O que fazer quando meu filho me desafia?

dez 27, 2019 | 0 - 3 anos, 10+ anos, 4 - 6 anos, 7 - 10 anos

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Existe uma fase na infância em que as crianças começam a compreender que elas são seres individuais, separadas da mãe ou principal cuidador. Essa fase costuma acontecer por volta dos dois anos de idade e recebeu, inclusive, um termo bastante questionado: “terrible two” (terríveis dois). No entanto, após essa idade, o comportamento desafiador passa a ser uma constante na vida dos pais. Alguns, inclusive, dizem que educar é como um jogo de vídeo game, cada fase é um novo desafio.

Mas o que fazer quando meu filho me desafia?

Quando pesquisamos a palavra desafiar no dicionário encontramos: “dirigir provocação, incitando (alguém) a duelo, combate ou guerra.” Ou ainda: “propor medir forças numa modalidade qualquer de luta, competição etc.” Eu não sei você, mas quando eu leio essas definições a primeira coisa que imagino é uma criança de dois anos vestida em uma armadura, com um escudo e lança nas mãos indo para a guerra. Pode parecer hilário e é. 

No entanto, quando acreditamos que as crianças nos desafiam é assim que nos comportamos com elas, como se estivéssemos em uma guerra

E um comportamento que é completamente normal e natural para a idade passa a ser tratado como se fosse o duelo da vida. Encaramos a necessidade da criança de mostrar ao mundo que ela existe, que tem vontades independentes da nossa como desrespeito e por isso nos armamos. 

Eu gosto de usar o seguinte exemplo: a criança está muito distraída e entretida brincando. Aviso a ela que está na hora do banho e que os brinquedos precisam ser guardados. Ela diz não. Digo que ela já brincou bastante e que agora é hora do banho. Ela começa a berrar. Eu a levo no colo para o banheiro e já vou tirando a roupa e colocando no chuveiro. O choro se transformou em gritos. Eu explico que ela já brincou bastante, amanhã poderá brincar mais. Agora, além do choro, ela já se debate no chão. Eu me descontrolo, talvez eu grite, talvez eu traga os brinquedos e jogue todos dentro do box do banheiro. 

Essa cena lhe parece familiar?

Quando recebemos o primeiro não da criança o que existe é apenas uma pequena chama de fogo. Nesse momento, temos duas escolhas: jogar água e apagar a ameaça de incêndio ou jogar gasolina e fazer aquela pequena chama se transformar em uma verdadeira fogueira. Qual das duas opções você acredita que aconteceu no exemplo acima? 

Agora imagine a seguinte cena: você está muito tranquila assistindo a sua série preferida na televisão. Faltam poucos minutos para terminar o episódio final. Alguém chega e lhe avisa que está na hora desligar a televisão e estudar um pouco. Você diz que falta pouco para acabar o episódio e logo irá estudar. A pessoa olha para você, pegar o controle da televisão e a desliga sem dizer nada. Conseguiu imaginar? Como você se sentiu? O que pensou? O que decidiu fazer? Ficou com vontade de ir estudar? Ou talvez tenha tido vontade de agarrar o controle e ligar a televisão novamente? 

Percebeu? Constantemente colocamos gasolina em pequenos foguinhos ao invés de apagá-los quando ainda estão no início. 

Quando compreendemos como funciona o cérebro das crianças e as ajudamos a expressar o seu desejo de maneira saudável reduzimos muito os conflitos familiares. Quando passamos a construir soluções ao invés de impor nossa vontade, a criança passa a sentir que faz parte do processo de decisão e que seu espaço e necessidades são respeitados. 

Em uma próxima vez que você sentir que seu filho está te desafiando, experimente pensar o seguinte: a forma como eu estou agindo e falando com meu filho demonstra respeito? Se a resposta for não, tente mudar a abordagem. Às vezes um simples gesto, uma simples palavra pode mudar a forma como o outro responde. 

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Gabriela Braun

Consultora educacional, educadora parental e mãe do Rafael. Ajuda mães e pais a lidarem com comportamentos desafiadores dos filhos através da educação consciente. *Gabriela é especialista em educação parental e foi convidada pelo Blog Leiturinha para compartilhar sua opinião com as nossas famílias leitoras.

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