Coluninha | por Lílian Kuhn.
Todos nós estamos sempre muito preocupados com a fala das crianças, certo? Mas, gostaria de lembrar que se o sistema auditivo não estiver em condições normais a fala não será (bem) desenvolvida. Você já pensou nisso? A nossa principal forma de comunicação é a linguagem oral, que só é possível de ser recebida se estivermos ouvirmos bem. Vamos saber mais sobre isso?
- A audição é um dos cinco sentidos fundamentais (visão, olfato, tato, paladar e audição) da espécie humana. Portanto, além de trazer o “material” para o desenvolvimento de linguagem oral, o sistema auditivo é corresponsável pelo nosso equilíbrio corporal.
- Diferentemente da visão e do paladar, nós utilizamos nossa audição desde antes do nascimento. Pesquisas recentes mostraram que, com 16 semanas de idade gestacional, os bebês já ouviram e reagiram aos ruídos de dentro e de fora da barriga de sua mãe. Bem como que, ao nascer, a criança é capaz de reconhecer e reagir (por ex: parar imediatamente de chorar) ao ouvir a voz de seus pais e familiares próximos.
- As perdas auditivas são mais comuns do que se pode imaginar. Em 2011, existiam aproximadamente 28 milhões (14,8%) de brasileiros com alteração de audição. E segundo a Organização Mundial de Saúde, a deficiência auditiva é o distúrbio mais frequente no período neonatal, afetando 20 em 10 mil crianças nascidas.
- Aceite e/ou exija o “Teste da Orelhinha”. A Triagem Auditiva Neonatal (como é conhecido popularmente o exame) é rápida, indolor e é obrigatória em todos os hospitais e maternidades do Brasil (Lei Federal 12.303/10).
- Assim como acontece a avaliação oftalmológica, sugere-se que seja feita a avaliação audiológica anualmente para acompanhamento das condições auditivas das crianças em idade escolar. E isso vale até mesmo para os pais que não desconfiem de nenhuma alteração.
- Por serem pequenas, as crianças não conseguem perceber quando há uma mudança de nível de audição, então os pais e cuidadores devem estar sempre muito atentos para os sinais. Não se assustar ou acordar quando um rojão explode, não prestar atenção e nem procurar por um som que aconteceu próximo a elas, virar a cabeça sempre para um lado ou ficar muito perto da televisão são alguns dos exemplos.
- Em época de gripes e alergias respiratórias, certifique-se de que não ficou um restinho de secreção nos ouvidos. Isso acarreta nas ‘famosas’ otites e, consequentemente, pode ocorrer uma diminuição temporária da audição.
- A deficiência auditiva pode afetar aspectos de linguagem, comportamento, sociais e de aprendizagem. Então, como sempre digo: quanto antes você descobrir algo, menores serão os prejuízos para a criança. Consulte um otorrinolaringologista e um fonoaudiólogo especialista em audiologia para cuidar da saúde auditiva dos pequenos.
Um beijo e até a próxima!
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Lílian Kuhn é fonoaudióloga com especialização em Audiologia e Mestrado e Doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem. Há dez anos atende crianças e adultos com distúrbios de linguagem.