“Os psicólogos a muito sustentam que o envolvimento do pai na educação dos filhos é importante. Surgem cada vez mais evidências indicando que os pais envolvidos – sobretudo aqueles com disponibilidade emocional para os filhos – dão uma contribuição toda especial para o bem estar dos filhos. Os pais podem influenciar os filhos de algumas maneiras que as mães não conseguem, especialmente no que diz respeito ao relacionamento da criança com os colegas e seu desempenho escolar.”
– John Gotman e Joan Declaire (trecho extraído do livro: Inteligência Emocional).
Uma das frases que mais escuto quando converso com mães é: “como devo envolver o pai na educação da criança?” Para responder essa pergunta é preciso compreender o que está por trás dela. Educar um filho é um trabalho exaustivo e não deve, ou pelo menos não deveria, ser feito por uma pessoa só. Em todo momento precisamos tomar decisões sobre a vida de um outro ser humano. É necessário ensinar-lhe valores, regras sociais e morais. Precisamos aprender a ouvir, respirar, pensar no que fazer e não simplesmente reagir. Então sim, isso tudo pode ser muito exaustivo. Por isso, é necessário que haja a presença paterna na vida dos pequenos. Principalmente porque quando conseguimos dividir essa tarefa com alguém nos sentimos mais leves.
Qual a importância de dividir essa tarefa?
Várias pesquisas revelam que meninos com pais ausentes tem mais dificuldade em ter autocontrole. As meninas com pais presentes são menos propensas a cair precocemente na promiscuidade sexual e mais propensas a estabelecer relacionamentos saudáveis com futuros parceiros. Ou seja, o pai exerce um papel fundamental na vida dos filhos, desde que ele esteja efetivamente presente.
A mãe sempre acaba ditando as regras
Atendendo diversas mães e ouvindo-as em workshops e palestras, o questionamento sobre a participação dos pais na rotina dos filhos sempre aparece. Quando entro nesse debate uma coisa fica evidente: queremos que os pais participem e ocupem o seu lugar de protagonistas na vida dos filhos. Mas quem sempre escreve o script de como deve ocorrer essa participação somos nós, as mães.
Nós ditamos as regras sobre como deve ser a participação do pai. Como ele deve segurar o bebê, como deve dar banho, que horas deve dar a janta, como deve falar com ele, como colocar para dormir. Quando chora sem parar? Só a mãe acalma! Somos resultado de uma sociedade em que a mulher nasceu para ser mãe e esse é seu principal papel na vida. Nós sabemos tudo o que a criança precisa e como ela deve ser cuidada. Fomos treinadas para isso, temos o instinto materno. Isso nos coloca em um patamar superior em relação aos pais que, durante muito tempo, ocuparam o papel único e exclusivo de provedor financeiro.
Como envolver efetivamente o pai na educação dos pequenos?
Por isso, quando um mãe me pergunta como envolver o pai na educação do filho, eu sempre respondo que a primeira coisa que devemos fazer é sair da frente dele. Deixe o pai ocupar o seu papel de pai, deixe ele fazer do seu jeito. Grande parte dos conflitos familiares acontece porque acreditamos que só há um jeito de certo de fazer algo: o nosso. Quando outra pessoa faz diferente mostramos resistência e, muitas vezes, criticamos. Isso acaba por afastar os homens do seu papel de pai. Porque, afinal, nós mulheres temos know-how nesse assunto. Nossa urgência de ensinar e medo de que nossos filhos paguem pelos nossos erros nos impede de perceber que, algumas vezes, mais atrapalhamos do que ajudamos.
Permita que o pai seja pai.
Do jeito dele. Apoie suas escolhas, mesmo que nem sempre você concorde com elas. Pense: essa forma de educar é respeitosa? Leva em conta as necessidades de ambas as partes envolvidas? Se sim, saia do caminho do pai. Você vai perceber o quanto ele irá se sentir mais seguro para participar e assumir seu papel na educação das crianças. Se não for respeitosa ou não atender a necessidade de todos, sentem e conversem sobre isso. Façam uma lista do que é aceitável e do que não é aceitável na hora de educar a criança. Esse já será um bom começo.
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