Cristino Wapichana

Leiturinha entrevista: Cristino Wapichana

Se você é assinante do Clube ou já se encantou com os Originais Leiturinha, certamente conhece os livros Chuva, gente! e Fogo, gente!. Essas histórias cheias de poesia e ancestralidade são criações de um autor muito especial: Cristino Wapichana!

Mais do que escritor, Cristino é músico, cineasta, contador de histórias e um grande defensor da cultura indígena. Suas obras trazem a riqueza dos saberes tradicionais com uma narrativa envolvente, que encanta leitores de todas as idades. 🌿✨

Se você ama literatura infantil ou quer conhecer mais sobre a cultura indígena por meio dos livros, esta entrevista é para você!

Entrevista com Cristino Wapichana

Com histórias que misturam poesia e saberes ancestrais, Cristino Wapichana encanta leitores de todas as idades, trazendo a riqueza da cultura indígena para a literatura infantil de forma envolvente e sensível.

Nesta entrevista, conversamos com ele para descobrir mais sobre suas inspirações, sua relação com a oralidade e como surgiram suas histórias. Prepare-se para se encantar com a trajetória e as reflexões de um autor que, além de escrever, preserva e compartilha a força das narrativas indígenas!

Blog Leiturinha: Cristino, qual é a importância das histórias dos povos indígenas? Como isso se reflete nos seus livros infantis?

Cristino: As histórias existem para justificar todas as coisas. Tudo o que conhecemos e aprendemos vêm a partir das histórias. Elas educam, elas trazem os deuses, trazem tudo o que precisamos para estar no mundo. As histórias nos localizam dentro do nosso mundo. As histórias indígenas são a base de tudo para esse povo, de todos os ensinamentos. Todas as histórias que eu escrevo tem essa tradição, tem essa espiritualidade, tem essa forma de educar a partir da contação de histórias, de ouvir uma história. Tem essa voz milenar que vem passando de geração a geração para nos ensinar a viver e conviver melhor com os outros.

Blog Leiturinha: Como surgiu a ideia e a vontade de compartilhar a cultura de povos indígenas com as crianças em geral?

Cristino: Bom, quando eu pensei em escrever as histórias indígenas, foi para trazer para a sociedade brasileira histórias que pertencem a essa formação da cultura brasileira, mas que estão sempre afastadas da sociedade brasileira. E essas histórias trazem muitos ensinamentos sobre meio ambiente, clima, sobre tudo. Então, trago isso para sociedade para que ela compreenda e participe desse tempo importante que é compartilhar e aprender a cuidar uns dos outros.

Blog Leiturinha: “Chuva, gente!” e “Fogo, gente!” são duas obras de uma beleza artística e cultural impressionante, que unem profundidade e singeleza. “Fogo, gente!” até mesmo foi premiado com o Prêmio Biblioteca Nacional. Conta pra gente um pouco do processo de imaginar e criar esses livros?

Cristino: Bom, pra se criar uma história, precisa ter um tema. Precisa pesquisar muito sobre esse tema. Aqui são dois temas: a água e também o fogo, que são totalmente diferentes. Então, precisei entender como é o funcionamento da chuva. A importância da árvore, a importância das monções, como é que elas precipitam lá de cima. Foi um estudo profundo. Assim como o fogo, o fogo vem da onde? Uma das partes do livro diz que somos partículas do universo porque dentro da gente tem calor. E todo fogo veio do universo mesmo, não tem outro jeito. Então, escrever uma história requer que você tenha esse conhecimento de pesquisa e aí é a parte poética que tem bastante nessas histórias. Isso já faz parte daquilo que a gente escreve. Então, escrever essa história da chuva e do fogo foi importante até para que eu entendesse um pouco mais sobre esse funcionamento da importância dessas duas coisas importantes para a nossa vida, qual é a função dela pra nossa vida, como ela rege nossa vida a partir disso. Porque as duas regem o mundo a partir dessas informações. Então, escrever tanto Chuva quanto Fogo foi prazeroso, mas uma boa história requer muita pesquisa pra você passar para o público.

Blog Leiturinha: Muitas vezes, as crianças são apresentadas à cultura indígena como se ela fosse uma só: “os indígenas”, “a cultura indígena”. A gente sabe que na realidade existem povos indígenas, no plural. Como podemos fazer diferente?

Cristino: O Brasil tem mais de 305 povos indígenas, falando mais de 274 línguas e ainda tem povos isolados que não conhece a sociedade brasileira. Como apresentar esses povos para essas crianças? É como a gente apresenta os países. O povo alemão tem a língua alemã, tem a cultura alemã, tem todo o jeito alemão de ser. Assim como o japonês, assim como o venezuelano, assim como o colombiano, o brasileiro. Qualquer povo tem sua cultura muito bem definida. Então, quando apresentar às crianças, tem que apresentar como um povo, um povo soberano que tem tudo aquilo que precisa de conhecimento, de medicina para ele sobreviver. Então, ele não depende de outro povo para sobreviver, assim deve ser apresentado.

Blog Leiturinha: Conta um pouco mais pra gente sobre o povo Wapichana? 

Cristino: Nós moramos lá em Roraima, fronteira com Guiana, a República Federativa da Guiana. Uma parte mora na Guiana, outra parte mora aqui no Brasil. Temos a língua definida, temos a nossa cultura definida, temos as nossas histórias muito bem definidas e vivemos lá há mais de 4.500 anos, entre floresta e campos naturais.

Blog Leiturinha: Em Fevereiro, temos aqui no Brasil a data do Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas (dia 7). Qual mensagem você gostaria de deixar para todos nós, especialmente para as famílias com crianças?

Cristino: A luta dos povos indígenas começou desde quando Cabral invadiu esse lugar. Quando ele chegou aqui, havia mais de 1000 nações morando. Então, como toda a violência que foi dada a esses povos, tomaram terras, assassinaram muitos povos. Mais de 700 povos foram aniquilados e aqui no Brasil essa violência continua. Os políticos sempre fizeram leis em que beneficiassem os brasileiros, e os povos indígenas não. Então, os povos indígenas sempre se mantiveram afastados da sociedade brasileira e, no meio, tinha político, tinha artista, que também não falava bem dos indígenas. Mas falar de indígena é falar de uma mesma humanidade. Não tem outra humanidade. Do mesmo jeito que as famílias vivem, que vemos lá, precisamos, sentimos fome, sentimos dor de cabeça, os remédios são os mesmos… Então, ser criança aqui e ser criança lá, fazem as mesmas brincadeiras. Os adolescentes são os mesmos, jovens são os mesmos, velhos são os mesmos. Gente é gente em qualquer lugar. Continuaremos lutando porque é importantíssimo que a nossa natureza, especialmente com essa mudança climática, que a gente repense um pouco mais sobre a importância de plantar árvore, de não derrubar árvore, de não matar o rio, e nem os animais. Se matar a árvore, mata tudo. Então, é importante que se aliem aos povos indígenas para que a gente dê, ajude o planeta a se recuperar por essa violência tremenda que os não indígenas têm feito contra essas terras e esses povos.

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