A importância de colecionar boas memórias na infância

ago 25, 2023 | Família, sem categoria

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O que é uma coleção para você? 

O que aparece na sua cabeça? Uma palavra, uma marca, um formato, uma sensação? 

Uma coleção sua, de algum familiar ou de algum conhecido?

A ideia de coleção pode ser interpretada por muitos pontos de vista. Desde o acumulativo, que quer mais mais mais e meio que sempre vai ter mais para buscar, é uma coleção sem fim, até o aparecimento de coleções que evitam, fogem do ideal do consumo, de relacionar a um produto palpável, transformando esse tipo de brincadeira (será que podemos chamar assim?) para um estado mais poético. Alguém aí já ouviu de coleções de sorrisos, coleções de ventos ou coleções de cheiros das matas, campos e florestas?   

Colecionar pode ser visto como uma forma de não esquecer. 

Colecionar é um meio de contar histórias.

Mil e uma coleções

Minha primeira coleção foi de selos. E foi um pouco decepcionante, apesar dos dois álbuns que montei (ficaram juntando pó na prateleira por anos até que finalmente os perdi). Eu só estava copiando alguém, nunca foi algo que gostei genuinamente ou despertou paixão. Teve depois bola de gude, moedas, e será que dá para chamar a fita cheia de videoclipes musicais gravados direto da MTV de coleção? 

No fim das contas, essa última creio que foi a que mais me instigou. Passava horas frente à televisão ouvindo e vendo músicas e na busca de alguns clipes fora do top 10 do momento. E eu quase consigo me lembrar da sensação de conquista quando acontecia. Uma eletricidade percorrendo o corpo, o coração acelerado, um entusiasmo. Posso estar confundindo com o nervosismo ansioso do momento também, pois tinha que apertar o botão rec e torcer para o videocassete entender e funcionar a tempo. Resultado: praticamente todas as gravações começavam com um certo atraso e a música já nos acordes iniciais. Um charme.  

Colecionar coisas é uma característica que passa por muitos povos e gerações. Atualmente, será que a coleção mais popular é a de ‘likes’? Provocação para um outro dia. 

Colecionar boas memórias na infância

Fotos e vídeos são registros bacanas, mas não só isso. Quanto mais completa a experiência, melhor. Ela vai direto para um lugar especial do coração, alma, memória, como tiver mais sentido para você. Colecionar boas memórias na infância é um tesouro, uma preciosidade imensa que parte do carinho, da experiência e de boas risadas. E ocorrem geralmente com a participação das famílias, amigos próximos, educadores.  

Quando perguntei no começo do texto o que é e qual coleção você, leitor, se recorda, será que lembrou-se das imagens, cheiros e vivências da própria infância? Vamos tentar um jogo de resgatá-las. Abra seu álbum poético e cole página a página, monte sua coleção.

Você brincando na grama. 

Na piscina.

Comendo banana.

Um cochilo delicioso.

Um colo que te acalmou. 

Mais um abraço carinhoso.

Pirueta, cambalhota, balanço.

Um dia especial.

Uma festa de aniversário. 

Quando ouviu aquela música.

Um presente.

Um sorriso no meio da rua. 

O som daquela viagem.

O cheiro daquela receita.

Quando sentiu-se amado.

O dia que não devia ter acabado.   

Dá para a gente ficar brincando por muito tempo. Cada um com a sua memória conta a própria história. Qual é a história que queremos deixar para nossas crianças lembrarem? E que vão inspirá-las a recontar a partir das próprias memórias e experiências?

Todos sabemos que a vida é feita de momentos bons e ruins. Ali em cima trouxemos uma coleção de possíveis memórias boas. Mas para elas existirem, os demais momentos também devem ter cuidados. Explico.

Infelizmente, muito infelizmente mesmo, tenho presenciado cenas horríveis, de cortar o coração, de violência contra as crianças. No parque, no metrô, no ônibus, no meio da rua. São gritos, berros, puxões, ameaças de que vai apanhar e alguns tapas que acontecem mesmo.  Esse tipo de memória vai ser boa para alguma criança? E uma coleção dessas violências? 

O Brasil tem a violência como parte fundante de sua história. Mas não precisa continuar sendo parte da identidade e cultura. Por muito tempo a violência de uma forma geral, e mais especificamente contra crianças, foi normalizada. Chega. Passou da hora de cortar essa covardia. São dezenas de pesquisas do Brasil e do exterior, diversas áreas do conhecimento chegando à mesma conclusão de que bater não educa e com certeza não faz alguém melhor. A criança que cresce assim só vai carregar dores para o resto da vida. 

Faz alguns anos que é crime e para denúncias tem o Disque 100, por exemplo. Contudo, ainda tem uma distância longa que aproxime a lei e proteja a todos diariamente e em todos os cantos. Por isso precisamos conversar mais, informar mais, tirar dúvidas, promover debates e romper quaisquer mitos e idolatrias a respeito. Para que deixe de ser um costume, algo normal. A violência nunca é a solução. E que família quer colecionar isso com as crianças? Para os momentos de chateação, respire e lembre da alegria e pureza das crianças. É o que vale sempre lembrar. 

Cápsula do tempo

Que tal outra brincadeira? Monte diversas cápsulas do tempo em família. É um jeito organizado e lúdico de colecionar memórias. Ao longo da infância, dá para fazer um monte e cada uma vai ser diferente. Dá para colocar fotos, lembranças de passeios, frases, descrever um cheiro. 

Dá para ter a cápsula da família e o da criança. Não precisa ter regra nem nada. O que vale é a bagunça. É só para ajudar no registro mesmo. Ao longo dos anos futuros, as famílias vão ter em mãos uma coleção de memórias. Algumas mais frescas, mais intensas, e outras que ficaram escondidas e que será divertido revisitar. Vão ser histórias de afeto, lembranças de momentos bonitos. Uma coleção de cada um, mas lindas para compartilhar.

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Marcelo Jucá

Autor, jornalista e doutorando em literatura. Participa de projetos especiais da Leiturinha e publicou os Originais Leiturinha "Alguém viu o meu chapéu?" e "Eu sou Assim, Assim é Você". Nesta coluna, escreve sobre cultura, infâncias e sociedade, sempre no intuito de provocar curiosidade, reflexões (quem sabe algumas risadas) e novas histórias.

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