Projeções e expectativas nas crianças: 3 pontos para ter cuidado

abr 15, 2024 | Desenvolvimento, Família, Leiturinha, Parentalidade, sem categoria

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Todo mundo tem sonhos, é algo natural do ser humano!

Algo que nos move e nos inspira, em busca de dias melhores, da sensação de liberdade, conforto e coração cheio.

Porém, por mais que a gente corra atrás, nem sempre conseguiremos realizar cada um deles, faz parte do ciclo da vida: vencer e perder.

Assim como também faz parte tentarmos realizar nossos sonhos através das nossas crianças, desejando que elas tenham as oportunidades que não tivemos.

Ter expectativas em relação ao futuro dos filhos é algo bem natural. E não é exatamente um problema, mas, existem limites? 🤔💭

Sim, existem! Na verdade, até o ponto onde os responsáveis estejam dispostos a respeitar os limites da criança, projeções e expectativas podem ser consideradas saudáveis.

Mas, a partir do momento que os limites de escolha da própria criança começam ser atravessados por alguma projeção da família, é preciso ter cuidado!

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Você, adulto da família, pode até entender que a criança aprender a tocar piano ou qualquer outro instrumento será fenomenal para ela. E vai mesmo.
Se ela demonstrar o mesmo interesse em aprender, se ela gostar de música do mesmo jeito. Caso contrário, isso pode gerar frustração e o talento, habilidade e interesse da criança, que pode ser em um esporte ou em outra atividade artística, tem chance de ficar escondido.

O papo é difícil? É, sim, mas vamos nessa que, quanto mais conversarmos, mais desenrolamos as dúvidas. 😉

3 pontos para ter cuidado em não projetar os seus sonhos nas crianças

1. Expectativas

Comecemos falando do óbvio, mas que precisa ser dito.

Temos expectativas que as crianças apresentem comportamentos que achamos legais e adequados, seja estudioso, tenha uma boa profissão e… Poxa, deu para notar como isso é uma baita pressão?

Se escrever em poucas palavras já parece um monte de ordens, como parece para uma criança e adolescente? Que ainda tem tanto a descobrir da vida.
Na sociedade mais do que acelerada e já doente que vivemos, estamos pegando 10, 15 anos e tendo expectativas que as crianças deem conta de um dia para o outro.
A expectativa está conectada com o ritmo acelerado, com a ansiedade, tudo junto, explodindo e criando um mal-estar geral.

Está faltando tempo para parar. Para relaxar. É tanta expectativa, são tantas cobranças que as crianças também estão cansadas!
E não estamos falando daquele cansaço “gostoso” após brincar o dia todo, mas sim aquele cansaço de tarefas e metas nem tão invisíveis que está nas casas e escolas, na sociedade em geral.
Vocês sentem o cenário assim também?

Inclusive, você se lembra da sua infância, como foi para você lidar com as expectativas da família? Pense a respeito!

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2. Inviabilização de escolhas e liberdade

Por mais que estejamos “apenas querendo o bem da criança”, arriscamos inviabilizar escolhas, forçá-las a seguir caminhos que não escolheriam e atrapalhar as vontades que, muitas vezes, ela ainda nem teve chance de descobrir.
Então, podemos entender que as expectativas podem, sim, ser um problema se exercem uma pressão negativa na vida da criança e frustrando desejos do dia a dia e sonhos futuros.

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Portanto, o alerta e cuidado no dia a dia é o convite deste texto! 💌

E mesmo para a parcela de leitores que responda só quero que a criança seja feliz, separei essa fala da psicanalista Vera Iaconelli, para uma pequena reflexão:

“O imperativo agora é fazer feliz. Então hoje os pais falam ele pode fazer o que ele quiser, pode vender colar de miçanga na Praça da República, ele pode fazer o que ele quiser, desde que ele seja feliz. Impossível, né? Ser feliz é um imperativo insustentável que as crianças estão respondendo com depressão.” (Fonte: programa Provoca, TV Cultura, 07.06.2022)

Ou seja, mesmo a “não expectativa”, a de deixar “ser feliz”, é uma expectativa disfarçada e tão perigosa quanto.
Eu realmente espero que você leitor não esteja aguardando uma solução. Eu não tenho. Nem a Vera tem. Nem ninguém tem, porque ela não existe!
Veja bem, não tem manual para criar uma criança, mas existe amor, senso crítico e a vontade de sempre melhorar, por eles e por você mesmo.

3. Escute o que as crianças querem

Já falei ali, mas repito: manual para criar crianças não existe, mas existe o cuidado, o espaço de escuta, de se questionar sinceramente a respeito das suas escolhas e modos de conversar e lidar com os anseios.

Para entender essas escolhas, existem algumas perguntas que você pode se fazer a respeito da sua criança:

⭐ Tenho expectativas para o futuro do meu filho?
⭐ Tenho clareza de quais são?
⭐ Minhas expectativas são saudáveis e realistas?
⭐ O que farei com isso?
⭐ Será que estou projetando um sonho meu na vida dele?
⭐ Como posso cuidar da minha expectativa?
⭐ Será que estou exigindo demais, já que na idade dele eu também achava difícil esse assunto?
⭐ Quero que a criança seja feliz do meu jeito?

São perguntas para começar, para puxar outras que dizem respeito à sua própria vivência.

Diante de tudo que falamos até aqui, podemos talvez entender que parte das expectativas podem ser boas, no sentido de auxiliar ao longo do crescimento e amadurecimento de cada um.
E tudo bem. Isso faz parte da fantasia de ser responsável por uma criança!

Só não vale invadir o terreno da liberdade da criança ou você, como adulto, ficar frustrado que determinada coisa não se realizou da maneira como pensou. Certo?

Ouça sua criança, entenda seus sonhos e seus objetivos. Deixe sempre claro que, independente dos seus sonhos, você está ao seu lado e, caso as coisas não saiam como ela planejou, ela não está só.

Como é sempre bom lembrar, a arte é um espaço de diálogo, de esperança, de espelho e ideias.
Livros, filmes e animações infantojuvenis tratam de algum modo, por algum ponto de vista, as questões de expectativas e das projeções. De quais você se lembra?
Que tal assistir algum, ou então reler aquele livro especial que fala do assunto, ao lado da sua criança?

Reforçando: cuidado para não atravessar os limites de escolha com suas projeções e expectativas nas crianças 🚨

O alerta foi dado, assim como sugestões para tomar cuidado e talvez repensar alguns hábitos.
Lembre-se que não dá para ter controle de tudo e ser, pais ou filhos, perfeitos. E a trajetória de cada um é única.
Quando pensamos em projeções e expectativas nas crianças, precisamos lembrar da importância de oferecer o apoio e liberdade para ela desenvolver sua autonomia. É fundamental para seu amadurecimento e realizações.

Vale acrescentar: não tenha receio algum em pedir ajuda. Seja para você ou para a criança. Conversar com a escola, com os professores, se informar a respeito de programas e projetos socioemocionais, terapia, trocar com outras famílias mais íntimas.

O cuidado à saúde mental de cada um é o que está em jogo.

O poeta Cacaso (1944-1987) tem um poema lindo de doer chamado Máquina do Tempo e trago ele aqui para você refletir comigo:

Máquina do Tempo
E com respeito àquele problema do
futuro acho que vou ficando por aqui…

Sinto que ele traz uma boa reflexão para o nosso papo, que não é apenas sobre expectativa e projeção, mas ansiedade, medo, pais imperfeitos, futuro, a chance de errar, liberdade e esperança. Você não acha?

Leia mais:
👉 O reconhecimento de sentimentos através de personagens
👉 5 filmes para falar sobre emoções e sentimentos com crianças
👉 Autoconhecimento na infância: como ajudar nossas crianças?

Marcelo Jucá

Autor, jornalista e doutorando em literatura. Participa de projetos especiais da Leiturinha e publicou os Originais Leiturinha "Alguém viu o meu chapéu?" e "Eu sou Assim, Assim é Você". Nesta coluna, escreve sobre cultura, infâncias e sociedade, sempre no intuito de provocar curiosidade, reflexões (quem sabe algumas risadas) e novas histórias.

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