Há muitos e muitos anos a música acompanha a história da humanidade. Mas se engana quem acha que ela é apenas a junção de algumas notas e arranjos musicais. Além de som, música é afeto, conexão e memória. Sim, a música tem lá seu pé na matemática e na ciência, mas o que faz dela uma companheira tão fiel da humanidade é o seu poder de embalar vidas e experiências. É nesse clima musical que nasce o livro “Uma Canção”, um verdadeiro tributo ao poder da música.
Escrito e ilustrado por Guilherme Karsten, “Uma Canção” é o segundo livro do autor publicado em parceria com a editora HarperCollins. O primeiro foi a obra “A Caçada“. No livro “Uma Canção”, o leitor encontra uma obra recheado de detalhes, cores e referências. Um livro para ler, reler e presentear! E para falar sobre essa obra tão especial, ninguém mais ninguém menos, do que o seu criador. Confira a entrevista:
Leiturinha: Seu pai foi uma inspiração para a criação do livro Uma canção, que, como diz a bio, é o seu terceiro e mais pessoal livro. Para nós, leitores, a obra soa também como uma homenagem a seu pai. Como foi criar um livro que carrega tanta proximidade com a sua história de vida?
Guilherme Karsten: Inicialmente esse livro não era sobre pai e filho, mas sobre um garoto que passeava sozinho no metrô e ouvia as canções. Mostrei a ideia da história para a minha agente literária e ela sentiu que ali deveria haver um diálogo, como se fossem pessoas compartilhando canções. Fazia mais sentido e me levou diretamente ao meu pai, porque foi ele a pessoa que fez de mim um apaixonado por música, nossas conversas sobre as bandas, os seus álbuns LP’s, as letras das canções… A história é uma representação do nosso relacionamento. Tudo se encaixou.
Leiturinha: A ilustração do livro Uma Canção amplia os sentidos da leitura. Tanto é que todas as referências musicais ficam a cargo dos traços e das cores. Nesse sentido, como foi a relação criativa entre texto e ilustração? Em outras palavras, o que inspirou o quê?
Guilherme Karsten: A fagulha pra esse projeto foi simplesmente o título “Uma Canção”. Essa expressão ficou na minha mente enquanto eu divagava sobre o poder da música, o quanto ela já mudou a história do mundo e nossas histórias individuais. Todo mundo tem uma música, uma canção que faz parte da trilha sonora das nossas vidas e resolvi falar sobre isso. O texto foi usado de uma forma mais aberta, não linear, enquanto as imagens fariam o papel narrativo, exemplificando o que o texto quer expressar. Uma imagem puxa a outra, seja pelos mesmos personagens ou seja por uma capa de disco. Ao mesmo tempo que aparecem as cenas de artistas, tem o relacionamento pai-filho que reúne todas estas informações.
Leiturinha: Além de escritor, você também é pai de dois pequenos. Inclusive, no livro você comenta que tenta passar o legado da música para os seus filhos. Qual sugestão você daria para os pais que, assim como você, acreditam no poder da música para conectar famílias e gerações?
Guilherme Karsten: Acho que canções podem ser janelas de oportunidades para nos descobrirmos. Ouvir juntos uma melodia, falar sobre os sentimentos que se despertam durante uma música, dançar e pular juntos com uma música agitada. Coincidentemente, ontem após o almoço, em vez de descansar um pouco, meus filhos pediram pra dançarmos juntos. Aí lá vou eu colocar alguns rocks ou hip-hop (Lucca está na fase do rap) e ficar dançando enquanto eles trazem baldes e colher de pau pra tocar bateria, ou vira microfone… Aí a gente dançou até cansar. Voltei pro trabalho com dor no estômago, pois dancei de barriga cheia, mas feliz porque me tornei mais cúmplice dos meus filhos.
Leiturinha: Se o livro tivesse continuação, quais cantores ou cantoras você também incluiria?
Guilherme Karsten: Puxa, não havia pensado nisso, mas alguns artistas ficaram de fora desse livro. Nem todos ali são os meus favoritos, mas foram importantíssimos para a cultura, como o Elvis, gosto dele mas não ouço tanto. Agora, se houvesse a continuação e eu colocasse os que eu quisesse, primeiro que o livro teria umas mil páginas, mas colocaria o U2, Beach Boys, Clube da Esquina, Ivan Lins, Chico Buarque, Maria Bethânia… e por aí vai.
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