O autismo tem cura?

fev 3, 2016 | 10+ anos, 4 - 6 anos, 7 - 10 anos, Criança

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Coluninha | Por Luciana Mendina

Há treze anos, quando meu filho foi diagnosticado com autismo, não havia muitas informações disponíveis sobre esse transtorno. E as que existiam, não eram otimistas. Havia quase um consenso de que o autismo era incurável. Hoje, a situação é bem diferente.

Bernardo foi diagnosticado com autismo quando tinha um ano e onze meses, o que é considerado diagnóstico precoce (até os três anos), sendo que a maioria dos autistas no Brasil, infelizmente, recebe o diagnóstico bem mais tarde. É fundamental levarmos em consideração que o diagnóstico precoce pode ser o diferencial, assim como o tratamento médico e a inclusão social.

Há várias razões para esse diagnóstico tardio, mas uma das mais difíceis de se combater é o preconceito. Preconceito dos pais, dos familiares, da sociedade. Ter um filho com autismo soa como uma sentença. Uma sentença de morte em vida. Os pais ficam atordoados, desesperados, revoltados. Por que o meu filho?

Ao receber o diagnóstico de autismo do meu filho, eu passei por todas essas fases. Primeiro, tentei convencer o neuropediatra de que ele estava errado, citando ações, atitudes e feitos do Bernardo, como se ainda fosse possível modificar o diagnóstico.

Achei que o mundo se fecharia para o meu filho, que ele seria rejeitado a partir daquele momento. Achei que só eu poderia aceitá-lo e amá-lo do jeito que ele era. O diagnóstico martelava em minha cabeça. Só pensava no que significava ter um filho com autismo, o que o futuro reservava para ele e para a minha família – sua irmã, Maria Júlia, e meu marido, Hector.

Que futuro o Bernardo teria? Eu não sabia nada sobre o autismo. Só o que via na televisão. Mas de uma coisa eu tinha certeza: queria ver de volta o sorriso no rosto do meu filho. Bernardo não sorria mais, não parecia feliz, não parecia estar vivo. Estava distante de tudo e de todos. Era muito angustiante. Eu só queria que ele fosse feliz, que brincasse, que tivesse prazer na vida.

O meu desespero era tamanho que passei alguns dias chorando, tentando entender de quem era a culpa. Agora sei que não há culpados e que procurar culpados, além de ser inútil, pode afastar as pessoas de quem você mais precisa, como sua família e seu marido.

Apesar de devastada com a notícia, eu não neguei o diagnóstico. Negar o diagnóstico é perder tempo precioso. Tempo que não volta mais.  Muitos pais tentam se convencer de que os sintomas do autismo passarão com o tempo – e sozinhos – sem qualquer intervenção médica, o que só prejudica ainda mais a criança, que deixa de ter tratamento adequado.

Sim! O autismo pode ter cura. Foi isso que aprendi ao longo desses treze anos. Meu filho está curado. Graças ao diagnóstico precoce, ao tratamento psicanalítico e à inclusão social, Bernardo, hoje com 15 anos, estuda em um colégio particular regular, faz judô (ganhou uma medalha de prata e outra de ouro), tirou várias notas 10 em seu último boletim, adora Ciências e pretende ser biólogo.

Embora haja graus para o autismo, o que chamamos de Espectro Autista, e seja bem mais difícil conseguir melhoras nos casos severos, não sabemos ainda até onde eles chegariam caso o diagnóstico fosse precoce, caso os pais procurassem tratamento o quanto antes para seus filhos e caso essas crianças tivessem acesso a colégios regulares, convivendo lado a lado com outras crianças, trocando experiências e participando de brincadeiras próprias de suas idades. Mas de uma coisa tenho certeza: enquanto não tivermos o diagnóstico precoce, não teremos essa resposta!


Luciana Mendina é jornalista e autora do livro “O autismo tem cura?”, publicado pela Editora Langage.

Luciana Mendina

Jornalista e autora do livro "O autismo tem cura?". *Luciana é escritora e foi convidada pelo Blog Leiturinha para compartilhar sua opinião com as nossas famílias leitoras.

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