Seja porque não quer tomar banho, não quer arrumar o quarto, não quer fazer a lição de casa, brigou com o irmão ou, ainda, começou aquela birra em público porque não ganhou o que pediu. Quem é pai ou mãe, uma hora ou outra, vai passar por um momento de conflito como esses. É inevitável. Com o tempo, os pequenos vão crescendo e começam a aprender, entre outras coisas, o poder de uma simples palavrinha, o não. A partir daí, pequenas coisas do dia a dia podem se tornar dramas enoooormes… Mas calma! Existem maneiras de estabelecer uma relação mais tranquila com seu filho e é sobre isso que vamos falar hoje. Você já ouviu falar em Comunicação Não Violenta?
Comunicação Não Violenta: quatro pontos para se comunicar positivamente
Non Violent Communication ou Comunicação Não Violenta (CNV) é um processo de comunicação desenvolvido pelo psicólogo americano Marshall Rosenberg. Muito mais do que uma técnica de linguagem, a CNV é um estado de consciência em que a compaixão, o respeito, a atenção e a empatia prevalecem entre as pessoas, através da comunicação. Basicamente, a Comunicação Não Violenta busca entender o que nos leva a agir de maneira violenta e como nos manter conectados à nossa natureza compassiva. Para isso, a CNV se baseia em 4 componentes que habitam os diálogos entre pessoas:
1. Observação: Quando nos deparamos com uma situação que nos incomoda, o primeiro passo é observar o que está acontecendo de fato, sem julgamentos. Essa é a parte mais difícil. Mas, distanciar nosso olhar do nosso juízo de valores é um processo libertador.
2. Sentimento: Depois da observação, o passo seguinte é identificar e nomear o que sentimos em relação ao que observamos. Embora pareça simples, na prática, isso também é mais difícil do que imaginamos. Expor nossos sentimentos significa nos responsabilizar por eles e, ao mesmo tempo, mostrar nossa vulnerabilidade. Nem sempre estamos dispostos e abertos para isso.
3. Necessidade: Então, juntamente com os sentimentos, expressamos também nossas necessidades, valores e desejos que nos fizeram sentir de determinada maneira. Neste ponto, entender o que precisamos é fundamental.
4. Pedido: Com sentimentos e necessidades identificados e nomeados, pedimos que ações concretas sejam realizadas, de forma a atender nossas necessidades. Nesse ponto, a CNV ressalta que pedidos realizados por meio de uma linguagem positiva, têm mais chances de ser entendidos e realizados, do que através de um discurso negativo.
Aprendendo a ouvir com empatia
A Comunicação Não Violenta não é apenas sobre se comunicar por meio destes componentes, mas também sobre saber ouvir com empatia e compaixão, levando em consideração esses mesmos componentes. É a chamada escuta empática. Para Marshall Rosenberg, “empatia é esvaziar a mente e ouvir com todo o nosso ser”. Ou seja, é se colocar no lugar do outro, é ouvir sem julgamentos, é, antes de dar conselho, se abrir e perceber os sentimentos e necessidades do outro, com compaixão, respeito e atenção.
Como a Comunicação Não Violenta pode ajudar na relação com o seu pequeno?
Em resumo, a CNV não se trata apenas de um método de comunicação, mas uma maneira de enxergar a vida e as relações através da empatia e da compaixão. Será que observamos sem julgar? Expomos o que sentimos? Deixamos claro quais as nossas necessidades? Pedimos o que precisamos de forma positiva? Ouvimos com atenção e empatia? Provavelmente, na maior parte do tempo, a resposta para essas questões é não. Com uma vida diária atropelada por compromissos, horários e rotinas apertadas, é comum que não prestemos atenção em como nos comunicamos com os pequenos. Nesse sentido, a Comunicação Não Violenta está intimamente ligada à Criação com Apego e propõe uma relação baseada na escuta, no respeito mútuo, na segurança emocional e na comunicação positiva.
O processo para alcançar essa forma de comunicação com os filhos é difícil e demanda muita paciência e atenção. Mas, comunicar com seu pequeno de forma positiva, pode colaborar para:
– Reduzir conflitos entre irmãos
– Entender o que está por trás do não dos pequenos
– Fortalecer a autonomia e autoestima da criança
– Estabelecer uma relação baseada na cooperação e na confiança
– Expressar frustrações, sem culpa
– Expor desejos e necessidades de forma que o pequeno ouça e compreenda
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