Você tem uma criança ciumenta em casa? Se você está passando por uma situação parecida, espero que este texto sirva de reflexão e ajuda para você. Que acalente seu coração e ajude a passar por isso. Se não, reflita e esteja preparado por algo que pode vir a passar..
Quando eu tinha cinco anos, minha mãe engravidou da minha irmã. Nós morávamos no interior, com meus avós. A notícia da irmã veio da seguinte forma: “Vamos nos mudar, você vai ganhar uma nova casa, um novo pai e uma irmãzinha para brincar com você!”. Tudo isso dito com poucas vírgulas, de um jeito rápido para que não houvesse muito tempo para processar tudo. Foi assim que eu imaginei a minha nova vida: cheia de companheirismo, brincadeiras e risadas com a minha irmã que estava por chegar.
Então minha mãe ficou doente, durante a gestação mesmo: seis meses de cama. Ela já não podia mais brincar comigo, não me pegava mais no colo, só ficava no quarto em cima da cama, enquanto sua barriga crescia. “A mamãe precisa ficar deitada para sua irmã crescer forte” ela me dizia. Nesse momento, a ideia de ter uma irmã já não parecia mais tão divertida. Eu sentia falta da minha mãe e a culpa, nitidamente, era da minha irmã, que não havia nascido ainda.
Então ela chegou…
Com ela, toda falta de paz, uma mãe mais agitada, que me pedia silêncio o tempo todo, que não brincava mais, que me obrigava a fazer coisas que eu não queria, comer o que eu não gostava. Eu havia perdido minha liberdade e meus sorrisos diários. Ainda por cima, minha irmã não servia para brincar porque só dormia!
Pode parecer um relato bobo e comum, mas foi exatamente assim que me senti quando minha irmã chegou. Passei a chorar mais, brigar mais, bater mais. Minha mãe dizia que eu estava insuportável, que só pensava em mim. Era verdade. Eu tinha seis anos e só pensava em mim, porque é isso que crianças de seis anos costumam fazer. Eu tinha ciúmes dessa nova criança que invadiu minha casa, roubou minha mãe e meu tempo com ela.
O que fazer quando crianças tem ciúmes?
Acolher! Quanto mais acusamos ou negamos o que a criança sente, mais confusa deixamos a criança. Sentir ciúmes de irmãos, de amigos com os pais é muito comum. Mas muitas vezes tratamos a criança como se ela não tivesse direito de sentir o que está sentindo. A falta de empatia com o que o outro está vivendo nos leva a rotular, julgar e condenar.
Aceite que a vida da criança está passando por mudanças. Acolha o que ela está sentindo e crie estratégias que a faça sentir-se amada, como por exemplo, o dia do filho único. Ter um espaço de tempo só com aquela criança, onde a sua atenção esteja destinada 100% para ela, traz conforto e o sentimento de importância, de sentir-se parte. Quando a criança sente ciúmes, ela está buscando aceitação, sentir-se parte daquela família.
Crie momentos que sejam compartilhados com toda a família…
Mas também momentos em que a criança possa sentir-se única para a mãe e o pai. Se os filhos já forem maiores e tiverem conflitos, intervenha o menos possível nos seus conflitos. Dê a eles a oportunidade de aprender a resolver sozinhos. Quando for preciso intervir, atue como mediador e não como juiz. Quando nos posicionamos sobre quem está certo ou errado estimulamos o ciúmes entre os irmãos.
Respire, escute o que a criança tem a dizer. Quando a criança se sente ouvida o ciúmes fica pra trás.
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