima semana!
Catharine’