Os perigos da exposição das crianças na internet

dez 7, 2023 | Família, Parentalidade, sem categoria

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Os perigos da exposição das crianças na internet é um tema urgente de ser discutido mais, e mais e maaaais vezes!
Não acredita na importância? Então olha esse dado da Unicef: são 26. 364 o número de denúncias de Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes em 2022. 
Atenção: número de denúncias. Portanto, sabemos que o número é maior, afinal, nem sempre a denúncia é feita.
O assunto é sério e importante. É um tema difícil e por isso precisamos falar, repetir e refletir sobre ele o máximo que pudermos, na busca de conscientizar todos e realizar mudanças para vivências seguras e saudáveis. 

Vamos fazer um paralelo para entender melhor: quanto tempo levou para a sociedade aprender a dar descarga após usar o toalete? E olha que ainda tem muita gente que não faz isso… Socorro! 
Ou, então, quanto tempo levou para os motoristas compreenderem a importância do uso do cinto de segurança? Pois é, só quando começou a mexer no dindim.
Algumas mudanças na sociedade são lentas, mas a respeito do tema do nosso texto, não dá mais para ficar vacilando.  

Então vamos dizer mais uma vez e quantas mais precisarmos: as crianças estão expostas aos perigos da internet. Expostas às violências de assédios, exploração de imagem e cyberbullying.

Vamos falar mais sobre o assunto? Acompanhe até o final.

Os perigos da exposição das crianças na internet

Antes de tudo, vamos deixar claro que publicar a foto ou o vídeo de uma criança nas redes sociais pode expô-la de diferentes maneiras. 

A ativista pela erradicação da violência sexual e comunicadora Sheylli Callefi é direta: “não dá para ser ingênuo no mundo digital.”
Além disso, Sheylli comenta que gosta de trazer o seguinte exemplo: pense no shopping. Tem uma loja de calçados aqui. Ali do lado tem a de óculos. Outra de eletrônicos. Ali para frente tem uma loja que vende crianças. Do lado um café. 

Epa. Loja que vende crianças? Sim. Vende crianças. 

Claro, é um absurdo. No mundo físico nós não aceitamos isso. Certo? Então tá.
Mas por que se aceita no mundo virtual?“, provoca Sheylli. “Porque é exatamente isso que as redes sociais são. Um grande shopping, com diversas lojas diferentes, uma do lado da outra, tem de tudo.” 
E o algoritmo vai apresentar a loja que cada consumidor está procurando. Assim, a foto de uma criança vira um produto. Logo, vão ter pessoas, criminosos, procurando esse produto, a criança, facilitado pelo algoritmo. 

Deu para perceber o funcionamento e o perigo? Você já tinha parado para pensar dessa forma? 
Para piorar, a regulamentação sobre esse assunto está mais do que atrasada. É o ditado que muitos têm repetido, talvez sem saber o tamanho do problema. Que a internet é uma terra sem lei.   
Por isso é tão importante falar desde cedo com as crianças sobre educação midiática, educação sexual, saúde mental, assim como as famílias, responsáveis e educadores devem se manter atualizadas e em alerta. 

 

Cuidados com a exposição das crianças na internet

Cuidar das crianças, de todas as infâncias, exige cuidado, exige atenção. Ou seja, é dever dos adultos, é nosso dever como sociedade, cuidar das crianças e jovens. 
Os perigos nas redes sociais são muitos e se escondem nos perfis, na manipulação.  
Além do exemplo das redes sociais como shopping, é importante trazermos exemplos para deixar bem explicado os diversos tipos de violência que as crianças podem sofrer quando expostas à internet. 
Recortamos dois deles para a gente registrar e servir de referência para futuros papos por aqui:

  • Perigo número 1 🚨

Com todas as letras, estamos nos referindo à violência sexual. Estamos falando de criminosos, abusadores que utilizam, copiam esse material e os disponibilizam em perfis de pornografia infantil.    
Sheylli, que estuda o assunto há muitos anos, comenta que uma das grandes dificuldades da sociedade e das famílias de forma geral é compreender como uma coisa vira outra coisa. 
Uma criança dançando é algo natural. Ela está brincando, se divertindo. A virada, o que acontece de uma coisa virar outra, é exatamente a partir do registro (tirar foto ou gravar) e isso ser postado na internet. 
Pois assim que isso aparecer na frente de alguém mal-intencionado, e isso tem de monte no mundo, vai ser tirado de contexto e virar material para os criminosos e predadores.  

⚠️ Como prevenir e cuidar?
Para a ativista, o ideal seria não postar imagens e vídeos. Pronto!
Todavia, como explica, ela compreende e respeita os hábitos e perfis de cada família. Então, o que ela recomenda é tomar cuidado com o material postado. 
Evite postar a criança sozinha, observar a roupa que ela está usando, tem que treinar o olhar, evitar mesmo uma grande exposição.” Se vai postar, poste com o máximo de cuidado.   
Um alerta: Sheylli explica que as orientações são tanto para meninas quanto para meninos. E bebês. Bebês, inclusive, confirma a estudiosa.  

 

  • Perigo número 2 🚨

Um segundo recorte deste tema amplo e complexo diz respeito ao cyberbullying. 
O que tem surgido aos montes nas redes sociais são vídeos em que a criança vive alguma situação emocional (de medo, raiva, triste, inventando uma desculpa para escapar de uma traquinagem, etc…), e isso é transformado em sátira e divertimento alheio. Tudo pelos likes, certo? 
Num primeiro momento, pode parecer engraçado, sim. Normal. Não sejamos hipócritas. E, na verdade é engraçado vê-los criando estratégias para justificar algo mais inocente. 
Acontece que, da mesma forma que no perigo número 1 que citamos anteriormente, esses vídeos se espalham e podem acompanhar a criança por muitos anos no futuro. Isso já não parece certo. 
E quando o conteúdo for de humilhação, choro, deboche, não, gente! Não é engraçado. Não é engraçado ver crianças desamparadas, desesperadas, pedindo auxílio enquanto são gravadas e humilhadas pelas risadas de quem está filmando e no entorno sem fazer nada. 
São vídeos com irmãos discutindo por comida, ou por uma brincadeira. São “pegadinhas” no estilo brasileiro anos 80. Acontece que o mundo andou para frente, e muitas das coisas não podem ser aceitáveis. Explorar as imagens dos próprios filhos para entreter milhões de desconhecidos é perverso.
Em outras palavras, o que tem aparecido são vídeos em que a criança precisa de auxílio para lidar com a situação, só que ela não recebe ajuda. E nas redes sociais, isso só ganha mais volume e gente sem índole compartilhando esse tipo de situação. 

⚠️ Como prevenir e cuidar?
É inadequado. A exposição das crianças na internet, seja em humilhar, tirar sarro dela com o fim de fazer uma publicação “engraçadinha” é nojento, perverso. Afinal, se somos contra qualquer tipo de humilhação com adultos, o que faz pensar que com crianças está tudo bem?
O alerta serve para os dois lados. Para orientar o leitor a não fazer esse tipo de vídeo, jamais.  Do mesmo modo, para o leitor tenha essa orientação de não curtir, não compartilhar, não dar fôlego para esse algoritmo. 

 

Vamos proteger nossas crianças! 🫂

Nosso espaço aqui é curto para um assunto desse tamanho. Ao mesmo tempo, não temos a pretensão de abordar tudo, o que também é impossível. 
No caso, comentamos dos perigos da exposição das crianças na internet, com dois exemplos: primeiro, o da violência sexual; e segundo, o do cyberbullying. Além disso, e os temas estão todos relacionados, poderíamos comentar a respeito do uso indevido das inteligências artificiais ou mesmo sobre crianças que já possuem acesso, sem monitoramento, à internet, e estão absurdamente expostas aos criminosos por meio de chats de aplicativos, e por aí vai.   
Entendemos que com um blog que fala diretamente com famílias e educadores, principalmente, vale a pena ter esse registro para novas conversas. 
E se você achou interessante e quer mais textos a respeito, escreva para a gente que vamos fazer de tudo para auxiliar!

Por último, sugerimos que releia o texto, anote os pontos principais, e se tiver alguma dúvida de emergência, entre em contato com o 190 (polícia) ou 100 (disque direitos humanos).  

A Sheylli tem um bordão para muitos dos seus vídeos, como o “Vamos passar raiva juntos?”, ou  “Vamos ficar triste juntos?”, que é quando ela compartilha casos e traz explicações e orientações para evitar que atrocidades aconteçam. 

Então, com a Sheylli e todos preocupados com a exposição das crianças, “Vamos cuidar juntos?”, e mudar as coisas? 😉

Marcelo Jucá

Autor, jornalista e doutorando em literatura. Participa de projetos especiais da Leiturinha e publicou os Originais Leiturinha "Alguém viu o meu chapéu?" e "Eu sou Assim, Assim é Você". Nesta coluna, escreve sobre cultura, infâncias e sociedade, sempre no intuito de provocar curiosidade, reflexões (quem sabe algumas risadas) e novas histórias.

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