Todo mundo já passou pelo processo de imaginar-se como um personagem, seja ele um super-herói, uma fada ou um pirata. Quantas crianças já viveram seus momentos imaginando-se voando entre as nuvens, descobrindo o oceano ou pilotando um carro de corrida? Mas você já pensou em criar personagens junto com seu pequeno ou incentivá-lo a fazer isso?
Fantasiar é um processo evolutivo importante na construção do caráter.
A fantasia é uma forma de você ajudar a criança a organizar seus afetos e as percepções de si mesmo e do mundo. – Jean Piaget
O personagem que vive um momento de luta, batalha, frustração, desafio ou que aprende algo novo acaba trazendo para a criança uma vivência nova e um olhar diferente sobre sua própria vida. Traz experiências.
Aqui vou dar algumas dicas de como fazer um aproveitamento maior dessa vivência com personagens e fantasia e de como aplicar isso na rotina familiar para estreitar laços e abordar diferentes questões com delicadeza. Vamos lá?
1. Prepare o ambiente
A atividade não pode soar como uma tarefa ou uma obrigação. É um momento divertido, lembre-se disso! Por isso, materiais coloridos como papel, giz de cera, canetinha e lápis de cor são importantes para que a criança expresse sua imaginação como quiser. Blocos de montar podem ser usados, assim como objetos descartáveis como copinhos, pratos e papelão. Tudo disposto de maneira bem simples e sem obrigação de ser utilizado.
2. Comece pelo começo
Parece óbvio, mas não é. O primeiro passo para seu pequeno criar o personagem é respondendo algumas perguntinhas. Quem é o personagem? Qual o nome dele? Qual a idade dele? É um monstro, uma sereia, um alien? Qual o tamanho dele? Qual seu maior sonho? E seu maior medo? Qual a sua comida predileta? Que tipo de roupa ele gosta de usar. Ele usa roupa? Ele voa, nada, corre muito, é lento?
A ideia aqui é deixar pra lá o contexto do personagem, seus amigos, família e suas atividades, mas falar o máximo possível dele. Use e abuse da criatividade e da fantasia, pedindo para o pequeno imitar o jeito de andar e falar do personagem, cantar um trecho da música predileta dele e o que mais vier à cabeça. É o momento em que a criança conhece o novo amigo.
3. Construa o cenário
Agora sim é a hora de perguntar se o personagem tem família, se ele estuda, se tem um bando de aventureiros, onde ele mora e como é seu lar. Não se prenda ao cotidiano: o personagem pode morar literalmente onde a criança quiser, seja uma casa na árvore, um submarino ou uma nuvem. Geralmente nessa etapa já começam a surgir situações e pequenas histórias. Não há problema, mas foquem em criar o ambiente do personagem e explorem recursos como desenho, massinha de modelar ou foto-colagem para tentar tornar o cenário visível.
Enxergar esse novo mundo vai ser importante para a solidez da criação.
4. Agora sim, histórias!
Essa etapa é a que vai trazer percepções super importantes. Se seu pequeno colocar o personagem em uma situação de disputa com outro personagem, você vai perceber que ele já entende de conflitos e provavelmente pensou sobre isso. Se o assunto da história for um conflito familiar, é um indicativo de que a criança prestou atenção na sua rotina familiar ou na de um amigo, ou até mesmo refletiu sobre família ao ver uma atração na tv.
Não encare a história criada pelo pequeno como um diagnóstico, mas sim como um termômetro que revela o quanto ele pensa sobre o mundo ao seu redor. Aqui a família traz elementos, objetos, lugares, novos desafios e brinca com a criança para que ela intensifique a experiência. É uma etapa difícil se a família tiver alguma barreira criativa.
Por isso, aqui vão algumas sugestões de situações nas quais você pode encaixar o personagem do pequeno para que ele avance na imaginação:
- O que esse personagem faria se encontrasse o Gênio da lâmpada?
- Esse personagem ficou doente e vai passar 20 dias em casa. O que ele vai fazer durante esse tempo?
- O personagem ganhou uma viagem de apenas um dia para qualquer lugar do universo. Para onde ele vai?
- Como esse personagem reagiria se viajasse no tempo e fosse pro tempo dos dinossauros?
- Quais seriam as ordens dadas por esse personagem se ele se tornasse presidente de uma hora pra outra?
5. Consolide o aprendizado
É importante que essa experiência fique marcada na memória familiar. Ela vai ser utilizada em momentos diversos da vida da criança, mesmo depois de adulta. Quantos de nós não lembramos de um desenho animado ou livro que lemos na infância no meio de uma entrevista de emprego, de um momento difícil ou em um simples banho? Essas memórias aparecem na nossa mente trazendo um suporte emocional muito forte.
Se o personagem e a história forem fruto de uma brincadeira familiar e criados pela própria pessoa, a memória fica ainda mais forte. Mais que isso: o exercício da criatividade vai ser útil na resolução de problemas, nas escolhas do futuro e na forma de se expressar. Habilidades que todo ser humano precisa desenvolver.
Por isso, não tenha receio de decorar uma parede de casa com os desenhos feitos pela criança e criar um mural dedicado ao tal personagem. Volte até ele quando quiser, crie novas histórias, avance criando um tema musical para o personagem, mesmo que seja algo simples. Em momentos diversos, cite o personagem, perguntando de forma bem sutil o que o personagem diria se estivesse ali, naquele momento com vocês. Use a fantasia como uma ferramenta para construir diálogos!
Um recurso extra pode ser útil: a cada novo livro que a Leiturinha entregar ou a cada novo desenho animado que o pequeno assistir no PlayKids App, incentive a criança a imaginar um encontro entre o seu personagem e os personagens da história que está sendo consumida. A diversão vai ficar ainda maior.
Boas histórias!
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