Um passeio pelas histórias em quadrinhos

maio 31, 2023 | Dicas, Leiturinha, Literatura

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Quem aí  já pegou histórias em quadrinhos (HQs) e “maratonou” da primeira à última página numa sentada só? Pois é, a prática é quase irresistível. 😊

No meu caso, seria mais fácil contar quantas histórias em quadrinhos eu não li dessa maneira, de uma só vez. 

O mais comum de acontecer era, devido a algum evento catastrófico (hora do almoço, hora de ir para a escola, hora de ir para o banho, horas essas…) ser impedido de terminar até a última história.

ZZZzzzzzzzz

Faz pouco tempo aconteceu comigo um evento catastrófico assim. Era noite, a lua lá fora brilhava no alto, tudo parecia normal. Peguei a HQ “A Lenda de Korra” e após ler algumas páginas todo empolgado, bom… eu dormi. A história é ótima, mas eu realmente estava com sono. Acontece… No dia seguinte, aí sim, li tudinho até o fim. 

Lembro também de que muita gente, na qual me incluo, tinha o hábito de abrir o jornal do fim de semana e ir na página cheia de tirinhas de diversos personagens. Era um bom jeito de se informar sobre as notícias do mundo e de como o gato Garfield adorava lasanha.

Fato é que os gibis, como ainda gosto de chamar (que são a mesma coisa que histórias em quadrinhos) e as tirinhas estão presentes na cultura brasileira mais do que muita gente possa imaginar. 

Primeiro contato: a importância das histórias em quadrinhos no incentivo à leitura e a muitos universos

Os gibis da “Turma da Mônica” foram uns dos meus primeiríssimos encontros com o universo da leitura. Mas não só. Da leitura, da ilustração, das artes gráficas, do humor, de referências pop, da empatia, da imaginação e da diversidade. 

Não me recordo de algum amigo da época que não gostasse dos gibis. A gente emprestava um para o outro, lia junto, depois comentava as histórias que mais gostávamos, era uma farra. A gente nem sabia, mas os gibis promoviam a nossa socialização! 

E mesmo saindo da minha bolha, a presença da “Turma da Mônica” na vida do brasileiro é notável (e de outras HQs de forma geral). Seja nas pinturas de muros de escolas, publicações, teatros, filmes, desenhos, nas roupas e acessórios do pessoal e com a grande torcida que surgiu nas redes sociais pela candidatura do quadrinista Mauricio de Sousa para a vaga na ABL (Academia Brasileira de Letras). Um baita indicativo de reconhecimento e carinho.

Torcida da turma na internet

Por algumas semanas, foi possível acompanhar parte dos comentários de pessoas relatando como foram alfabetizadas ou tomaram gosto pela leitura com a  “Turma da Mônica”. Os gibis da Mônica, todavia, não foram os únicos, claro. Personagens de outras histórias em quadrinhos também desempenharam importantes papéis e auxiliaram na  reflexão de muitos temas com certeza, como pode ter sido com Snoopy e Charlie Brown. 

Por algum tempo, é verdade (e mesmo artigos acadêmicos confirmam), os quadrinhos foram rejeitados por parte dos educadores. Felizmente, isso passou e as escolas compreenderam o incrível potencial no processo de aprendizado. Tanto que é bem comum encontrarmos no material escolar alguma tirinha ou passagem de quadrinho para interpretar. Recentemente até apareceu a tirinha “Malvados”, de André Dahmer, no vestibular.  

Vale mencionar também que clássicos da literatura, como Machado de Assis, tiveram algumas de suas obras adaptadas para as HQs, o que reforça mais uma vez o interesse e benefícios desta linguagem. 

No fim das contas, Mauricio de Sousa não foi eleito, e tudo certo. A candidatura e torcida uniu todo o universo das HQs, e serviram para mostrar como os quadrinhos são importantes na formação, cultura e lazer, na infância e na vida adulta da sociedade brasileira.

Uma galeria de personagens famosos 

Além de “Turma da Mônica”, os brasileiros “Turma do Pererê”, criado por Ziraldo,  e também “O Menino Maluquinho” movimentaram as páginas de histórias em quadrinhos. Ah, e tinha a preciosidade “As Aventuras do Pequeno Ninja”. Alguém aí lembra?

Sem ordem cronológica, apenas um registro, cito aqui ainda a popularidade dos quadrinhos de heróis da Marvel e D.C. principalmente, que, como a maioria sabe, se reinventou no cinema e virou um estrondoso sucesso.

Também destaco “As Aventuras de Tintim”, “Asterix e Obelix”, “Tio Patinhas e Pato Donald”, além das inúmeras tirinhas de “Armandinho”, “A Turma do Charlie Brown”, “Garfield”, “Hagar, o Horrível”, “Recruta Zero”, “Mafalda” e, a minha favorita, “Calvin e Haroldo”. Além das já clássicas “Maus”e “Persépolis”. Tem muita coisa boa.

Ler as camadas das histórias em quadrinhos

O incrível dos quadrinhos são suas muitas camadas de leitura. Quem ainda não compreende as palavras, pode ler somente as imagens e, cena a cena, ter uma ideia do que aconteceu ali. 

E, para além dos diálogos e narrativas, o leitor já letrado aprende a diferenciar os balões de fala e de pensamento, as onomatopeias e as metáforas visuais, como a lâmpada acesa e quando se tem uma ideia, ou estrelas e redemoinhos quando alguém se machuca.

A ideia de “maratonar” o gibi, como mencionado no começo deste texto, é um indicativo que a concentração está sendo bem trabalhada, assim como o crescente interesse e desenvolvimento pela leitura e pelas narrativas como um todo.

E, vale sempre lembrar, a linguagem dos quadrinhos pode ser uma nova forma de expressão das crianças. Seja para buscar explicar os próprios sentimentos, um acontecimento na escola ou simplesmente uma forma de brincar, o que é tão importante quanto as demais.

Do mesmo modo, as famílias e educadores podem fazer bom uso das centenas de quadrinhos já existentes ou mesmo criarem juntos para dar mais um suporte a determinado assunto.

Talentos e novidades nas histórias em quadrinhos

A importância dos quadrinhos na minha vida e no meu percurso como escritor são enormes. Bom, eu comecei minha trajetória de leitor com as histórias em quadrinhos, como acho que já disse, mas vou me repetir porque estou emocionado, até começar a ler os livros que exigissem mais fôlego.

Inclusive, o original Leiturinha “Alguém viu o meu chapéu?” tem forte influência dos quadrinhos, como dá para perceber por toda oralidade em cena, os enquadramentos, recortes e, sim, as onomatopeias (adoro!)

De vez em quando gosto de espiar e conferir as novidades. Muita coisa mudou, e me parece que para melhor. Além de cada vez mais ser reconhecido como forma de arte, como cultura, uma galera muito boa tem produzido histórias de qualidade para todos os públicos, infantil, adolescente ou adulto, caso de Marcelo D’ Salete, Fábio Moon e Gabriel Bá, Bianca Pinheiro e muitos mais. Sorte a nossa! 

Também li na biblioteca o quadrinho da “Hilda” (após assistir à série no Netflix) e recebi pelo Clube Leiturinha o francês “Imbatível”… . Divertidíssimo!

Seja para utilizar na escola como ferramenta complementar na alfabetização, como suporte para aprender outro idioma, conversar sobre sentimentos e atitudes, refletir a respeito de algum tema como guerras, poluição ou família, ou pelo simples prazer de se entregar a uma história, os quadrinhos são um universo maravilhoso, que caso você não tenha dado muita bola, vale dar uma chance.

Que tal brincar também?

E aí, inspirados? Que tal então criar uma tirinha aí na casa de vocês com as crianças? Peguem papel e caneta e desenhem uma tirinha com três ou quatro quadrinhos. Vocês podem desenhar a Bebel ou alguém mais da turma, vocês podem desenhar a si mesmos em situações engraçadas ou também inventar, é claro, os seus personagens e ver no que dá! Aproveitem! 

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Marcelo Jucá

Autor, jornalista e doutorando em literatura. Participa de projetos especiais da Leiturinha e publicou os Originais Leiturinha "Alguém viu o meu chapéu?" e "Eu sou Assim, Assim é Você". Nesta coluna, escreve sobre cultura, infâncias e sociedade, sempre no intuito de provocar curiosidade, reflexões (quem sabe algumas risadas) e novas histórias.

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