Cada criança que morre, também morre um pouco da nossa esperança! Eu gostaria de começar esse texto com essa afirmação, pois é assim que eu me sinto quando acontece um ataque à escola. Nas últimas semanas fomos surpreendidos com uma onda de medo e violência nas escolas após um ataque armado a uma escola de educação infantil em Blumenau – SC.
Minha filha está matriculada e estudando no Maternal II de uma escola e, naquele momento, este fato contribuiu para que eu pudesse ser ainda mais empático com as dores que aqueles pais e mães sentiram.
Me fez me conectar com suas dores, chorar e pensar como podemos contribuir para que crianças não sofram violência nas escolas ou em outros espaços onde estão para serem cuidadas e protegidas. Sabemos que a violência é um fenômeno causado por diversas dimensões. Porém, é importante pensar nos papéis e responsabilidades das famílias na prevenção a esse fenômeno.
Daí vêm algumas perguntas: Qual o nosso papel na prevenção da violência nas escolas, pai? Temos um papel relevante? Se temos, como podemos desenvolver?
Vamos começar a responder estas perguntas. Nosso papel está na educação próxima e dialógica com os nossos filhos e filhas. A educação dialógica corresponde a uma educação baseada no cuidado, no afeto, no diálogo constante e com proximidade.
Pai, conversar com a criança desde a mais tenra idade não é perda de tempo, é necessidade primordial.
Aqui, eu quero trazer algumas dicas que podem ajudar nisso, pai:
– Comer junto.
Pai, sentar-se com a criança para realizar, ao menos uma refeição ajuda a entender a dimensão da família. Como já sabemos, o entendimento do conceito de família é amplo, já que família, segundo as Nações Unidas “é gente com quem se conta”.
– Criar ambientes de brincadeiras entre o pai e a criança.
Brincadeiras em que hajam espaços para conversar sobre a brincadeira, refletindo sobre a brincadeira.
– Ler para as crianças.
Ler cria um ambiente de fortalecimento dos vínculos entre o contador da história e a criança
👉Ler com as crianças: uma forma de conectar pai e filho
– Jogar com a criança.
A partir da idade da criança, desenvolver o jogo que seja específico a sua faixa etária. E aqui, eu gostaria de abrir um parênteses para um diálogo importante:
Pai de meninos e meninas com idades para jogos na internet, é necessário monitorar o que eles e elas estão jogando; com quem estão jogando; que missões esses jogos determinam que as crianças desenvolvam.
Faz parte dos limites, em muitas situações dizer não! Todavia, pai, eu lhe aconselho justificar a negação ao seu filho ou sua filha. Essa linha do limite e da concessão é muito tênue. E você vai precisar entender sempre o momento da imposição do limite. Pai, não há uma receita de bolo para isso. A paternidade, assim como a maternidade, muitas vezes, é um lugar que nos faz sentir culpados, mas a gente vai aprendendo a lidar diariamente com isso.
– Ensinar os nossos filhos a lidar com o não.
Pai, aqui vai uma dica, dizer não é importante no processo de educação. Nossos filhos e nossas filhas precisam aprender a lidar com a frustração. Nem sempre é fácil negar alguma coisa aos nossos pequenos. Nos causa sofrimento. Porém é possível fazer com amor e afeto. Justificar o não é necessário e pedagógico. Ainda que no início haja a famosa “birra” da criança, é possível acalmá-la e, assim, apontar o motivo.
– Criar a criança num ambiente saudável.
Estabelecer um ambiente distante de situações em que as crianças sejam testemunhas ou vítimas de práticas de violências (aqui estamos falando de violências verbais, violências físicas, violência sexual, assédio e todas as formas de violência). Onde elas, as crianças, não sejam incentivadas a praticar violências; onde elas conheçam os canais de denúncia para qualquer tipo de violência que presenciam ou sofram.
– Ser parceiro da escola.
Pai, seja aliado da unidade de ensino onde seu filho ou sua filha estuda. Participe das reuniões, sempre que possível. Coloque-se disponível para que a escola, sempre que julgar necessário, entre em contato com você. Frequente a escola sempre que for possível e necessário. Busque entender como seu filho ou sua filha está se desenvolvendo naquele ambiente. Desenvolva as atividades em casa com a sua criança.
👉Qual o papel do pai na adaptação escolar das crianças?
Na prática, pai, tudo isso vai ajudar para que nossos meninos e meninas não se desenvolvam como pessoas violentas, mas como indivíduos que contribuem para uma sociedade pacífica, que sensibilizam seus amigos e colegas para essas práticas. Dessa forma, o papel dos pais é fundamental para esse modelo de sociedade que precisamos construir.
Crianças são para crescer, e esperançar! Eu estou disposto a criar esse mundo! E você, pai?
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