Coluninha | Por Lílian Kuhn.
Pode até não parecer, mas a atuação da fonoaudiologia vai muito além de “ensinar crianças a falar certo”. Segundo o Conselho Regional de Fonoaudiologia, o profissional da área é responsável pelos cuidados da audição, da linguagem oral, da articulação da fala, da voz, da fluência, da leitura e escrita e dos sistemas orofacial e de deglutição, tanto em termos de promoção e prevenção da saúde, quanto com ações de avaliação, diagnóstico, terapia das alterações de tais funções e orientação a familiares, cuidadores e outros profissionais.
Pensando nisso, enumero aqui alguns momentos da vida em que a atuação fonoaudiológica em crianças se faz necessária:
– O fonoaudiólogo que trabalha em maternidades realiza o Teste da Orelhinha e o Teste da Linguinha nos bebês com poucos dias de vida. Há leis nacionais que obrigam a realização dos dois exames para tentar identificar precocemente alterações na audição e no ‘freio’ (frênulo) lingual do bebê. As duas avaliações são rápidas e não causam dor ou prejuízos ao recém-nascido, porém podem ser cobradas nos hospitais da rede particular.
– Quando necessário, um profissional da Fonoaudiologia pode ensinar o bebê a sugar corretamente, o que evitará a pega incorreta e fissuras das mamas da mãe e impossibilitando ou prolongando a amamentação da criança.
– Por inúmeros motivos, algumas crianças não conseguem se alimentar. Listo aqui a dificuldade para deglutir (engolir), aversão à textura sólida, impossibilidade de mastigação… E é aí que o fonoaudiólogo identificará a causa e tratará a alteração específica.
– O seu filho te entende? Mesmo ainda não tendo linguagem expressiva (fala), a criança já deve conseguir compreender algumas ordens simples e brincadeiras (‘dar tchau’, ‘fazer biquinho’). Se você o ensina, mas ele parece não seguir ou entender, talvez seja a hora de buscar uma avaliação fonoaudiológica para seu(a) pequeno(a)!
– Se a linguagem da criança não parece mudar ao longo dos meses e todos começam a questionar quanto às primeiras palavras, procure um profissional. Existe uma ideia (um pouco equivocada) que é possível esperar até 03 anos, mas isso não é verdadeiro para todas as crianças.
– Entre dois e cinco anos de idade, a criança passa a ser um falante fluente. Se após essa idade ainda houver alterações na produção de fala, a intervenção fonoaudiológica se faz necessária. Lembre-se que o pequeno deve estar bem preparado para a fase seguinte, que é a alfabetização.
– Finalizado o processo de alfabetização, seu (a) filho(a) ainda tem dificuldade para ler? Ele é tido como ‘desinteressado’ ou ‘preguiçoso’? Ou dá muito trabalho para fazer a lição? Preste atenção! Algo pode estar acontecendo, como um distúrbio de aprendizagem, de linguagem ou de audição. Um fonoaudiólogo e, em alguns casos, com o apoio de uma equipe multidisciplinar pode ajudar os familiares.
– Todo mundo sabe como a chupeta e a mamadeira são prejudiciais, mas é difícil não oferecer, certo? Não hesite em pedir ajuda profissional para que a retirada aconteça na época correta. Fonoaudiólogos e dentistas podem trabalhar em conjunto com a “fada da chupeta”, Papai Noel e afins…
– Gagueira, rouquidão, respiração bucal e má oclusão dentária são outras alterações que precisam ser avaliadas e trabalhadas junto pelos profissionais. Lembrem-se que, quanto antes iniciarem o acompanhamento, melhores e mais rápidos serão os resultados.
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Lílian Kuhn é fonoaudióloga com especialização em Audiologia e Mestrado e Doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem. Há dez anos atende crianças e adultos com distúrbios de linguagem.