As crianças estão no início de uma construção e, como todas as construções, é necessário haver uma base forte, sólida, para erguer o resto da estrutura.
Por isso, são tão intensas e sinceras. Não há solidez em meias verdades, em informações incompletas. O mundo é uma infinidade de possibilidades, que parecem ser tão impalpáveis…
Os pequenos precisam compreender a estrutura que está sendo erguida, pois é o momento da decisão da elaboração. Como fazer a base de um prédio, se a intenção é construir uma pirâmide?
O útero é totalmente palpável… até o amor é palpável! Dá pra sentir o gosto no leite, é possível abraçar a mamãe, o papai ou o cuidador, que são a definição materializada do amor.
Mas e quando surgem os sonhos de criança?
As idealizações são construídas seguindo o mesmo preceito da base: solidez.
Quando eles vêm ao mundo, algumas coisas se definem: a casa em que vivem, a família que possuem, a maneira como o núcleo de convívio age. Os pequenos logo se ligam à ideia de eternidade, pois se tudo estivera lá, desde o início, também estarão no fim, não é?
Nós sabemos quantos muros tiveram de ser derrubados até chegar na estrutura perfeita, ou quase. Sabemos o que é arquitetar planos e desistir deles, ou encontrar melhores.
Mas como explicar aos pequenos que a solidez depende da idealização? E principalmente, do rompimento de sonhos?
O impulso da realização é o que nos move, mas a estrada não é predeterminada. São nossas escolhas que constroem novos sonhos de criança e de adulto; e a realização destes, pavimentam um novo caminho.
O que os pequenos precisam saber é o que, antes de tudo, precisamos aceitar: tudo bem abrir mão de sonhos.
Com 5 anos, a profissão cobiçada é a veterinária, pode ser que com 10 seja ser uma estrela do rock, por fim, aos 20, a ambição é ter o próprio negócio.
Quantas experiências não foram vividas até o propósito final? Nenhum sonho de criança é imaturo, não há definições de sonhos concretos e abstratos. Sonho é sonho, e todos se encontram no mesmo patamar de realização.
O que vai definir qual vai se concretizar são as escolhas, as desistências, vitórias e fracassos.
Ensine ao seu pequeno que o futuro é sonho e o presente é ponte. Ensine-o que da frustração brota outra perspectiva.
Acima de tudo, aprenda. A lapidação do sonho depende de conhecimento, de renúncias, para que ao fim da noite, seja servido o prato principal com o desejado gosto: não podia ter sido diferente.