Pensar que criança não tem preconceito é um mito. Na realidade, o preconceito infantil é bastante comum. É normal que os pequenos façam comentários, por vezes negativos, sobre diferenças percebidas, muitas vezes imitando comportamentos e falar de nós adultos. A realidade é que crianças querem pertencer. Muitas vezes isso faz com que elas se agrupem de acordo com semelhanças que são claras. Isso pode acarretar uma atitude de hierarquia e potencializar situações discriminatórias. Uma situação que é bastante frequente é a de meninos contra meninas, que acontece em algumas fases da infância. No entanto, a mesma dinâmica pode acontecer com um coleguinha portador de deficiência ou com algum que tenha alguma doença de pele, entre outros inúmeros exemplos. Mas qual o nosso papel na criação de crianças sem preconceito?
Educando crianças sem preconceito
Os pais e responsáveis têm que ter uma participação ativa para que comportamentos, relativamente inofensivos das crianças não ganhem maiores dimensões. Isso é desafiador, ainda mais na realidade brasileira. Estamos longe de erradicar as atitudes preconceituosas nos adultos, então quem dirá nas crianças, que reproduzem os comportamentos das pessoas mais próximas.
Por esse motivo, o trabalho é diário e exige conversas pontuais para dúvidas e questionamentos do dia a dia. É necessário ter conversas recorrentes sobre o que é discriminação, quando ela acontece e quais os comportamentos respeitosos que devemos cultivar perante todas as pessoas.
É necessário reforçar a importância da pluralidade
Quando o pequeno nota alguma diferença em seus colegas de sala é importante sempre reforçar que cada ser humano é de um jeito. Seja em relação a características físicas, pessoais ou preferências. Afinal, são justamente as diferentes opiniões e formas de ver o mundo que fazem as conversas interessantes.
Devemos dar o exemplo
Os pequenos sempre veem os pais como grandes parâmetros de atitudes e comportamentos. Por isso, o educar por meio do exemplo é sempre uma das formas mais singelas e eficientes de ensino. É crucial ter coerência entre o que falamos para nossos filhos e a maneira como agimos. Se queremos crianças livres de preconceitos, temos que observar no detalhe como é a nossa atitude perante as diferenças. Independe da natureza da diferença, que pode ser religiosa, de etnias, atitudes, gênero, classe social, orientação sexual, profissão, entre outras.
Entender como agimos perante essas diferenças é primordial para estabelecer o exemplo de respeito. Muitas vezes, nesse desafio, nos deparamos com nossos próprios preconceitos. Isso pode ser doloroso, mas é essencial, uma vez que sempre buscamos uma sociedade baseada no respeito, na cumplicidade e na tolerância.
Preste atenção a comentários aparentemente inofensivos
Se atente a comentários irônicos e a forma que você fala das outras pessoas na frente dos pequenos. É comum rotularmos as pessoas, no entanto, temos que tomar um cuidado dobrado para não cairmos em contradição. Diálogo é muito importante. Algumas vezes a criança rotula um colega de “chato” ou “diferente”. Nesse momento, você tem uma ótima oportunidade de reforçar que a criança pode escolher seus amigos de acordo com a afinidade, mas que ela deve respeito a todos, independente da pessoa estar em seu ciclo de amigos ou não. Reforçar que o respeito vem antes de quaisquer preferências, é importantíssimo.
Diversifique as experiências do pequeno
Muita proteção e cuidado podem limitar a visão da criança. Se seu filho frequenta apenas a escola, o clube e o condomínio, repense as possíveis interações dessa criança. É importante que os pequenos tenham algum acesso à realidade. Isso pode vir através de pequenas experiências, que inclusive podem ser muito divertidas.
Uma ideia interessante é levar seu filho a lugares frequentados por pessoas diversas. Além disso, apresentar conteúdos de diferentes países e diferentes idiomas. É necessário ressaltar como o mundo é grande e como ele possibilita aprendizados infinitos. Quanto mais o pequeno for exposto às interações, com mais naturalidade ele vai encará-las. Passeie com o pequeno, visite exposições, parques, caminhe pela cidade, não tenha medo de apresentar o mundo para o seu filho e discutir questões como pobreza, fome, responsabilidade social, economia, entre outras. Claro, é preciso adaptar as complexidades para cada faixa etária. Mas, quanto menos resistência tivermos perante os assuntos, mais naturalidade teremos para conversar com os nossos filhos sobre as pluralidades.
Conte para a gente: tem alguma dica para educar crianças sem preconceitos?
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