Matrescência: a adolescência das recém-mães

jun 4, 2020 | Família

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De quanto tempo a mulher precisa para se adaptar a toda gama de transformações promovidas pela maternidade? Quando ela estará pronta para nascer como mãe? Em 1973, a antropóloga Dana Raphael cunhou uma palavra para descrever este processo de transição, a expressão matrescência. Uma mistura de maternidade com adolescência.. A proposta é traçar um paralelo em dois momentos de grandes transformações hormonais, fisiológicas, psicológicas, emocionais e de identidade, que repercutem em grande medida no comportamento e na visão de mundo, após o nascimento de um filho. 

Matrescência: conheça a adolescência das recém-mães

Como na adolescência, na passagem para a maternidade, os sentimentos, emoções e experiências ganham novos contornos e dimensões. A intensidade, a ambivalência, a novidade, os excessos, a melancolia, a solidão, o sentimento de incompreensão e também, o amor – a sensação de viver o primeiro amor. Ainda, há uma tendência a se identificar com grupos afins pela busca por pares e “tribos” que gere representação e acolhimento. Há também os lutos. Do corpo, do que fui até aqui, dos pais, do lugar de filha(o), do lugar no mundo. São muitos sentimentos para refletir. 

O estereótipo da maternidade

Para muitas mulheres, receber um bebê é um momento ímpar em suas vidas. A nossa cultura nos diz que este momento é comumente vivenciado de maneira única, repleto de alegrias e angústias. Afinal, o “lugar” chamado maternidade foi historicamente concebido por figuras que representam, em geral, estereótipos que transitam pela força feminina e o campo do padecimento.Entretanto, nos últimos anos, tem-se aberto outras possibilidades de olhar e viver este mesmo lugar. Abriu-se espaço para se falar sobre uma maternidade real. Mulheres que, na contramão do já estabelecido e em favor de outras mulheres, iniciaram movimentos de reconhecimento e validação das diversas maneiras deste tornar-se mãe, peculiar e subjetivo. O que, inclusive, é de conhecimento e fonte de dedicação de autores renomados na área. 

Com isso, as coisas mudaram!

A partir daí, o que vimos foi um número crescente de famílias, homens, pais, mães e mulheres se apropriando de suas narrativas e pronunciando suas próprias histórias. Assim, a maternidade se apresenta como possibilidades de vir-a-ser. Como em um rito de passagem, a mulher vive as intensas mudanças e transição. Para muitas, a gestação marca o início desta jornada e o parto anuncia um novo tempo. 

A maternidade acontece no dia a dia!

A partir desta compreensão, a maternidade acontece no dia a dia. Na construção da rotina de cuidados, no contato, nas aventuras, nas noites mal dormidas, nas descobertas diárias, nas tentativas, entre os choros copiosos, nos desafios, na conexão com este amor, nas reformulações das demais relações. Conceber a maternidade como processo e transição, é conceber os diversos percursos de “ser-mãe”. 

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Juliana Di Lorenzo

Mãe da pequena Olívia e psicóloga. Após vivenciar as transformações e vicissitudes da maternidade, escolheu por dedicar seus estudos e práticas à psicologia perinatal e parental. Atua no atendimento clínico e grupos terapêuticos, pois acredita nas possibilidades da fala e escuta compartilhada. *Juliana é especialista em psicologia e foi convidada pelo Blog Leiturinha para compartilhar sua opinião com as nossas famílias leitoras.

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