Literatura e Criatividade por que essa conexão é tão poderosaLiteratura e Criatividade por que essa conexão é tão poderosa

Literatura e Criatividade: por que essa conexão é tão poderosa?

Cultivado desde a infância, por meio das leituras, do lúdico e das brincadeiras, o exercício à criatividade garante o desenvolvimento de habilidades emocionais e cognitivas que irão servir para tudo na vida. É a partir daí que entramos no domínio da arte. A arte começa quando trabalhamos conscientemente a imaginação de forma estética para criar imagens, textos e objetos. É dessa maneira que funciona a criação em literatura, que os livros ilustrados despertam e estimulam a favor da criatividade.

Literatura e criatividade

Lâmpadas, talheres, sapatos… e livros: tudo é design!
Para a literatura ser tantas coisas assim, existe um objeto artístico que materializa a possibilidade da experiência. Este objeto é justamente o livro.

Livros podem ser impressos ou digitais, mas aqui vamos falar dos impressos. O interessante do objeto livro é que, antes mesmo de ser o nosso “dispositivo encantador de contação de histórias” ou um “objeto narrativo”, como eu chamo, livros são projetados para uso funcional, assim como lâmpadas, talheres ou sapatos. Descobrimos, então, que se trata de um produto de design: um objeto que alia estética à função. Segundo o grande comunicólogo e escritor italiano Umberto Eco, o livro tem um design perfeito, simples e completo, até hoje insuperável.
Por isso, percorrendo a história secular desse objeto tão famoso chamado livro, conseguimos acompanhar a evolução da linguagem, da arte e das técnicas — desde os pré-livros, antes da invenção da reprodução da escrita com os tipos móveis da Bíblia de Gutemberg, até as versões digitais dos e-books. O livro é um artefato, do latim arte factus – “objeto feito com arte” – que quer dizer um objeto feito com artifício, ou seja, fruto das habilidades humanas para inventar, criar e construir. Como a invenção da roda; ou do arco, na arquitetura, o que hoje chamamos design.

O legado do livro

Se é verdade que a humanidade não sobrevive sem histórias, como de novo afirma o nosso amigo Eco (autor de “O nome da rosa”), podemos dizer que a existência do objeto livro corresponde ao nosso melhor ancestral — testemunhando a capacidade de pôr em prática inteligência e engenho para levar adiante o legado de um imenso patrimônio. Como diz o ditado, uma pessoa estaria completa quando plantasse uma árvore, gerasse e cuidasse de um filho e escrevesse um livro.
Então, quando tiver um livro em mãos, lembre-se de que está com um dos mais antigos e, ao mesmo tempo, inovadores objetos que já foram criados, e que contribui para a transmissão de histórias e conhecimento, desde a era dos manuscritos!

Toda vez que a criança do seu lado lê, ou finge que lê, virando o livro de ponta cabeça e transformando o que está registrado no livro em uma língua imaginária, ela atualiza o gesto milenar dos antepassados e vocês revivem juntos essa experiência incrível, sempre única, repetível, mas nunca igual. Imagine só: tudo isso a partir de um simples livro que tem a vantagem de nem precisar recarregar…

Histórias precisam ser lidas

Lembra da nossa história sobre a criança entrando na galeria de arte fantástica que falamos aqui? Podemos retomar e dizer que a cada leitor que aceitasse o desafio de adentrá-la, corresponderia a um roteiro narrativo diferente e teríamos aqui muita diversidade de histórias incríveis. Mas, mesmo que escolhêssemos um roteiro comum a partir do qual trabalhar, as criações também resultariam diferentes. Imagine, então, transformar a sua história em um livro: conforme já vimos, é nessa hora que a narrativa toma corpo e ganha vida. Quando uma história pode ser lida, por poucos ou por muitos, ela cumpre o seu primeiro ciclo criativo, com potencialidade para gerar outras histórias.

Mini-laboratório de criação

Se você fosse contar uma história a partir da cena da surpresa de uma criança entrando na galeria, qual seria o enredo e o estilo da escrita? E sobre a voz do narrador, a história seria contada por quem? Haveria diálogos? Agora, vamos ao design. Se você fosse fazer um livro, como traduziria o impacto da criança entrando em um universo “mágico”? Você tem o espaço para criar a narrativa no espaço das páginas: como comporia imagens? Que cores e tipografia escolheria para o seu projeto narrativo? Qual título daria ao livro e como seria a capa dele? De que forma o título apareceria nela, considerando o tamanho, desenho das letras, etc.? Aliás, o seu livro teria apenas texto, ou seria uma narrativa contada apenas por imagens?
Caso queira tentar na prática, você pode começar fazendo esboços livres e desenhar retângulos em miniatura em uma página em branco para simular as páginas do seu livro. Assim, você consegue planejar a sequência das páginas; pode fazer isso no papel ou no computador, mas, em geral sugiro começar no papel, desenhando ou colando, sem a mediação da máquina. Você pode fazer isso sozinho, com as crianças, amigos, alunos… com quem quiser!

Esse exercício é um bom pretexto para criar e aguçar ainda mais a curiosidade pelos livros. Boa sorte e vamos em frente!

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