Nós já conversamos sobre o que é a compulsão alimentar infantil e o que se esconde por trás desse comportamento, não é mesmo? Agora, é hora de falar um pouco mais sobre como ajudar as crianças com compulsão alimentar. Confira a seguir dicas e estratégias para auxiliar os pequenos e pequenas nesse momento!
A compulsão alimentar infantil no centro das discussões
A compulsão alimentar infantil é um transtorno que atinge crianças e adolescentes, caracterizado por episódios constantes de consumo excessivo de alimentos. Esse comportamento, que pode ter diversas origens, preocupa familiares e cuidadores. E tem sido apontado como um dos problemas mais sérios do contexto em que vivemos.
Afinal, devido ao isolamento social, muitos pequenos e pequenas deixaram de participar de atividades escolares e de conviver com outras crianças. Tudo isso, somado ao excesso de exposição às telas, têm gerado situações bastante complicadas, e as crianças cada vez mais têm apresentado comportamentos alimentares prejudiciais para sua saúde.
De fato, a compulsão alimentar em crianças já era uma problemática no mundo todo. E, em associação à obesidade infantil, esse transtorno forma um ciclo complexo de se solucionar. Isso porque a compulsão alimentar pode agravar a obesidade. Já a imposição de dietas restritivas, na tentativa de intervir no quadro, agrava, por sua vez, a própria compulsão. Por isso, quanto mais se impõe restrições alimentares às criança, sem um trabalho multiprofissional de base, maior é a vontade dos pequenos de comer em grandes quantidades, especialmente os alimentos restritos.
Nesse sentido, fica claro que a imposição de dietas restritivas, tão utilizadas para a perda de peso sem que o comportamento alimentar seja devidamente considerado e estudado, favorece o aparecimento de transtornos alimentares. E em todas as faixas etárias. Por isso, quando falamos de infância, devido à falta de autonomia alimentar característica da idade, toda a rede de cuidado ligada à criança deve ser sensibilizada.
Como ajudar as crianças com compulsão alimentar?
De forma geral, é preciso primeiro compreender quais motivos levam determinada criança ao comer compulsivo. Depois, é possível apoiá-la de diversas formas. Acompanhe!
Procure ajuda profissional
O primeiro passo é buscar ajuda multiprofissional. É importante iniciar um acompanhamento psicológico, de preferência com um profissional experiente em lidar com crianças com transtornos alimentares. Além disso, é fundamental o acompanhamento nutricional com um nutricionista comprometido com o estudo do comportamento alimentar humano. E quando esses dois profissionais possuem facilidade de comunicação entre si, a criança se beneficia ainda mais.
Por isso, consultas periódicas com psicólogo e nutricionista e, se necessário, com médico psiquiatra, auxiliarão a criança e seus responsáveis no estabelecimento de uma relação saudável com os alimentos. E, consequentemente, de uma rotina alimentar de toda a família.
Esteja atento às mensagens que passamos para as crianças
Vale lembrar que é essencial que os familiares mais próximos também reavaliem o relacionamento com seu próprio corpo e seus hábitos alimentares, pois ambos interferem de forma muito direta no comportamento alimentar infantil. Pais que vivem fazendo dieta, que verbalizam insatisfações frente ao seu peso com frequência, que aferem o peso diariamente (às vezes, até mais de uma vez por dia), por exemplo, tendem a transferir os distúrbios de autoimagem para os filhos.
Ou seja, quando os pais e responsáveis têm eles mesmos problemas com seu corpo e seu peso, tendem a demonstrar isso às crianças. E elas, por sua vez, passam a apresentar tendências a distorcer sua autoimagem também.
Infelizmente, devido às pressões estéticas ainda impostas pela sociedade, é mais comum que as mulheres apresentem os comportamentos descritos acima. E que as meninas absorvam as informações de forma distorcida também. No entanto, não há regra e é preciso bastante atenção em todos os contextos.
Estabeleça uma rotina alimentar
O estabelecimento de uma rotina para a realização das refeições, incluindo os lanches, auxilia a criança. Sobretudo, em relação à ansiedade para se alimentar. A princípio, é necessário um olhar de muita empatia e paciência com a criança que enfrenta esse transtorno. Por isso, rotinas muitos rígidas também não funcionam.
Nesse sentido, cada família deverá encontrar sua própria dinâmica e fixar regras negociáveis para o consumo de alguns alimentos, por exemplo. Para isso, os pais e cuidadores devem ter muito claros os conceitos de uma alimentação saudável. E, com a ajuda do(a) nutricionista, deverão adotar as modificações necessárias para que a criança não se sinta sozinha no processo.
Em outras palavras, todos os envolvidos no cuidado infantil precisam estar comprometidos com uma alimentação de qualidade. Ter frutas disponíveis, em locais de fácil acesso pela criança, pode ser uma mudança simples. Mas que traz resultados significativos na maioria dos casos!
Evite julgar as crianças
É fundamental evitar os julgamentos. A criança compulsiva já está lidando com um problema bastante complexo, que pode ter sido desencadeado por uma intensa sensação de vazio. Portanto, é preciso ajudar a criança a entender esse contexto, dentro de suas possibilidades e limitações de idade.
Assim, fazer comentários depreciativos agravarão ainda mais a insatisfação infantil frente à comida. E a criança possivelmente reagirá com novos episódios de compulsão. Ou seja, a culpabilização da criança é absolutamente insuficiente e prejudicial.
Acompanhe de perto todo o tratamento
Durante o tratamento da compulsão alimentar infantil, os profissionais envolvidos pedirão aos pais e responsáveis que observem algumas questões. É o caso da agilidade da criança ao se alimentar, por exemplo. Ou da presença de agitação e/ou irritação antes de começar a comer. Também é preciso estar atento à demonstração de satisfação ao terminar uma refeição, à ansiedade ou à falta de paciência para comer, fazendo com que a criança leve alimentos muito quentes à boca.
Dessa forma, os cuidadores deverão assistir de perto todo o tratamento, atentando para os progressos e retrocessos que fazem parte do caminho. E esse acompanhamento próximo fará toda a diferença. Afinal, cuidar dos hábitos alimentares dos pequenos e pequenas também é um ato de amor. Significa proteger as crianças e zelar pelo seu futuro.
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