Você sabia que 25 de maio é o Dia Nacional da Adoção? Instituída em 2002, essa data é uma excelente oportunidade para falar sobre adotar uma criança. Afinal, qual a diferença entre gestar ou adotar? Ou, então, quais são os mitos que ainda existem sobre a adoção? Se você se interessou sobre esse assunto, então acompanhe o texto abaixo, confira uma entrevista especial e saiba mais sobre o processo de escolher ter um filho! ❤️
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Ter ou não ter um(a) filho(a)?
A decisão de ter uma criança costuma ser uma das escolhas mais sérias e importantes na vida de qualquer pessoa, não é mesmo? Mas, quem disse que ter filhos é um desejo natural? E quem disse que engravidar é a primeira ou mesmo única via de se alcançar este objetivo? 🤔
É certo que a sociedade não tarda a cobrar os casais sobre a chegada do primeiro rebento, especialmente as mulheres solteiras em idade “de ter um filho”. Além disso, infelizmente, também é certo que quem escolhe não ter uma criança sofrerá uma série de julgamentos pela sua decisão. Muitas vezes, inclusive, essas pessoas se sentem obrigadas a justificar essa escolha por um bom tempo.
Pensando em tudo isso, é preciso desconstruir ideias que nos chegam prontas. Para, então, compreender nossos próprios desejos. Vamos lá?
Gestar ou adotar?
Se gestar crianças não é um processo isento de muitas e, por vezes, difíceis escolhas, saiba que adotar também não é. Porém, uma vez que pensamos em ter filhos, será mesmo que a adoção surge no mesmo plano que a gestação?
Em episódio sobre adoção, as convidadas do Podcast Mamilos debatem como gestar e adotar são apenas diferenças “logísticas” na maneira de ter uma criança. Assim, esta colocação nos possibilita ver a adoção como ela realmente é. Sem que nossos preconceitos e pré-julgamentos nos afastem da ideia central: adotar uma criança é escolher ter um filho. 💕
A adoção é sempre uma via de mão dupla
Vale lembrar que, quando a família escolhe adotar, a criança em situação de acolhimento institucional também tem direito de escolha. Por isso, talvez a diferença entre gestar e adotar esteja (em partes) justamente aí: a adoção é uma via de mão dupla.
Portanto, para além do desejo de uma pessoa ou de uma família em ter um filho ou filha por meio da adoção, está a questão central do direito da criança e do adolescente em ter uma família:
“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.” (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
Adoção é medida protetiva da criança e do adolescente
O maior objetivo da adoção é que ela traga benefícios ao desenvolvimento integral das crianças e adolescentes adotados. Ou seja, serão colocados em primeiro lugar a criança ou o adolescente, o seu desejo em ser adotado por aquela família e o seu bem-estar. Este deverá o foco de qualquer processo de adoção.
Além disso, quando a adoção se dá depois dos três anos de idade da criança, acontece a chamada adoção tardia. Neste caso, a opinião do pequeno ou pequena também será levada em consideração.
Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), de 2019, existem mais de 45 mil famílias pretendentes à adoção, para cerca de 9 mil crianças cadastradas. E embora a adoção de bebês ainda represente mais da metade de todas as adoções no Brasil, a adoção de crianças de 4 a 7 anos já representa 28% dos processos de adoção.
Vale lembrar que, apesar de todo trabalho dos órgãos competentes, ainda há muitos casos de incompatibilidade entre famílias e crianças. Por vezes, o sistema de adoção também é demorado. Porém, essa “demora” pode ser encarada como uma forma de proteção às crianças e aos adolescentes, já que é necessário tempo para se certificar que aquela é a família certa. 😉
Os mitos sobre a adoção
A adoção é um processo cheio de mitos e tabus. Por isso, é preciso falar sobre ela, conversar com profissionais e também entre nossos pares, de modo a colocar luz sobre todas as dúvidas. 💬 E isso vale para todos nós, ainda que não se tenha a intenção de adotar! Afinal, todos podemos ser fonte de informação útil a alguém.
Nesse sentido, convidamos Fabiane Belarmino de Sousa (psicóloga com experiência em serviços de proteção à criança e ao adolescente, mãe do Fernando e participante do processo de adoção tardia) para falar de forma mais aprofundada sobre o assunto. Acompanhe sua opinião sobre o processo de adotar uma criança:
Nem a genética nem a história de vida determinam o destino de uma pessoa
“Na minha opinião como psicóloga, mas também como mãe, o que mantém essa imensa lacuna entre pretendentes e crianças é a crença de que ela já vai chegar com manias, e que não vai se adaptar porque já tem a personalidade formada. As pessoas têm dificuldade de compreender que ter filhos é uma experiência maravilhosa, mas que não tem nada que garanta ‘resultados esperados’ nem a genética nem a história de vida determinam o destino de uma pessoa.”
E se eu não der conta?
“No fundo o que as famílias sentem é o medo de não darem conta de lidar com essa pessoa que vai chegar na família já tendo suas experiências, suas preferências e algum grau de independência, já que a institucionalização, na maioria das vezes, faz com que a criança tenha que aprender a se virar mais cedo.
No meu caso, quando decidimos concretizar o nosso antigo projeto de adoção, já tínhamos passado por duas perdas gestacionais. Como a maioria dos casais, adotar não era o ‘plano A’, apesar de desejarmos desde o início do relacionamento.
Tínhamos em mente que seriam experiências muito diferentes ter filhos biológicos e adotivos. E, na verdade, apesar de não termos tido a oportunidade de cuidar dos filhos que geramos, hoje compreendo que a diferença existe apenas no processo de chegada… Uma questão de logística, como eu costumo brincar.
O bebê fofinho um dia vai ser adolescente também… E vai confrontar, vai se distanciar, pode ser que se envolva com algo nocivo nessa busca pela identidade. Pode ser que em algum momento da vida não reconheça o cuidado da família e busque referências externas. Basta cada um olhar para sua própria história de vida e ver a naturalidade dessas coisas.”
A adoção tardia
“Quando nos habilitamos para o processo de adoção, construímos um perfil inicial de até duas crianças saudáveis de até sete anos. Independente de gênero e etnia. Antes de completar um mês de habilitados decidimos ampliar a idade máxima para dez anos e em três dias estávamos na sala da assistente social com a foto do nosso filho na tela do computador! Já aguardando autorização para a primeira visita.
Fizemos uma aproximação (que é a fase de visitas) de três meses, até obtermos a autorização para que ele viajasse conosco nas férias de fim de ano para conhecer a família. E dessa viagem ele não voltou mais ao abrigo.
Nos conhecemos em setembro e, em fevereiro, tivemos a audiência de guarda. Após novo acompanhamento do chamado período de convivência, tivemos nova audiência, onde o juiz determinou a emissão da nova certidão de nascimento, formalizando a nossa família. Todo o processo da apresentação até a emissão da certidão levou 39 semanas.
Lá no Mato Grosso do Sul, tinha um casal que desejava adotar uma criança de até cinco anos. Quando fizeram o curso onde eu e meu marido palestramos, decidiram ampliar a idade máxima do perfil e, na mesma semana, foram chamados para conhecer uma menina linda de onze anos.”
Dicas de leitura sobre adotar uma criança
Quer saber mais sobre o processo de adotar uma criança? Então, saiba que a informação é a maior aliada! Mas lembre-se: se você está pensando em adotar, ou tem apenas um desejo, procure informações em sites confiáveis, ok?
✨ No Conselho Nacional de Justiça, você pode ler notícias sempre atuais sobre adoção, além de legislações e referências dos órgãos responsáveis.
✨ No Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), é possível ter acesso a informações sobre o Cadastro Nacional de Adoção, que deve ser preenchido após a habilitação na Vara da Infância e da Juventude, entre outras informações sobre os direitos da criança e do adolescente.
✨ Na Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção, é possível verificar as entidades de apoio à adoção, os lugares que fazem grupos de apoio à família pretendente e à pós-adoção.
Dicas de filmes sobre adotar uma criança
🎬 De Repente Uma Família (2018), de direção de Sean Anders. Um filme muito realista, sobre um casal que adota três irmãos.
🎬 He Even Has Your Eyes (2016), filme francês, dirigido por Lucien Jean-Baptiste. Conta a história de um casal negro que adota um menino branco e enfrenta todo tipo de preconceito.
Dicas de livros infantis para falar sobre adoção com as crianças
Há, ainda, uma série de livros infantis que podem iniciar conversas com as crianças sobre o que é uma família, ampliando os horizontes a respeito do tema. Então, se você se interessou, confira a lista de sugestões da Loja Leiturinha:
Família e Diversidade
O que constitui uma família? Há um jeito certo? Uma quantidade exata de pessoas? Uma fórmula ideal? De forma afetuosa e bem-humorada, o livro Família e Diversidade faz uma exploração de diversas formações familiares. E demonstra, de maneira sutil, que ao mesmo tempo em que existem infinitas famílias diferentes é o afeto entre seus integrantes que as une e as torna especiais.
Falar sobre a diversidade de tipos de família é uma forma efetiva de mostrar aos pequenos que o que realmente importa, quando se forma uma família, são os laços de amor e afeto! Afinal, “todas as famílias têm algo em comum, mesmo as mais diferentes.”
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Olívia Tem Dois Papais
Em Olívia Tem Dois Papais, conhecemos a história de Olívia, uma menina curiosa e alegre, filha adotiva de Raul e Luís. Ela adora usar palavras complicadas e desfiar grandes raciocínios quando conversa com seus dois pais!
Quando tem de ficar sozinha enquanto os pais trabalham, ela diz que está muito “entediada”. Como não gosta de ver a filha “entediada”, papai Raul para imediatamente de trabalhar. E, quando percebe, já está deitado no chão ao lado dela, brincando ou cercado por um monte de bonecas!
Para chamar a atenção de seu pai Luís, Olívia fala que está “desfalecendo”. Afinal de contas, desfalecer de fome é uma coisa muito séria… E Luís é o melhor cozinheiro da família! A família da Olívia é um pouco diferente e totalmente “encantadora”, outra palavra que ela adora usar.
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