Seja para aliviar os medos e inseguranças que chegam junto com a gravidez, para preparar o corpo, com alívio de dores e desconfortos pelo peso da barriga, ou como preparação para o momento do parto, a procura por aulas de Yoga para gestantes passou a ser um grande atrativo para mulheres que buscam práticas que colaborem para uma gestação e um parto mais tranquilos para mãe e bebê, além de um estilo de vida mais saudável e equilibrado.
Para entender melhor sobre esse assunto, nós conversamos com Ana Clara Fonseca, jornalista, doula, educadora perinatal, instrutora de Yoga para gestantes, pós-parto e baby Yoga e mãe da pequena Lisbela.
Yoga para gestantes: confiança, equilíbrio, tranquilidade e sabedoria
Um ano após passar pela dolorosa experiência de um aborto espontâneo, a surpresa: uma nova gravidez. Junto com ela, o medo e a insegurança. Presenteada por uma amiga com um curso de formação para doula e Educadora Perinatal, Ana Clara conseguiu enfim viver e aceitar o luto da gestação anterior, além de conhecer e mergulhar no universo da doulagem e do parto com respeito. Aos seis meses de sua bebê, começou a atuar como doula na cidade de Franca, no interior de São Paulo. Hoje, Ana consegue unir sua experiência de mais de oito anos com Yoga, sua atuação como doula e sua vivência na maternidade em prol de partos mais respeitosos, tranquilos e saudáveis para mães e bebês. Confira o bate-papo que tivemos com ela sobre como funciona a prática e os benefícios do Yoga para gestantes: |
Qual a importância da prática de Yoga durante a gestação?
O Yoga é uma prática milenar, da união entre corpo, mente e coração. Durante a gestação, na nossa realidade, fizeram com que duvidássemos da nossa capacidade de gestar, nutrir e parir. O Yoga durante a gravidez permite a nossa conexão, corpo e mente, nos trazendo confiança, equilíbrio, tranquilidade e sabedoria em lidar com esse momento. A prática do Yoga permite a interiorização, voltarmos ao nosso eu, nos trazendo conhecimento e confiança em nosso corpo e na nossa capacidade enquanto mulheres e gestantes. Além da questão física, preparando o corpo durante toda a gestação, ajudando a aliviar tensões, medos, ansiedades e preparando para o momento do parto, proporcionando consciência sobre o próprio corpo e as mudanças que nele ocorrem.
Existe alguma indicação, cuidado ou contra-indicação na prática de Yoga para gestantes?
Não exatamente. Antes é feita uma anamnese, ou seja, uma ficha de avaliação com dados sobre a gestação atual, gestações anteriores, questões físicas e emocionais, reclamações, desconfortos. Tudo isso é levado para a prática, cada mulher tem o seu programa de exercícios individual, correspondente a suas características e necessidades. Apenas em caso de sangramento na gestação a prática é contraindicada, porém ainda pode ser conduzida com os pranayamas, que são os exercícios de respiração, e a meditação com visualizações.
Na sua opinião, a busca por essas e outras questões associadas ao desejo de um parto cada vez mais humanizado tem aumentado atualmente? Se sim, qual a importância disso?
Felizmente percebo que sim, tem aumentado essa busca por informação para o momento do parto e isso influencia na escolha da via de nascimento, pois a única certeza que temos de que um bebê está pronto para nascer são as contrações, é o bebê e o corpo avisando que a hora chegou. Com conhecimento, a mulher muito provavelmente escolhe um parto natural, pois entende que aquilo é o melhor para a saúde e bem-estar do bebê e dela mesma. Ela também sabe quando uma cirurgia cesariana é realmente necessária, e que ela deve ser realizada quando diz respeito a salvar vidas, e que seja feita sempre com respeito. Além disso, essa mudança no cenário do parto aponta as violências obstétricas, a mulher tem conhecimento do que quer e o que não quer que seja feito em seu corpo, ou com o seu bebê. Ela passa a ter autonomia e se torna protagonista do seu parto. Infelizmente o Brasil é o segundo país com o maior índice de cesáreas no mundo, e fico feliz que esse quadro está mudando com a busca de informações pelas mulheres. Um parto humanizado era o mínimo que deveria existir, porque estão lidando com pessoas, com novas vidas, com nascimento.
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