“Quero que meu filho dê certo”: como dosar nossas expectativas?

fev 10, 2020 | Família

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Todas as mães e pais desejam algo para o seu filho. Alguns desejam que ele seja popular na escola, outros que ele nunca sofra bullying. Ainda tem aqueles que querem que ele seja surfista, goste de rock ou torça para o mesmo time de futebol. Até o pai mais “descolado” tem alguma pretensão para o seu filho. Afinal, é quase impossível o contrário, uma vez que nós somos “programados” a criar expectativas para tudo. Assim, não poderia ser diferente, quando falamos da maior mudança de nossas vidas: a maternidade e a paternidade. Mas o que está por trás da famosa frase “Quero que meu filho dê certo”?

Mas e aí? O que é o tal “dar certo”? 

Sabe quando você tem que tomar alguma decisão muito importante e fica em dúvida, pensativo? Provavelmente essa dúvida é de alguma voz na sua cabeça dizendo o caminho que você deveria seguir, e mais provavelmente ainda, se você prestar bem atenção, essa voz é a da sua mãe ou do seu pai, certo? 

Piadas à parte, a verdade é que carregamos várias dessas expectativas, desses certos e errados, ao longo da vida, e muitos deles vêm da infância. Por isso, escrevo esse texto, para que possamos refletir um pouco, sobre o que e como impactamos a vida dos nossos filhos. Afinal, esses desejos que criamos para os nossos pequenos, desde os mais ilusórios até os mais concretos podem ser resumidos pela tal ideia do “dar certo”. 

Expectativas construtivas

O mais saudável, para nós mesmos e para as crianças, é que consigamos separar a natureza das nossas expectativas. Chamamos aqui de “expectativas sociais” aquelas que permeiam qualidades e desenvolturas adequadas ao âmbito social, e que beneficiam a sociedade como um todo. Como por exemplo: quero que meu filho se torne uma pessoa boa, seja respeitoso e se preocupe com o próximo. 

Essas expectativas ajudam o pequeno na construção da sua personalidade, caráter, força e sabedoria. Portanto, são as que promovem um alicerce para as relações interpessoais que o pequeno irá construir quando adulto. Moldar a parentalidade com esses exemplos, conversas e lógicas é um passo superimportante para a construção de uma sociedade com mais respeito. Diria que do rol de pretensões que criamos, essas são as mais solidárias. 

Expectativas preferenciais

Já o segundo grupo se aproxima de gostos e decisões pessoais e individuais, por exemplo, que o pequeno goste de cachorros, que tenha vários amigos ou que siga determinada profissão. Acontece que, por melhores e mais genuínas que sejam as intenções dos pais, as expectativas desse grupo podem ser muito pesadas para as crianças, pois conflitam com os gostos e interesses pessoais dos pequenos. 

A criança tem seus pais como referência, assim tudo o que falamos para eles tem impacto muito determinante. Falar para seu filho ser bom nos esportes ou gostar de música pode se tornar um fardo ao longo da trajetória dele. Isso não significa que o pequeno não possa ter preferências similares às suas, pelo contrário, pode e deve, mas desde que respeitado o livre arbítrio e que haja espaço para que a própria criança defina seus gostos e interesses, de forma saudável e livre.

Expectativas de personalidades

Você já leu ou ouviu que nós, em geral, formamos amizades com pessoas parecidas? Isso é uma tendência comportamental de grupo, é humano. No entanto, querer moldar a personalidade do seu filho, pode gerar muitas aflições e discussões. Por exemplo, querer que seu filho mais introspectivo seja o mais popular da escola, ou que seu filho que não gosta de atividades físicas seja um amante de futebol pode gerar um conflito de insegurança e incapacidade na criança. Temos que ter muito cuidado ao reforçar alguns padrões de certo e errado nos pequenos, afinal todos os padrões anulam qualquer sinal de individualidade. 

O que está por trás das suas expectativas?

Saiba que é muito natural construir expectativas de preferências ou personalidades. No entanto, uma possibilidade para a desconstrução é entender o que está por trás desse pensamento, qual o benefício que isso trará a longo prazo e tentar desconstruir algumas ideias. Por exemplo, se seu desejo é que seu filho tenha talento para as artes, tente entender o motivo, o que a arte está encobrindo? Será que a raiz desse desejo não pode ser de outra natureza, por exemplo o desejo que o pequeno seja admirado, reconhecido ou popular? Chegando a essa raiz, é mais fácil ter uma conversa franca sobre reconhecimento e popularidade, ao invés de, inintencionalmente, induzir o pequeno a uma prática de algo que talvez não seja de sua preferência.

Entender e compartilhar o que esperamos é o segredo número um de uma comunicação eficiente. 

Assim, procure sempre entender qual é a verdadeira motivação daquele sonho. Avalie se isso é algo que beneficia não só seu filho, mas também a sociedade em geral, a família etc. Questione-se sempre se ao apresentar essa ideia você está induzindo gostos e preferências de seu filho. Desconstrua antigos padrões e repetições automáticas. E assim, cultive sempre uma relação baseada na honestidade, no carinho, na troca e, principalmente, no respeito. Afinal apresentar expectativas adequadas de forma respeitosa e dialética é uma forma linda de carinho.

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Nathalia Pontes

Mestre em Psicologia da Educação, educadora e escritora, acredita que aprender é uma combinação entre autoconhecimento, troca e curiosidade pelo novo. É apaixonada por educação, desenhos, viagens e literatura.

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