Precisamos parar de falar em tempo de tela

mar 9, 2020 | 0 - 3 anos, 10+ anos, 4 - 6 anos, 7 - 10 anos, Bebê, Criança

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As preocupações em relação ao tempo de tela são cada vez mais comuns nas matérias de desenvolvimento infantil. Afinal, a característica de atração de celulares, computadores e redes sociais é grande. Às vezes, pais e mães se sentem perdidos em conseguir delimitar um tempo adequado até para eles, então quem dirá para seus filhos. 

Do que se trata o famoso tempo de tela?

No entanto, o tal tempo de tela, na realidade, é um eufemismo para outros problemas. Como por exemplo, obesidade, tempo inativo, sem interação e sem convivência. Uma vez que continuamos a discutir o tempo de tela, nos afastamos do real problema. Isso pode ser um grande impedimento na hora de entender e lidar com a verdadeira realidade.

Qual seria a verdadeira discussão?

A discussão, nesse caso, deveria envolver o que essa tela apresenta. Qual conteúdo é o mais visto, porque é o mais visto, quando e como as telas são utilizadas, e não puro e simplesmente o tempo de tela. Afinal, não podemos utilizar a mesma medida, se as atividades podem ser completamente diferentes. 

A criança falando através da tela com os avós que moram em outra cidade é uma experiência bem distinta de a criança estar navegando em redes sociais apenas por passatempo, sem nem se dar conta de quantas fotos e vídeos já se passaram. Ou seja, falar de tempo de tela apenas pode ser extremamente simplista.

O conceito dos 3 C’s: conteúdo, contexto e criança

Lisa Guernsey, diretora de Ensino, Aprendizagem e Tecnologia na New America, em sua entrevista para o Podcast EdTech sobre o assunto, defende o conceito dos 3 C’s. A ideia proposta é abordar tempo de mídia ao invés de tempo de tela, e considerar conteúdo, contexto e criança. Esses três C’s podem mudar por completo a experiência em frente às telas. 

O primeiro C, de conteúdo, aborda o propósito do uso. Se o conteúdo tiver de fato uma intenção clara, a tela se torna a tecnologia de suporte para a interação. Nisso, os fins seriam para aprender algo novo, interagir com pessoas ou procurar a resolução de uma dúvida. O segundo C, de contexto, é para entender a experiência como um todo. A tela mediada, por exemplo, pode mudar completamente a interação e o entendimento dos conceitos expostos, e inclusive contribuir para a proximidade e o elo entre pais e filhos. Por fim, o terceiro C é sobre a criança que, como indivíduo, tem suas próprias preferências, necessidades e desejos a serem respeitados e considerados.

Também precisamos nos preocupar com o tempo fora da tela

Ao lermos o cenário de forma mais completa, paramos de questionar apenas o tempo e passamos a olhar o propósito inserido em cada interação. Isso ajuda, inclusive, a expandir o pensamento, pois, se nos preocupamos com tempo de tela, também precisamos nos preocupar com o tempo fora da tela.

Todos os órgãos de diretrizes para o desenvolvimento infantil, como a OMS, ressaltam a importância das diferentes atividades para a criança. É necessário ter tempo ativo, de socialização, para brincar, para comer, para dormir, entre outros. Portanto, não adianta  delimitar friamente o tempo para os tablets se no restante do tempo o pequeno não experiencia a diversificação de estímulos. 

A variedade é o cerne da questão. A multidisciplinaridade, a espontaneidade e principalmente o vínculo com os entes queridos são prioritários. Se algumas dessas atividades estiver sendo bem servida pelas telas, excelente! 

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Nathalia Pontes

Mestre em Psicologia da Educação, educadora e escritora, acredita que aprender é uma combinação entre autoconhecimento, troca e curiosidade pelo novo. É apaixonada por educação, desenhos, viagens e literatura.

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