Após a chegada do bebê, quando mãe e filho estão se conhecendo e se descobrindo, é natural que a mãe invista quase todos os seus interesses e sentimentos na criança, para poder estabelecer seu vínculo com ela. Essa situação é a base para aquilo o que chamamos de preocupação materna primária. Você já ouviu falar nisso?
A preocupação materna primária e os sentimentos das recém-mães
De acordo com o psicanalista e pediatra inglês Donald Winnicott, essa seria a capacidade especial da mãe de fazer a coisa certa. Segundo ele, nesse estado, a mãe se torna capaz de se colocar no lugar do bebê, desenvolvendo um processo de identificação que lhe permite decifrar toda e qualquer necessidade do filho, de uma forma que ninguém imita e que não pode ser ensinada.
Ela entende o que o bebê precisa e é capaz de satisfazer suas necessidades pois se permite mergulhar nessa relação e construir esse vínculo de maneira plena, de uma forma que outra pessoa não seria capaz.
A mãe se adapta às necessidades de seu filho e ao ritmo próprio do bebê e esse apoio materno, que funciona como uma barreira protetora, à medida que o bebê se desenvolve, é gradativamente retirado. Com o passar do tempo e o desenvolvimento do bebê, a mãe vai aos poucos retomando seus interesses em outras áreas de sua vida.
Ao longo do processo de identificação materna, a criança vai se organizando na relação com a mãe, e nessa parceria é capaz de se constituir enquanto sujeito, diferenciando-se da mãe a partir de suas próprias experiências emocionais e afetivas.
É importante dizer que o vínculo entre mãe e filho não acontece de uma hora para outra. Ele é construído no dia a dia, na relação, na troca. Vale lembrar também que esse vínculo não depende de laços sanguíneos ou da biologia. Ele nasce a partir da entrega, da disponibilidade e do interesse da mãe (biológica, adotiva, da avó, da tia ou de quem estiver desempenhando a função materna) pela criança.
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