Fernando Pessoa para crianças

mar 23, 2018 | 4 - 6 anos, 7 - 10 anos, Palavra da Curadoria

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Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Álvaro de Campos

Se você pudesse escolher ser outra pessoa, quem seria? E se você pudesse ser mais de uma pessoa?! Quais personalidades adotaria? Este questionamento é muito comum entre os pequenos, especialmente quando já se dão conta de aspectos de sua identidade em contraposição à dos outros. Por que nasci aqui e não em outro lugar? Por que esta é minha família e não outra? São questionamentos que quase todos, em algum momento da vida, fazem.

A questão da construção da identidade é intensamente abordada na literatura, que por si só trata do que há de humano em nós. Em suas mais diversas formas e gêneros, as obras literárias passam a fazer cada vez mais sentido aos pequenos, indo ao encontro de suas angústias e problematizações sobre a vida, enriquecendo sua maneira de pensar e estar no mundo. Obras assim, tais como a que apresentaremos, são ideais para o público infanto-juvenil, pois unem em si o melhor dos dois mundos: a leveza da ludicidade da infância e a profundidade da existência humana.

“E se eu fosse outros?”: Fernando Pessoa para crianças

E-se-eu-fosse-outros

O livro E se eu fosse outros?, escrito por Sidney Bretanha e ilustrado por Rogério Forti, traz como personagem o pequeno Fernando, inspirado no poeta português Fernando Pessoa, que viveu de 1888 a 1935. O poeta, questionador e inventivo como era, escreveu e pensou como outras pessoas, experimentando diferentes modos de ser, através de seus heterônimos. Dessa forma, sua obra se tornou um retrato das personalidades nas quais ele mergulhou intensamente.

A obra aborda um pouquinho da vida do poeta de forma ficcional e lúdica. Sem deixar de transmitir a forma como ele pensava sobre o amor, que era múltiplo, sendo um só, assim como seus heterônimos. Na história, o pequeno Fernando tem que fazer uma tarefa escolar: Falar sobre o amor. Questionando sua mãe, ele descobre que o amor pode se manifestar de diversas formas, embora seja um único sentimento. Assim, Fernando brinca com a imaginação e fala sobre o amor, e nada melhor do que a poesia para expressar este sentimento!

Com a palavra, o autor!   

Nós batemos um papo com o autor Sidney Bretanha, que nos contou um pouco sobre sua experiência no mundo da literatura, da dramaturgia e das poesias e, também, sobre como surgiu a ideia de escrever um livro sobre Fernando Pessoa para crianças. Confira um pouco do que ele compartilhou com a gente:

“Desde adolescente fui e sou apaixonado por Literatura. Quando conheci Fernando Pessoa no ensino médio, me encantei com a multiplicidade dos poemas através de seus heterônimos. Tanto que anos depois, como também sou ator e dramaturgo, montei duas peças usando Alberto Caeiro e Álvaro de Campos. Ao cursar a disciplina de Literatura Infantil/Juvenil na Universidade de São Paulo, percebi a lacuna em ter algo sobre Fernando Pessoa para crianças. Como explicar a heteronímia? Como resgatar a poesia na infância? Como falar da multiplicidade das formas de amar que temos em nossas vidas? Foi aí que resolvi falar de tudo isso numa linguagem acessível, divertida e bem humorada, trazendo questões simples, mas essenciais que o próprio poeta português nos transmite com tanta leveza e intensidade. As ilustrações do Rogério Forti auxiliaram a visualizar essa poesia. O livro irá virar peça teatral infantil dentro do projeto Eu Alimento a Cultura, criado por mim em parceria com designer Guilherme Bruniera.”

Por que a Equipe de Curadoria da Leiturinha recomenda este título?

É comum que por volta do décimo aniversário os pequenos já tenham estabelecido quais são suas preferências literárias e já escolham seus próprios livros por si só. Para os que apreciam a poesia, este livro é um convite a um mergulho no que há por trás de uma obra poética: o espírito inquieto e questionador e um olhar sensível sobre as coisas mais banais. Para quem se estranha um pouco com o gênero lírico, esta obra também é uma boa história, em que a poesia emana de forma sutil e em que podemos nos colocar no lugar de um garoto se deparando com mistérios com os quais decide lidar usando as palavras. Ah… e como ele sabia usá-las!

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Sarah Helena

Mãe de Cecília e de Olívia, psicóloga, escritora, especialista em filosofia e mestre em educação profissional e tecnológica. Sempre trabalhou com famílias, especialmente com os pequenos. Por esse amor ao universo afetivo infantil, hoje, na Leiturinha, integra o time de Curadoria e colabora fortalecendo o vínculo das famílias leitoras através da experiência da literatura.

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