Dia 04 de junho é o Dia Internacional das Crianças Vítimas de Agressão. A data, proclamada pela Organização das Nações Unidas (ONU), chama a atenção de todo o mundo para a dor sofrida pelas crianças vítimas de abusos físicos, mentais e emocionais. Por isso, pensando na importância de uma educação respeitosa e nas consequências da educação punitiva para adultos e crianças, vamos conversar sobre por que bater não é educar?
Confira abaixo o texto de Isabelli Gonçalves, Educadora Parental em Disciplina Positiva (PDA), especialista em neurociência, educação e desenvolvimento infantil, além de responsável pelo perfil @depoisquepariduas, dentista e mãe da Helena, de 5 anos, e da Lívia, de 3 anos. Acompanhe! 🚨
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Bater não é educar! Vamos questionar nossas atitudes?
Por Isabelli Gonçalves
Quando falamos sobre infância, sempre citamos que as crianças são nosso futuro. Mas, será que pensamos assim mesmo? Será que deveríamos pensar dessa forma?
Ao mesmo passo que rimos e achamos graça dos vários vídeos que ridicularizam crianças, nos revoltamos quando uma criança vem a óbito pela violência doméstica, causada pelas únicas pessoas que deveriam cuidar e protegê-la.
E a comoção é ainda maior quando a notícia vem de um bairro de classe média ou de uma família de classe média alta. Quando, no entanto, sabemos que a constância e os números da violência contra a criança são bem maiores em famílias em estado de vulnerabilidade social.
Você já parou para pensar quantos casos de violência infantil não são divulgados ou denunciados? Entre 2016 e 2020, 35 mil crianças e adolescentes de 0 a 19 anos foram mortos de forma violenta no Brasil – uma média de 7 mil por ano. Um ponto muito importante é que crianças não são vistas como humanos. São excluídas, escanteadas, humilhadas.
Existe essa fake news da parentalidade que vem de dezenas de anos atrás, que diz que precisamos punir para ensinar, precisamos castigar, precisamos limitar, precisamos, inclusive, usar força física para que nossas crianças saibam o “seu lugar”. A antiga teoria de que “se não apanhar em casa, vai apanhar da vida”.
Ora. Que conclusão tosca. Se a vida é cruel, porque não poderíamos (ou deveríamos) ensinar sobre o amor, afeto e oferecer um local de segurança para onde nossos filhos tenham a onde recorrer?
Me digam, qual outro grupo pode sofrer tantas maldades sem receber retaliação? Idosos, mulheres, negros. Mesmo que a passos lentos, pela ótica social, sabemos que não é aceitável ou tolerável excluir e machucar. Mas, com crianças, esse papo muda. E vemos as pessoas se omitindo: “cada pai e mãe sabe o que faz…”
Então, o que podemos fazer para as crianças serem respeitadas? Seria necessário mudar uma cultura inteira, onde acreditamos de forma fiel que bater ou castigar significa educar e é correspondente a amar. Significa fazer das nossas crianças adultos do bem, trabalhadores e disciplinados por meios violentos e cruéis.
Essa afirmação não é correta porque a ciência já nos mostra que a violência na infância causa problemas reais e muito sérios na vida adulta, como depressão, ansiedade, problemas de socialização e, inclusive, agressividade. Sim, o que queremos que nossos filhos e filhas não sejam, acaba se tornando realidade pela decisão que tomamos ao educar pelos meios tradicionais.
Precisamos mudar a visão social em relação ao que realmente significa educar. Essa mudança cultural não é fácil e tampouco aplicável sem ajuda. Uma vez que pais que apanharam na infância não conseguem se desconectar desse ciclo violento e reproduzem essa violência nos seus filhos. É quase que inconsciente.
Então, apesar de falarmos que as crianças são nosso futuro, na verdade elas são nosso presente. Precisamos urgentemente começar a pensar que crianças são tão humanos como nós. Merecem respeito e dignidade. Merecem um lar que será o refúgio desse mundo tão cruel.
Portanto, não deveríamos pautar a educação dos nossos filhos em prepará-los para o mundo cruel. Deveríamos educá-los para tornar o mundo MENOS CRUEL.
Sabemos que educar não é tarefa fácil. Mas, você sabia que os livros podem ser grandes aliados nesta missão? Se você quer ler e viver as melhores histórias com as crianças, não deixe de conhecer o Clube Leiturinha: o maior clube de livros infantis da América Latina! Acesse o site, escolha o plano ideal para sua família e receba todo mês o livro ideal para seu pequeno ou pequena, na sua casa! 📚❤️