Quando acontece uma gravidez, o mundo de alguém se transforma e, normalmente, a vida das outras pessoas ao redor dela também. Saber que tem um pontinho de vida se desenvolvendo dentro de você faz com que algo no mundo mude. Não estamos dizendo que muda pra melhor ou pra pior. Aqui não cabem juízos de valores, porque cada experiência é única, cada gravidez é singular no que diz respeito à forma como cada mulher a recebe ou a percebe. O fato, é que nada é mais como antes. Mas e quando, do nada, tudo muda, e o curso de uma gravidez é interrompido? Viver o luto do aborto espontâneo é dolorido, mas não precisa ser um tabu. Afinal, compartilhar e contar com uma rede de apoio pode ser fundamental para que a mulher passe por isso de maneira, se não menos dolorosa, talvez menos solitária.
Da gravidez ao aborto: uma quebra de expectativas
No caso de uma gravidez desejada, as expectativas vão às alturas, a felicidade é incomensurável e a vontade é de sair comprando o enxoval todinho da criança, decidir o nome, enfim… um misto de sentimentos. Quando não esperada, outra avalanche de sentimentos. Seja como for, os índices apontam: a cada dez mulheres que engravidam, cerca de duas sofrem um aborto espontâneo até a 22ª semana . O que indica que você, que está lendo este texto, provavelmente já sofreu ou conhece alguém que tenha sofrido um aborto.
Mas, se ao ver o resultado positivo, o mundo não é mais o mesmo, descobrir um aborto no início da gravidez é vê-lo desabar. Então, o que era motivo de refazer os planos futuros, dá lugar à frustração, culpa, tristeza, sensação de fracasso e um vazio. Novamente, cada pessoa vai enfrentar a situação de uma forma, mas é certo que um aborto é sempre um grande impacto e a rede de apoio pode fazer toda a diferença nessa hora.
Algumas causas do aborto espontâneo
Os abortos espontâneos podem acontecer por diversas causas. Entre as mais comuns estão: malformação genética e anomalias de cromossomos, que acontecem durante o período de desenvolvimento do embrião ou feto. Pode acontecer de o embrião não chegar a se desenvolver ou ainda ter este processo interrompido. Por ser tão comum, na maioria das vezes o aborto espontâneo não é diagnosticado, a não ser em casos em que ele se repete por duas ou mais vezes.
Vivendo o luto do aborto espontâneo: a importância da rede de apoio
Quando acontece o aborto, o luto é um processo dolorido, mas importante, para que a página vire e seja possível seguir em frente. É preciso tempo e espaço para passar por isso. Aceitar a perda e ressignificar o luto é uma experiência muito particular e cada um passa por isso de uma forma. O importante é que todo este processo seja respeitado sem julgamentos.
Se você conhece alguém que passou por um aborto recentemente, seja a rede de apoio que ela precisa. Deixe claro que a pessoa pode contar contigo e ter em você uma referência de cuidado e afeto. Em tempos de tanto individualismo, este tipo de relação despretensiosa e de cuidado são importantíssimas para não cair no isolamento e conseguir superar as adversidades de forma um pouco mais leve.
Em todo caso, um aborto pode ser um risco para a mulher, tanto em aspectos físicos como psicológicos (isolamento, depressão). Por isso, além de poder contar com pessoas mais próximas, a busca por um profissional, psicólogo ou psicanalista, é importante e pode ajudá-la a passar por isso.
Para abordar esse assunto tão delicado e necessário, convidamos Amandae Patreze, ginecologista, obstetra e terapeuta sexual para falar um pouco sobre as causas, sintomas e procedimentos relacionados ao aborto espontâneo. Confira:
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