Quando olhar para sua cria, olhe nos olhos. Olhe as mãos e procure arranhões ou histórias que, por mais que ela conte, você só tem a oportunidade de imaginar as origens.
Quando olhar, olhe de igual pra igual. Veja que em tão pouco tempo de vida, ela já tem lições e experiências para te ensinar. Veja que você é aprendiz de um pequeno universo curioso, que ri, brinca, chora e aprende a todo tempo.
Quando olhar sua cria, veja um filhote que desbrava o mundo, mas teme barulhos desconhecidos. Observe a coragem que cresce ao escalar lugares altos e o medo que assombra os cantos que só o pequeno percebe.
Quando olhar sua cria, reviva a infância e as horas em que você se perguntou quanto tempo levaria para findar aqueles longos anos. Findou, para o alvorecer de outra infância, para que nela, fosse possível amar com consciência e sinceridade os momentos grandiosos das pequenezas, da mágica das flores e cores do mundo.
Quando olhar a sua cria, permita-se notar o quão diferente de você ela é. Não queira se deparar com um mini adulto, mas com um grande inventor, um pequeno astronauta ou uma grande formiga. Seu filho tem a mais bela ferramenta para transportar você para outros mundos.
Permita-se ouvir os seus porquês, quandos, ondes, comos. Qualquer explicação servirá de fonte para suas alquimias. Se você se atentar, um dia você encontra um de seus porquês em uma brincadeira genial.
Quando ouvir sua cria, pense na raridade de escutar tanta sinceridade em inúmeras frases juntas, em enxergar tamanha verdade em uma troca de olhares.
A beleza da infância está na pureza e na brevidade. Leve como um sopro. Logo, a infância vira um livro de histórias em uma gaveta. Os porquês e comos originam outros porquês e comos.
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