10 coisas que entendi sendo criança brasileira e morando nos EUA

ago 28, 2024 | sem categoria

GANHE PRESENTE DUPLO! Crescer com Leiturinha é mais divertido! Mas é por tempo limitado! Mochila da Iara + Régua do crescimento grátis no 1º kit! Botão: ASSINAR LEITURINHA

Morar em um país diferente, com uma cultura que foge do que já estamos habituados já é um grande desafio para adultos. Imagine então para uma criança!

É por isso que vim trazer para vocês um pouquinho da minha experiência como uma criança brasileira que morou nos Estados Unidos.

10 coisas que entendi sendo criança brasileira e morando nos EUA

1. A linguagem é um par de patins que você encontra no porão. Você os calça. Por uma questão de sorte, pura sorte, seus pés cabem. Quanto antes você pegar o jeito, melhor. Você vai cair, vai tropeçar, mas sempre levanta e continua. O resultado compensa os joelhos ralados. A linguagem é o melhor jeito de fazer amizades.

2. Mas se você for adulto, em vez de patins a sua linguagem será um automóvel e você precisará de um monte de habilidades sofisticadas. Você terá de fazer aulas, estudar, se inscrever, se cadastrar, passar na prova, e aí, sim, talvez, você consiga obter seu meio de transporte. Para adultos, linguagem é um meio de transporte.

3. A linguagem que vale é a daqui. A linguagem dos seus pais é a de lá. Se eles falam de lá, você responde no daqui. Você pode pular de lá para cá e de cá para lá, mas sabe que precisa estar sempre aqui.

4. É esquisito demais quando seus pais usam a linguagem daqui. Soa engraçado. Você não consegue levá-los a sério. Parece que eles não são mais seus pais.

5. Você nunca, jamais, vai conseguir usar a linguagem de lá para conversar com seus irmãos e irmãs. Quando tenta, vira uma brincadeira maluca que gera crises histéricas de riso. Para brincar é divertido. Mas é o tipo de brincadeira que ninguém mais entende.

6. O sotaque da vovó, falando a linguagem daqui, é a coisa mais bizarra e bonita que você já viu. Dá tanta vontade de ajudar, ao mesmo tempo que você sabe que não vai adiantar nada. Ela está fazendo o seu melhor. Você se emociona vendo como ela se esforça. Você sente vontade de lhe dar um abraço e uma estrelinha de parabéns.

7. Frases que começam com a linguagem de lá podem terminar com a de cá ou vice-versa, e tudo bem. Todo mundo vai entender. Querer ficar sempre no mesmo idioma é uma caretice. Misturar é muito mais legal e prático.

8. Livros vindos de lá são o melhor jeito de viajar de volta. Eles têm um gostinho especial que você jamais vai conseguir compartilhar com seus amigos de cá. Mas isso não é um problema porque, quando você lê um livro de lá, você até se esquece dos seus amigos de cá.

9. Algumas palavras viram códigos secretos que você só usa com a sua família. É bom ter essa linguagem particular. Vocês ficam mais unidos. Vocês têm uma muralha que pode ser erguida sempre que precisarem.

10. E quando acontece de, por acaso, você estar na rua e encontrar estranhos usando a linguagem de lá, você vai sentir um quentinho no coração. Você vai olhar para eles com toda a atenção do mundo. Vai entender que ali tem um mundo que é seu também. Talvez você tenha coragem de se aproximar, talvez não, mas de alguma maneira eles vão te tocar.

Leia também:
Como os livros ajudam a manter a conexão com a nossa cultura?
✨Crianças que moram fora: 4 motivos para cultivar a língua portuguesa

✨Laços familiares: 4 dicas para manter a conexão à distância
✨ Leiturinha pelo mundo: mantendo vivas as raízes brasileiras

Índigo Ayer

Índigo Ayer, autora do Original "Leitor Desconfiado", compartilha como foi a experiência de ser alfabetizada na Inglaterra, mas mantendo as suas raízes brasileiras por meio da literatura infantil.

    Acompanhe nossas redes sociais