Há muitas evidências científicas que mostram que o bilinguismo traz inúmeros benefícios para o desenvolvimento das crianças e que excedem o fato de ter fluência em um idioma. Em contrapartida, apesar de essa ser uma grande preocupação dos pais, desconheço qualquer pesquisa brasileira ou internacional que relacione alterações de linguagem ao bilinguismo.
Coluninha | Por Lílian Kuhn.
Com o aumento do número de instituições de ensino internacional/bilíngue no Brasil, muitas crianças têm sido inseridas desde a Educação Infantil em um contato com outra língua. Mas, na hora da matrícula, percebo que uma dúvida tem sido bastante recorrente: Será que expor o meu filho a outro idioma será prejudicial para o desenvolvimento da linguagem oral?
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A resposta: depende. O adequado processo de desenvolvimento de linguagem infantil envolve vários fatores, tais como sistema auditivo e neurológico íntegros, estruturas da boca passíveis de funcionamento e um ambiente social estimulador. E ainda que os fatores anteriores estejam adequados, pode ocorrer algum tipo de distúrbio em alguma das etapas do longo processo de desenvolvimento de linguagem. Então, pensando em dois grupos de crianças distintos – com e sem desenvolvimento linguístico típico –, é possível ponderar que:
– Bilinguismo para crianças com desenvolvimento linguístico típico:
Como disse, não há nenhum estudo que relacione alterações de linguagem ao bilinguismo. Mas, ao ser exposto à segunda língua, a criança pode não falar tão rapidamente, mas isso não deve ser preocupante. Mesmo que o pequeno não se expresse tão bem na segunda língua, isso não significa que ele não esteja aprendendo. Como também acontece na língua materna, a primeira habilidade a emergir será a compreensão. Em seguida, todo o processo tende a acontecer sem percalços.
– Bilinguismo para crianças com desenvolvimento linguístico atípico:
A American Speech-Language-Hearing Association (ASHA) – Associação Americana de Fala, Linguagem e Audição – afirma que não há objeções para a aquisição ou o aprendizado bilíngue, independente da causa da alteração de linguagem da criança (Deficiência auditiva, Síndrome de Down, Dislexia, Autismo, entre outros). Apesar disso, muitos profissionais brasileiros sugerem que as crianças com desenvolvimento linguístico atípico não frequentem escolas e ambientes bilíngues. Isto porque aprender outra língua, quando ainda não se está fluente no português, pode ser mais custoso e sofrido, visto que as alterações de linguagem e fala existentes na aquisição da primeira língua estarão presentes também na segunda.
Então, se a sua criança não tem um desempenho linguístico esperado para a faixa etária se faz necessária uma avaliação fonoaudiológica. Apenas desta forma, será possível identificar os fatores envolvidos na alteração de linguagem e, juntamente com a escola e a equipe profissional, serão discutidas as vantagens e desvantagens dessa criança aprender uma nova língua. Ainda, é importante lembrar que a decisão final sempre deve ser dos pais.
Até a próxima!
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