Chega o final do ano e uma movimentação começa a tomar conta da sociedade na totalidade, e não tem a ver somente com o início do verão, afinal, os preparativos para as festas começam a virar assunto!
A corrida para compras de última hora, os engarrafamentos na descida para a praia e na entrada dos shoppings aumentam consideravelmente. É uma época muito excitante e aguardada para a maioria das pessoas.
Mas para alguns de nós, as festas, não tem um sabor assim tão agradável. Indivíduos com Transtorno do Processamento Sensorial (TPS) sofrem demais com o excesso de estímulos desta época em especial.
Nesse “combo” da alegria e diversão com a chegada das férias, estão embutidos inevitavelmente as multidões (e seus muitos sons), o excesso de barulho eletrônico, de informação e luzes e estímulos visuais – além dos já tão polêmicos fogos de artifícios.
As condições específicas das chamadas pessoas atípicas têm ganhado cada vez mais destaque na mídia e na nossa sociedade, mas ainda há muito o que se falar sobre o comportamento humano e as peculiaridades de cada indivíduo. Muitas vezes, costumamos relacionar a sensibilidade sensorial ao autismo ou outra condição genética cujas características sejam visualmente muito evidentes. Mas não é bem assim.
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Primeiramente precisamos falar que o Transtorno do Processamento Sensorial (TPS) é sim um estado alterado de saúde que requer atenção. Ele pode aparecer em qualquer idade e não está necessariamente ligado ao autismo, deficiência intelectual ou suas variáveis (mas indivíduos com deficiência ou problemas psiquiátricos tem maior propensão a manifestar o transtorno).
Embora mais frequente nessas populações, o Transtorno do Processamento Sensorial pode acometer pessoas que não tenham outras condições associadas, e por isso é preciso ficar de olho.
E como lidar com isso? É o que veremos neste artigo!
O que é sensibilidade sensorial exatamente?
O transtorno do processamento sensorial (TPS), ou popularmente conhecido sensibilidade sensorial, é uma desorganização do cérebro na maneira de captar ou processar os estímulos do entorno. Ele está ligado aos nossos sentidos e a forma com que nossos órgãos captam as informações, as transportam para dentro do corpo através do sistema nervoso e as conduzem até o cérebro.
Se for negligenciado, é possível que o TPS seja diagnosticado somente na idade adulta. Esse diagnóstico tardio pode implicar em uma maior dificuldade de interação social, já que a pessoa quando não é assistida passa a evitar situações desconfortáveis, ao invés de enfrentá-las.
Existe cura para TPS?
Embora não se possa falar em “cura”, o Transtorno do Processamento Sensorial tem tratamento e seus efeitos podem ser minimizados com a terapia ocupacional e suas ferramentas. O diagnóstico dessa condição já na infância pode ajudar a família a disponibilizar recursos que ajudem a pessoa com o transtorno a conviver melhor com estas questões desde cedo.
Como lidar com a sensibilidade sensorial?
A terapia ocupacional nestes casos vai ajudar a trabalhar a neuroplasticidade do cérebro da criança (ou adulto), ou seja, a capacidade do nosso cérebro de se transformar e se adaptar, melhor regulando as funções neurais e absorvendo novos aprendizados. Mas se você estiver de malas prontas e não tem como evitar a situação, preparamos algumas estratégias para aliviar o desconformo momentâneo da criança.
➡️ Chegue cedo e saia cedo
Deixar para chegar na última hora não é uma boa ideia. Geralmente quando o barulho ou multidão vai se construindo aos poucos, tendemos a nos sentir menos incomodados do que quando chegamos ao local no ápice do barulho e da confusão.
Ainda que isso não seja suficiente para evitar o desconforto de quem sofre com sensibilidade sensorial, ter mais tempo para se acostumar com a situação pode proporcionar um bem-estar maior. O ideal também é ir embora antes da dissipação da bagunça, quando as condições para deixar o evento e voltar para o silêncio e tranquilidade são mais favoráveis, evitando assim os engarrafamentos e buzinaço.
➡️ Procure locais nas bordas
Se não for possível evitar a multidão, procure evitar o “miolo da bagunça”, dando preferência para as laterais e fundos. Estes locais geralmente trazem um maior conforto sonoro. No meio da muvuca, a emissão de som nos atinge de todos os ângulos;
➡️ Use fones para isolamento de ruídos
Hoje em dia, com o comércio virtual bombando, você encontra com certa facilidade para compra fones de ouvido que atuam somente no isolamento de ruídos. Esse equipamento é muito valioso e gera um ótimo conforto para pessoas com sensibilidade auditiva.
➡️ Atenção redobrada com os muito pequenos
Crianças que sofrem de sensibilidade sensorial podem ficar tão incomodadas com determinadas situações que queiram sair correndo ou se esconder na tentativa de “se livrar” daquele desconforto. Por isso, atente-se ao seu redor e deixe a criança com contatos que podem levá-la novamente até você, em caso de perda. Pulseirinhas e colares de identificação sempre são boas opções, mas você também pode deixar um papel nos bolsos com endereço e telefone. Em grupos, nunca presuma que outros adultos estão olhando pelas crianças, e mantenha sempre o alerta. A depender da idade da criança, vale uma conversa anteriormente para alinhamento de expectativas: diga aonde estão indo e, se possível, como é o espaço e o que pode ser esperado por lá. Lembre-se também de pedir para a criança sinalizar qualquer sinal de desconforto para um adulto responsável. O óbvio para o adulto não é óbvio para a criança.
➡️ Bonés e óculos de sol
O uso de aparatos para encobrir os olhos pode ajudar os pequenos com sensibilidade à luz. Os óculos devem ser de lentes de boa qualidade, pois os de plástico podem apresentar um risco ainda maior à saúde dos olhos, fazendo com que as pupilas fiquem ainda mais receptivas à luminosidade (o que pode aumentar ainda mais o desconforto).
➡️ Dê conforto emocional
É sempre importante que o adulto (ou outras crianças) validem o sentimento da pessoa com TPS. O fato de as pessoas a sua volta não estarem incomodadas não pode servir de prerrogativa para minimizar a dor da criança. Frases como “eu imagino que deve ser bem ruim” ou “nós vamos fazer tal coisa pra te ajudar a lidar com isso” e até mesmo perguntas como “o que nós podemos fazer para que você se sinta melhor?” são falas que fazem com que a criança se sinta vista e respeitada na sua singularidade.
➡️ Converse com as outras crianças
Se você está com mais crianças, é importante explicar para as demais sobre o que é o transtorno e como a pessoa se sente quando tem essa condição. Isso pode fazer com que as outras crianças deem apoio, respeitem e ajudem aquela que está passando pelo desconforto. Respeitar as diferenças e particularidades de cada um é uma atitude que precisa ser incentivada desde a infância, para que as crianças possam aceitar, entender e acolher as diferenças.