Quando os pequenos começam a racionalizar o mundo? Um livro que instiga a capacidade de imaginar

ago 30, 2018 | 10+ anos, 7 - 10 anos, Palavra da Curadoria

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Certo dia um porco aparece na janela do quarto de uma garotinha. Logo ela pensa: Que porco bonito! Ele deve ser mágico… E você, o que pensaria se um porco aparecesse na janela de seu quarto? E se você tivesse 6 anos, o que pensaria? E com 8, como seria? Uma criança de 7 anos, certamente, procuraria uma razão lógica para o fato, enquanto uma de 4, poderia, simplesmente, achar aquilo mágico! É o que acontece quando passamos a racionalizar e a buscar uma lógica em tudo, o que não para de acontecer ao longo de nossa vida adulta, raros casos em que uma boa história nos captura, devolvendo as asas de nossa imaginação!

Entre o pé no chão e a cabeça nas nuvens: Quando os pequenos começam a racionalizar o mundo?

Conforme crescem, os pequenos passam por várias etapas do desenvolvimento, desde as brincadeiras de imitação e repetição, passando pelos jogos simbólicos, de faz de conta, até a construção das regras e pensamento lógico. Piaget descreveu esta jornada em três fases do desenvolvimento infantil: os jogos de exercício, os jogos simbólicos e os jogos de regras. Assim, com o tempo, tendemos a racionalizar cada vez mais o mundo e vamos deixando a nossa capacidade de imaginar, devanear e fantasiar para as horas livres, como se esta fosse menos séria ou menos relevante.

Não há dúvidas da importância de racionalizar o mundo para compreender os padrões e as regras que regem cada fenômeno que nos cerca. Mas por que deixar o pensamento criativo e imaginário em segundo plano? Ter o pé no chão tem sua função, mas deixar a cabeça voar pelas nuvens é igualmente importante. O desafio é saber mesclar essas duas habilidades de forma equilibrada, de modo a exercitar o melhor dos dois mundos: o raciocínio lógico e o pensamento abstrato!  

Da realidade à imaginação: o papel da literatura no desenvolvimento integral dos pequenos

A literatura tem um papel fundamental no desenvolvimento de nossas múltiplas potencialidades de pensamento e, quando se trata de literatura infantil, o papel do mediador se mostra decisivo. É ele quem vai instigar a criança a ir além da leitura, construindo e expressando suas interpretações acerca do que é descrito.

O livro O Porco Mágico, de Dorothée de Montfreid, publicado pela Editora WMF Martins Fontes e selecionado pela Equipe de Curadoria da Leiturinha, cumpre exatamente o papel de levar para longe nossa imaginação, deixando, ao mesmo tempo, margem para os leitores mais realistas encontrarem um chão para pisar.

O Porco Mágico: um livro infantil que instiga a capacidade do leitor de imaginar!

Porco-Magico

O roteiro é simples e cômico, beirando o universo fantástico. A história é sobre um porco mágico que aparece na janela do quarto de uma menina. Nesse momento, sem titubear, ela logo diz: “Bom dia, porco. Como você é bonito! Tenho certeza de que você é mágico.” A magia não é colocada em questão pela garotinha, ela simplesmente aceita isso como fato e sai por aí, em cima do lombo do porco.

Pelo caminho, ela encontra um cão, um gato e um coelho – todos duvidam do porco, achando que ele é um bicho qualquer, nada especial. Nesse momento a autora apresenta a realidade como possibilidade, a suspeita colocada pelo olhar do outro poderia colocar em cheque a magia do porco, mas, num desfecho maravilhoso, todos resolvem dar um crédito ao porco (ou à menina) e a seguem, fazendo, cada um, um pedido ao porco mágico.

E tal é o encanto da história, que, ao final, os pedidos se realizam… Mas seria mesmo o porco, mágico?! A resposta fica a critério do quão longe pode ir a imaginação do leitor! Este livro nos diz muitas coisas interessantes, dentre elas que, às vezes, precisamos apenas acreditar que existe magia em algo para nos darmos conta da capacidade que existe em nós mesmos.

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Sarah Helena

Mãe de Cecília e de Olívia, psicóloga, escritora, especialista em filosofia e mestre em educação profissional e tecnológica. Sempre trabalhou com famílias, especialmente com os pequenos. Por esse amor ao universo afetivo infantil, hoje, na Leiturinha, integra o time de Curadoria e colabora fortalecendo o vínculo das famílias leitoras através da experiência da literatura.

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