A alimentação infantil costuma ser tema frequente de rodas de mães, grupos de aplicativos e redes sociais. Também está bastante presente na literatura científica, palestras e, atualmente, até em lives na internet. Pensando neste assunto tão importante e recorrente, você sabe qual a importância da alimentação das crianças para o aprendizado?
Por que falar de alimentação infantil?
Mães, pais e cuidadores em geral costumam se preocupar com o que os pequenos ingerem. Afinal, já é de domínio público que a dieta das crianças interfere diretamente em sua saúde e, por consequência, em suas atividades de vida diárias. A vitalidade comum da infância é resultado de complexas interações bioquímicas que ocorrem no interior das células. E o aprendizado está condicionado à qualidade da alimentação.
A comunidade científica não se cansa de pesquisar a influência da nutrição infantil em seus processos biológicos e como a má-nutrição traz prejuízos importantes para a infância e a adolescência. Além disso, a alimentação pode ter efeitos a longo prazo, influenciando na vida adulta e no envelhecimento.
Nutrição e aprendizado
Os nutrientes obtidos através da alimentação, como proteínas, vitaminas e minerais, por exemplo, fazem parte de uma cadeia de reações que ocorrem no organismo humano. Alguns nutrientes específicos fazem parte da formação e manutenção da saúde dos neurônios, as células que compõem o sistema nervoso. Já outros formam as células vermelhas, que são responsáveis por levar o oxigênio a todas as células do corpo.
Fica fácil, então, compreender que a deficiência de tais nutrientes acomete diretamente sistemas importantes do organismo. E isso leva a problemas diversos: desde um cansaço mais frequente que impede a criança de brincar com entusiasmo, passando por falta de motivação, até dificuldades de concentração e de manutenção do foco na hora de aprender ou estudar, devido a lentidão de raciocínio.
Em resumo, uma alimentação de qualidade permite que as crianças desenvolvam cérebros potentes. Assim, uma boa nutrição garante que os pequenos tenham a energia disponível para absorver e assimilar tantos aprendizados, desde o nascimento até as fases seguintes.
Por que ensinar as crianças a não separar os “verdinhos” no prato?
Os vegetais, principalmente legumes, verduras e frutas, são nossas principais fontes de vitaminas e minerais. Uma dieta pobre em alimentos desta categoria afeta diretamente as reações químicas cerebrais, que são dependentes desses micronutrientes que consumimos por meio dos alimentos.
Dados do Relatório do Progresso Global – Deficiência de Vitaminas e Minerais, documento produzido pela UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) com mais de 80 países em desenvolvimento, revelaram que a alimentação deficiente em vitaminas e minerais está causando a redução média do QI e perdas de produtividade, processo que se reflete ao redor do mundo. O documento concluiu, ainda, que a deficiência está tão disseminada que debilita em grau significativo o intelecto e as perspectivas econômicas das nações.
Algumas deficiências, como a de vitamina A, podem ser revertidas. Porém, algumas delas causam danos permanentes. Deficiências de iodo e de ferro, por exemplo, causam prejuízos cognitivos significativos: a anemia ferropriva é prevalente em 45% das crianças brasileiras menores de 5 anos. E, a cada ano, a insuficiência na ingestão de vitamina A mata cerca de 4.000 crianças.
Nesse sentido, a orientação amplamente difundida de se colorir o prato da criançada, é cada dia mais reforçada por nutricionistas comprometidos com a nutrição infantil. Quanto mais diversificada a dieta e mais colorido o prato, maior a presença dos micronutrientes e a garantia de que serão bem absorvidos e utilizados pelos sistemas orgânicos.
Como melhorar a alimentação das crianças
Algumas recomendações para melhorar a alimentação das crianças e, consequentemente, potencializar a aprendizagem, englobam os estímulos à alimentação saudável de forma precoce, os bons exemplos, a preferência por refeições caseiras e a inclusão dos pequenos nos preparos, por exemplo. Quanto mais cedo os pais e responsáveis se importarem com a qualidade da alimentação infantil, melhor.
E isso também vale para o aleitamento materno, exclusivo até os seis meses e complementado com alimentos saudáveis até os dois anos de idade ou mais. No Brasil, a média de aleitamento materno exclusivo é de apenas 54 dias. No entanto, o leite materno faz toda a diferença na saúde do bebê, já que possui todos os nutrientes necessários até o sexto mês de vida. Além disso, possui fatores de proteção que blindam o sistema imunológico dos pequenos, continuando a exercer um papel fundamental mesmo após a introdução alimentar e contribuindo com nutrientes diretamente relacionados à inteligência.
A importância dos bons exemplos
Não costuma ser produtivo incentivar uma boa alimentação para as crianças se a rotina alimentar da família gira em torno de açúcares e fast foods. As crianças assimilam os exemplos práticos dados por seus cuidadores. Portanto, se limitar apenas ao blábláblá e não aplicar na prática o que se ensina, não trará resultados efetivos.
Nesse sentido, preparar os alimentos em casa e incluir as crianças nesse momento, conforme as possibilidades de cada família, também faz um bem danado para criar bons hábitos alimentares. A curiosidade infantil aliada ao hábito de cozinhar em casa, transforma uma preparação simples em uma aula de nutrição.
E não é necessário ser expert em culinária para que os resultados apareçam! Aos poucos, fazer a substituições de alimentos comprados prontos ou pré-preparados, geralmente ricos em gorduras e sal, por pratos caseiros, feitos principalmente com matéria-prima oriunda de feiras e sacolões, como frutas, verduras, legumes e grãos, muda os hábitos de todos. Ainda, reforça um vínculo positivo entre as crianças e a comida.
Alerta: açúcares em excesso
Por fim, por mais que o açúcar seja agradável ao paladar das crianças, deve ter o consumo restrito. Mas não proibido, a não ser em casos específicos. Isso porque o açúcar em excesso desencadeia a liberação de altas doses de insulina no organismo, resultando em crianças com elevado nível de irritabilidade e distúrbios de concentração e hiperatividade, por exemplo.
Portanto, pensando também nos processos de aprendizagem, o elevado consumo de doces pode ser uma catástrofe. E traz diversos prejuízos a curto, médio e longo prazo.
A importância da alimentação para o aprendizado
Incentivar bons hábitos alimentares na infância favorece a aprendizagem. Não apenas frente aos intermináveis conteúdos escolares, mas, sim, todo o aprendizado frente à vida.
Para isso, é necessário que olhemos com carinho e atenção para a nossa própria relação com a comida. Só assim será possível transmitir às crianças o ensinamento de que uma alimentação equilibrada pode também ser muito gostosa!
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