O que você quer ser quando crescer? Todos nós já ouvimos essa pergunta por diversas vezes durante nossa infância. E, por alguma razão, costumamos repeti-la para nossos pequenos, não é verdade? Em um mundo em que o equilíbrio profissional e pessoal está cada vez mais frágil, uma boa leitura pode nos ajudar a repensar essa relação. Neste livro enviado pela Leiturinha em outubro, a afirmação inicial da pequena Sofia é de tirar o fôlego: “quando crescer, quero ser inútil”.
É assim que começa o livro “A Praia dos Inúteis”, reconhecido com o selo White Ravens 2020. Isto é, selecionado como uma das 200 obras a fazer parte do catálogo anual da Biblioteca Internacional da Juventude, em Munique, Alemanha. As reflexões dessa pequena vão te fazer repensar alguns dos nossos hábitos de adultos. Venha descobrir porque esse livro é essencial na biblioteca da sua família!
Sociedade dos adultos cansados
Byung-chul Han, filósofo e escritor reconhecido, afirma que nós vivemos em uma sociedade do cansaço. Somos constantemente guiados por um excesso de atividades e por uma busca “incansável” pela produtividade. Quem de nós nunca se viu fazendo incontáveis tarefas ao mesmo tempo? Principalmente no trabalho, pensamos que mais é sempre melhor. Mais horas por semana. Mais reuniões no dia. Mais atividades por hora. O que parece ser positivo para nosso sucesso, na realidade acaba nos levando ao que Han chama de “infarto da alma”, ou seja, a ausência de um equilíbrio profissional e pessoal.
Na obra enviada pela Leiturinha, essa realidade é retratada pela figura do pai de Sofia, que se vê preso em um ciclo de viver para trabalhar e trabalhar para viver, conhecendo de perto apenas a exaustão. E se você realizou alguma conexão com a Síndrome de Burnout, acertou em cheio! A diferença está em que essa síndrome é apenas o ponto alto de algo que cultivamos todo dia: o cansaço! Ao invés de nos levar a escalar novos degraus de realização, a falta de equilíbrio em nosso tempo e atividades nos leva a uma bela queda da escada.
O cenário é tão sério que estão sendo criadas instituições que alertem a nós – sociedade dos adultos cansados – sobre a gravidade dos problemas originados de uma dinâmica exaustiva. É o caso do Instituto Nacional do Sono, nos Estados Unidos. Essa e outras instituições buscam promover a conscientização de que descansar é preciso. E não, você não precisa se sentir culpada ou culpado por isso.
Por que fazemos o que fazemos?
A leitura de “A Praia dos Inúteis” desperta outras ponderações marcantes. No livro, a menina, que ama aproveitar os fins de tarde com seus amigos na praia, conhece uma adulta um tanto inusitada. Essa criança crescida (afinal, o que somos nós senão crianças que cresceram?) não deixou de lado sua paixão pela vida. Bióloga marinha, ela aparece em cena estudando as estrelas do mar. Sofia questiona o porquê de ela fazer isso. Ao que se segue a resposta: “porque gosto. E quanto mais aprendo sobre elas [estrelas do mar], mais gosto”. A menina se encanta com essa afirmação.
A verdade é que ela convive com muitos adultos que nem sequer sabem porque fazem o que fazem. Seu pai, por exemplo, vive trancado em seu escritório em casa, trabalhando sem parar. Mas por que ela nunca vê um sorriso seu? Talvez seja porque ele pensa fazer o que precisa. Mas, em alguma parte do caminho, se esqueceu de fazer o que realmente gosta.
Uma voz infantil: o que precisamos!
Sofia, personagem central do livro “A Praia dos Inúteis”, representa a voz que precisamos ouvir. A voz das crianças! Sim. Os pequenos, com o frescor da admiração pela vida e pelo mundo, têm muito a nos ensinar. Pressionada por um pai preocupado em ensiná-la a necessidade de “ganhar a vida”, a menina se questiona: o que, afinal, é ganhar a vida? Sua reflexão é impactante. Ela conclui que a vida já lhe foi dada – por seus próprios pais. Não precisamos lutar uma exaustiva batalha para ganhá-la. A vida já nos foi dada. Mas precisamos vivê-la, buscando um equilíbrio profissional e pessoal.
Que tal começar hoje mesmo?
Leia com sua criança. Explorem brincadeiras em casa. Aproveite o tempo com família e amigos. E também – por que não? – tenha um tempo só seu. Talvez para descobrir ou redescobrir um hobby. Para reencontrar seu propósito. Ou talvez apenas um momento para contemplar e respirar. Viver.
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