Ronco na infância: quais são os sinais de alerta?

Apresentar ronco em algumas situações é normal (cansaço, resfriado, sinusite). Mas em outros casos esse ronco pode estar associado a uma condição chamada apneia obstrutiva do sono (AOS). Uma criança com essa alteração apresenta períodos em que o ar respirado não consegue passar normalmente do nariz até os pulmões ao dormir. Descubra como identificar quando o ronco na infância torna-se algo prejudicial para sua criança. 

Quando o ronco na infância é prejudicial?

Acredite se quiser: passamos aproximadamente um terço de nossas vidas dormindo. Quanto mais novos somos, maior nossa necessidade de sono. Um recém-nascido, por exemplo, precisa dormir de 14h a 17h por dia. Isso acontece porque, ao nascer, o bebê não possui o sistema nervoso bem consolidado e é durante o sono que o cérebro libera substâncias para favorecer essa consolidação por meio da produção de substâncias envolvidas no crescimento, memória, aprendizagem, bem-estar e “limpeza” das toxinas.

No caso de as crianças não terem um boa noite de sono, todo esse sistema fica desajustado, trazendo prejuízo para o desenvolvimento físico e neuropsicológico.

Apresentar ronco em algumas situações é normal (cansaço, resfriado, sinusite), mas, em outros casos, esse ronco pode estar associado a uma condição chamada apneia obstrutiva do sono (AOS). Uma criança com essa alteração apresenta períodos em que o ar respirado não consegue passar normalmente do nariz até os pulmões ao dormir.

Mas o que pode causar ronco na infância?   

O fator de risco mais comum para uma criança desenvolver AOS é a hipertrofia de amígdalas e adenoides. Comumente chamadas de “carne esponjosa”, as adenoides estão localizadas na nasofaringe (região no fundo do nariz). Seu aumento limita o espaço de passagem do fluxo de ar.

As amígdalas são estruturas visíveis a olho nu quando a criança abre a boca e coloca a língua para fora. Elas ficam no fundo da garganta entre a língua e a úvula. O aumento delas também reduz o espaço da passagem de ar.

A hipertrofia de amígdala e adenoide é o fator de risco mais comum, porém está longe de ser o único. Estudos indicam que crianças com sobrepeso têm maior probabilidade de desenvolver apneia do sono, uma vez que há um acúmulo de gordura na garganta”. A chance da garganta colabar durante o sono é bem maior.  

Outro grupo que também apresenta fator de risco são as crianças com doenças congênitas ou adquiridas que afetam o tônus muscular (ex. distrofia muscular e paralisia cerebral), problemas no controle respiratório, síndromes genéticas (ex. Down e Prader-Willi), ou aqueles com variância anatômica de face ou garganta (ex. queixo ou garganta pequenos, língua grande ou uma fenda/orifício no céu da boca ) e, por fim, a história familiar.

Quais sinais devo observar?

Para saber se a criança pode ter Apneia Obstrutiva do Sono é importante observar alguns sinais: 

  • Ronco frequente
  • Grande quantidade de “xixi” na cama
  • Acordar várias vezes durante a noite
  • Agitação ou até alguma “pausinha” na respiração durante o sono.

Além desses sintomas, a Sociedade Brasileira de Pneumologia nos traz que crianças que possuem Apneia Obstrutiva do Sono geralmente apresentam alterações no humor, no comportamento, na atenção, mau desempenho na escola, hiperatividade, sonolência, cansaço extremo, dor de cabeça (principalmente pela manhã) ou voz anasalada.

Existe algum exame para confirmar a Apneia Obstrutiva do Sono?

Sim, a polissonografia

Esse exame é realizado durante a noite com o objetivo de reproduzir algumas das características habituais do sono do paciente. Na “polisono” são colocados diversos eletrodos e sensores no corpo do paciente para o registro de ondas cerebrais, movimento dos olhos, contração da musculatura do queixo, eletrocardiograma para se verificar o funcionamento do coração, quantidade de ar que entra pelo nariz e vai até os pulmões, esforço respiratório e outros movimentos corporais (ex. contração dos músculos da perna). 

Estes dispositivos são colocados externamente no corpo do paciente. Os padrões característicos obtidos pelos sensores são registrados durante toda a noite e são interpretados posteriormente por um médico neurologista. Vários parâmetros podem ser analisados, tais como: o tempo que o paciente demora para adormecer, a quantidade de sono e das diferentes fases de sono, o número de eventos anormais (ex. apneias do sono e de movimentos dos membros) e teor de oxigênio no sangue.

Apneia do sono tem tratamento?

Existem vários tipos de tratamento para AOS e tudo dependerá da causa.

Perda de peso, mudança de posição durante o sono, tratamento de alergias, amigdalectomia e adenoidectomia (cirurgia para retirada de amígdala e adenoide), fonoterapia (tratamento fonoaudiológico para fortalecimento da musculatura), aparelho ortodôntico e pressão positiva contínua na via aérea nasal (CPAP) são algumas formas de tratamento. 

Mas é o médico especialista em Medicina do Sono que dará a orientação e determinará o manejo das estratégias para tratamento da Apneia Obstrutiva do Sono.

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