Se você convive com uma criança pequena, com certeza já teve algum momento em que você o pegou com alguma coisa que não deveria nas mãos e, sem pensar, tirou rapidamente e falou em alto e bom som: “Não pode!”. Ou, por algum motivo, em uma situação de estresse ou impaciência, elevou o tom de voz para repreender alguma atitude. Isso é natural e me arrisco a dizer que acontece em todas as famílias. No entanto, sem perceber, esses comportamentos podem estar desrespeitando as crianças. Você já parou para pensar nisso?
Entenda: o aprendizado e o desenvolvimento infantil se dão na prática!
Crianças são movidas à curiosidade. Nos primeiros anos de vida, o impulso de descoberta faz com que os pequenos explorem o ambiente sem muitas restrições. Esses limites vão surgindo na medida que os pequenos vão adquirindo compreensão das regras ou empiricamente, isto é, quando eles literalmente se dão mal. Mas, sempre em razão de querermos o “melhor” para nossos filhos, nos sentimos na obrigação de dizer desde muito cedo, o que eles podem e o que não podem fazer. Mas, ao entendermos mais sobre o desenvolvimento das crianças, percebemos que o exemplo bem como o amadurecimento transmitem os maiores aprendizados para nossos rebentos.
5 vezes em que desrespeitamos as crianças sem perceber
No entanto, nossa cultura tem o péssimo hábito de não respeitar a infância tal como ela é. Em um restaurante é quase impositivo que os pequenos fiquem em telas para calar o fervor, por exemplo. Se correm demasiadamente, são censurados. Mas nunca compreendemos a origem desses comportamentos na forma com que tratamos a infância. E, muitas vezes sem perceber, nos pegamos desrespeitando as crianças em pequenas ações. Confira 5 vezes em que desrespeitamos as crianças sem perceber:
1. Tomamos objetos da mão sem dizer pedir licença e dizer o motivo
Quantas vezes você já tirou seu filho de uma situação sem dizer o motivo? Quantas vezes não tiramos algo da mão de uma criança sem ao menos falar o que é aquilo? Precisamos explicar o que está acontecendo para as crianças com o mesmo nível de detalhes que o fazemos para os adultos. Não tiramos o prato do adulto do nada. E, se o fizermos, corremos o risco de ouvir um grito ou até levar uma bofetada. Mas, se fazemos isso com um crianças, repudiamos que ela grite ou aja com violência. Contraditório, não!?
2. Os calamos
Desde que um bebê nasce, pessoas chegam com inúmeras dicas de como amenizar o desconforto de ter que conviver com uma criança. “Chupeta para o choro!”, “Ele não precisa mamar quando quiser!”, “Deixa chorando, logo ele se acostuma!”, e por aí vai… Mas, ao dar essas dicas alguém está pensando na criança? Ao darmos um medicamento para a hiperatividade estamos pensando no bem-estar da criança ou no nosso?
É claro que é necessário o equilíbrio, mas equilibrar é balancear os dois lados e muitas vezes esquecemos o que é bom para a criança em nome de algo que não sabemos nem o que é. Porque tenho a certeza que se nós pais sempre queremos o melhor para nossas crias. Por isso é tão importante refletir sobre o que está sendo realmente bom para seu filho, na perspectiva dele, e não na sua ou na dos outros.
3. Não os cumprimentamos
Quando você vê um casal de amigos, você cumprimenta a criança que está com eles da mesma forma que os cumprimenta? Crianças requerem lugar na sociedade. Precisamos ouvi-las, entender se elas estão bem ou confortáveis com uma situação, precisamos inseri-las nas conversas. Muitas vezes reprimimos conduzir as crianças a um encontro de amigos ou a um bar com a condição de que a conversa ou o ambiente não será adequado a elas.
Mas quando, por exemplo, encontramos um amigo que acabou de passar por uma separação, não conversamos sobre relacionamento com ele. Ou seja, restringimos nosso repertório para que seja adequado e confortável às pessoas que estão no ambiente. Por que não fazer isso em momento específicos com as crianças também? Os lugares precisam estar adequados para receber as crianças, elas estão presentes em volume proporcional ou maior na sociedade e precisamos aprender a incluí-las.
4. Dizemos abertamente que não gostamos de crianças
Você já deve ter ouvido alguém por aí dizer que não gosta de crianças. E se você presenciasse alguém dizendo, por exemplo, que não gosta de asiáticos ou negros? Xenofobia e racismo devem ser unanimemente reprimidos socialmente e pela lei, certo? As crianças são a única classe que pode ser discriminada e reprimida abertamente sem que quem o faça seja reprimido, seja pela lei ou por nós mesmos. Temos que entender que as crianças têm seu lugar na sociedade e precisamos aprender a respeitá-lo! Reprimir a discriminação de crianças e ensinar a sociedade a respeitá-las é um grande passo para isso.
5. Impomos nossos costumes e gostos
Temos o péssimo hábito de não respeitarmos os limites e preferências das crianças. Ao irmos a um lugar não perguntamos se ela quer ir e a levamos mesmo assim. Ao ir embora, se a criança não quer ir, ela é obrigada a ir mesmo assim. Aprender a dialogar com os pequenos também é importante para que eles aprendam a respeitar a si próprios, a ter autonomia e também a respeitar os outros de maneira geral.
Uma ótima forma para começarmos a mudar esses hábitos, é estarmos atentos à nossa rotina e aos nossos pequenos! Olhar para eles, escutá-los desde muito cedo, é um passo importante para construirmos uma sociedade composta por adultos mais ativos e justos.
Leia também: