Quem já se sentiu deslocado ou já quis tanto pertencer a um lugar que custou a perceber quem era de verdade? Nossa necessidade de pertencer a algum grupo, de ser aceito pelo outro, é tão grande que, muitas vezes, deixamos de lado nossos valores, costumes e quem realmente somos.
A segunda infância e a socialização – ou – a arte de se socializar
Quando crianças, especialmente na fase de intensa socialização, a partir dos 6 ou 7 anos de idade, este sentimento é ainda maior, já que é o momento de saída do egocentrismo, construção da identidade e de autoafirmação dos pequenos no mundo.
Por outro lado, é fácil entender quando uma pessoa ou um grupo não aceita um membro por ser diferente. A novidade sempre exige um grau de coragem para enfrentar a saída da zona de conforto. Quando um grupo está prestes a aceitar um novo membro, está também aberto às novas possibilidades que este novo membro traz consigo.
“As diferenças são dons, é preciso aprender a tirar proveito delas”
Como diria o sábio Pelicano, no livro As Asas do Crocodilo, de Gilles Eduar, : As diferenças são dons, é preciso aprender a tirar proveito delas. O que seria da humanidade se não fossem as diferenças entre nós? Apresentar aos pequenos este fato pode ser um caminho para ensinar-lhes um pouco sobre respeito, empatia e a importância de acolher e ser acolhido.
Pertencer significa “ser de” ou “ser parte de”. É impossível fazer parte da vida de alguém sem deixar-se influenciar minimamente por este alguém. Esta troca de experiência é enriquecedora e nos permite ver além do nosso umbigo, mas há um limite entre esta troca natural e ao “se submeter” ao outro que é bem tênue – é preciso sempre estarmos atentos a isso.
Na literatura, são muitos os títulos que falam sobre este tema, sobre as diferenças que todos temos, sobre os sentimentos envolvidos nesta busca pela aceitação e pelo pertencimento. São muitos também os que apresentam uma visão muito claramente “educativa” sobre o tema. Dependendo do que se pretende com eles, todos são sempre muito bem vindos, mas especialmente aqueles que dialogam com sentimentos reais dos pequenos são os mais indicados para tratar sobre o assunto.
As Asas do Crocodilo: Um livro sobre a beleza de ser quem se é
A Leiturinha enviou para seus Leitores em Processo o livro de Gilles Eduar: As Asas do Crocodilo, da Editora WMF Martins Fontes. A obra já foi vendida na França, nos Estados Unidos e na Coréia, e aqui no Brasil foi esgotada. Agora, enviado como Lançamento Exclusivo Leiturinha, o livro ganhou uma nova roupagem e novos contornos, em comemoração aos 25 anos de publicação!
Crocodilo ou dragão? Eis a questão!
Cuspir fogo e ter anteninhas na cabeça, às vezes, são as únicas características que diferem um dragão e um crocodilo… Este é o caso de Jucazecaju, personagem principal de As Asas do Crocodilo. Juca, para os mais íntimos, era um dragão muito regular: tinha asas, soltava fogo e, quando dormia produzia fumacinha pelo nariz. Tudo muito normal para um dragão, não é? Acontece que nem ele mesmo sabia que era um dragão e, inicialmente, acreditava apenas ser um crocodilo diferente.
Até que um dia, sua verdadeira essência aflorou e seus amigos crocodilos, sem entenderem nada, saíram correndo de medo do fogo que saiu de Juca, por causa de um espirro! Tudo muda quando ele conhece um sábio Pelicano, que o ensina a lidar com suas características, aceitando-as e, depois, tirando proveito delas! Ao retornar ao bando de crocodilos, Juca era um dragão cheio de orgulho e deu uma verdadeira lição de respeito e empatia aos demais colegas, usando suas asas e seu fogo para salvá-los de perigosos caçadores.
Assim, fica a sensação, ao final deste divertido livro, de que sair de sua zona de conforto, abrir-se para o outro, não precisa ser assim tão difícil e, por mais que seja, vale muito à pena no final!
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