As palavras LITERATURA e AMOR ganham juntas um sentido mais intenso hoje. A Flip, uma das maiores concentrações de sujeitos do universo literário do Brasil e fora dele é sempre inspiração por aqui. Neste ano não foi diferente. Representando a equipe de Curadoria da Leiturinha, Cynthia Spaggiari e Caroline Lara foram comigo até Paraty se alimentar de muito estudo e poesia. Confira um pouco do que vimos por lá:
A Festa Literária Internacional de Paraty
Um dos maiores eventos literários acontece todo ano na cidade de Paraty, no Rio de Janeiro, onde reúne artistas, escritores, profissionais do mercado editorial e amantes da literatura em uma manifestação cultural de apoio à diversidade e à expressão da arte.
A Flip promove o debate sobre temas a partir da literatura, do teatro, do cinema e das ciências sociais.
A cada edição do evento, a curadoria da Flip homenageia um autor brasileiro com a proposta de preservar e difundir a literatura do país. Entre os homenageados em edições passadas estão Vinicius de Moraes (2003), Clarice Lispector (2005), Carlos Drummond de Andrade (2012) e Ana Cristina Cesar (2016).
Em sua 15ª edição, a Flip 2017 homenageou o escritor brasileiro Lima Barreto, trazendo discussões sobre sua obra envolvendo entre outros convidados, Ricardo Aleixo, Lázaro Ramos, Pilar del Río e João José Reis.
A programação completa do que aconteceu no evento você pode conferir aqui.
O escritor homenageado Lima Barreto
A obra do escritor carioca Lima Barreto esteve em discussão entre os 5 dias duração da festa, entre 26 a 30 de julho de 2017. Seu livro mais popularmente conhecido, o Triste Fim de Policarpo Quaresma (1914) foi originalmente publicado pela primeira vez 3 anos antes deste formato, no folhetim do Jornal do Comércio.
Seus problemas com alcoolismo levaram-no a ser internado num hospício em 1914, para onde retornou pela 2ª vez em 1919, mantendo durante suas internações o continuo hábito de escrever.
O resgate e a valorização tardia de seus escritos possibilitou, postumamente, a publicação da maioria de suas obras carregadas de reflexões nos campos da literatura, da história e das ciências sociais.
“O olhar do Lima sobre a variedade de personagens brasileiros – seja nos subúrbios, seja nas regiões centrais – é determinado pela experiência do território onde viveu por quase toda a vida. Desse modo, sendo um grande autor, ele fez valer a máxima ‘Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia’, do Tolstói.”, afirma Mauro Munhoz, diretor-geral da Flip, no site oficial do evento.
Foi então, a partir da vida e obra de Lima Barreto que o tema da Flip 2017 se desenvolveu, trazendo força para a abordagem de um dos temas presentes em sua obra que é a questão do racismo. no seu contexto de vida: o Rio de Janeiro.
O depoimento emocionante de Diva Guimarães
Até quem estava no palco, foi espectador desse momento. Uma participação inusitada emocionou a todos com a sua história de vida, projetada na realidade de outros tantos brasileiros: Diva Guimarães, professora paranaense de 77 anos, negra, neta de avós que foram escravizados durante o Brasil colonial, relatou, em seu depoimento de 13 minutos, um pouco da sua realidade e da perseverança de sua mãe, que enfrentou muitas dificuldades e doou muito de si para que os filhos – inclusive Diva – tivessem a oportunidade de estudar.
Diva, que estava na plateia durante a mesa A pele que habito entre Joana Gorjão Henriques e Lázaro Ramos, se emocionou ao pedir o microfone e contar corajosamente sobre como a oportunidade, ainda que morosa, de estudar foi fundamental na sua vida; destacando o valor da educação paralela aos desafios de uma liberdade pós abolição da escravidão carregada de desigualdades e desamparo.
O depoimento de Diva Guimarães foi gravado e disponibilizado pelo canal da Flip, confira:
Illan Bremman e Lucia Hiratsuka: Um bate-papo com autores da literatura infantil
Ainda dentro da discussão em torno da literatura como forma de aproximar e dar voz às pessoas, houve espaço para os livros infantis!
Entre a programação do Sesc na Flip, aconteceu o Café Literário A infância de todas as idades com a participação dos escritores Lucia Hiratsuka e Illan Brenman contando sobre sua infância, as influências determinantes para a profissão e também sobre o processo criativo de alguns de seus livros.
Brenman, com seu discurso irreverente, contou que, durante sua infância introspectiva, criava seus próprios mundos, que deram origem às histórias que ele começou a contar e nunca mais parou.
Hiratsuka, neta de japoneses, carregou como inspiração para sua arte as influências de seus avós. Artista plástica, a autora e ilustradora Lucia Hiratsuka tem fortes referências japonesas nas suas obras para pequenos e pequenas aqui no Brasil.
A Flipinha
O espaço da Flip destinado às crianças no ano passado recebeu um espetáculo circense da Leiturinha. Neste ano ele contou com intervenções pela praça e uma tenda exclusiva para que os pequenos pudessem aproveitar seu próprio momento de leitura com diversas opções de livros e atividades.
Até logo, Paraty!
Já deu para sentir o cheirinho de livro novo no ar? São as novas seleções de livros cheias de inspiração que estes dias de Flip trouxeram para a Leiturinha. Sobre a minha experiência na Flip posso dizer que, além da inspiração, ficou uma vontade imensa de voltar e sentir na pele mais uma boa dose desse amor pela arte e pela literatura em mais dias de debate. Quem sabe a Leiturinha leve uma próxima atração especial para a festa do próximo ano?! 😉
Até a próxima!
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