Sobre o puerpério: a espera que não cessa com o parto
Os últimos meses de gravidez corriam para o desejo de que a espera cessasse, mas ela não cessa, não é?
O finalmente, o parto, é apenas um dos clímax da jornada, que ainda envolverá muitos, e muito mais espera. A espera pelo sono de uma noite inteira, da amamentação se tornar um processo natural, do corpinho do bebê se encontrar em nossos braços, no mundo, e até nós mesmas nos reencontrarmos no mundo.
A espera não imaginou que o puerpério seria tão solitário e ao mesmo tempo, tão intenso.
A espera não pensava que seríamos decodificadoras de choros noturnos, que nos tornaríamos leoas. O parto é uma porta de conexão com o nosso instinto e com nossos medos. Somos leoas, mas nos vulnerabilizamos tanto quanto, pois ficamos do tamanho deste pequeno estrangeiro, e o mundo todo é tão grande, tão impalpável…
Diante desse desconhecido, aprendemos todos os dias, uma nova linguagem, as mais diversas formas de amar, e diversos macetes, dos quais muitos eu quero compartilhar agora, para ajudar nos momentos em que o nosso limite parece se aproximar.
Às puérperas, um abraço
Durante os nove meses, a água em nosso ventre é o nosso caminho para abraçar o bebê. O envolvemos e regamos cada parte de seu corpinho em expansão. E foi na água que encontrei o alívio para as dores do parto e, também, para as noites de choros inconsoláveis.
Mãe e bebê são filhotes assustados, com o escuro, gente, conselhos de desconhecidos… A imersão traz o silêncio. A imersão em si ou na água do banho. No nervosismo, um banho parece conseguir limpar nosso corpo por dentro e por fora. Um banho com o bebê consegue nos unir a ele quase intrinsecamente.
Sei que esses três primeiros meses de adaptação parecem intermináveis. Saiba que eles cessam, mas a espera não.
Ser mãe é gestar e parir a todo tempo a nossa obra para o mundo.
Leia também: