No começo da quarentena imaginava que ficar trancada em casa com o marido devia ser difícil. Mas eu nem pensava que ficar trancada com um adolescente seria infinitamente pior. Agora, imagine só ficar trancada com um bebê adolescente! Foi assim que eu descobri a fase do terrible twos na minha maternidade.
Uma mudança do dia para noite?
Caetano sempre foi aclamado por ser um bebê tranquilo. No início da quarentena me vangloriei por talvez não ter momentos tão difíceis quanto as mães que eu via nas redes sociais.Desesperadas e descabeladas, com seus pequenos e “terríveis” bebês. Mas, do dia pra noite, tudo mudou. Caetano simplesmente estreou a grande arte da birra. Passei dias me perguntando como é que ele aprendeu aquilo. Em minutos, do dia pra noite, o menino estava lá, cumprindo perfeitamente o script, com direito a se jogar no chão, berros incessáveis e lágrimas não acalentáveis.
Foi então que tive que resgatar todos meus santos teóricos da psicologia, todos os mestres e anciãos que me alertaram que este momento iria chegar. Foi justamente explicando os terrible twos para meu companheiro, inconformado com aquela transformação do nosso filho, que pude enfim compreender de fato o que estava acontecendo com nosso Caetano. Assim como inúmeros outros bebês com seu quase dois anos desse mundão.
O que está acontecendo com meu filho?
Imagine só, você está na mesa de um bar, sedenta(o) por um copo de cerveja (troque por qualquer outra bebida que ame). Mas infelizmente você não fala a língua dele e não consegue dizer ao garçom o que quer beber. Então, ele acaba trazendo um café (ou qualquer coisa que, definitivamente, você não quer tomar naquele momento). O garçom então insiste ao ponto de você perder a cabeça. Ao achar que ele está tirando com sua cara, sai possessa do bar, extremamente impaciente e nervosa (e ainda com sede).
Agora, metaforicamente, aplique isso à realidade do seu bebê. Você é ele tentando dizer o que quer, mas sem o recurso da linguagem. Você, mãe/pai, é o garçom, apresentando a ele uma série de opções que não atendam à vontade dele. É claro que isso não vai acabar bem, né?!
Fez sentido agora?
É isso que está rolando agora no mundo do seu pequeno de dois anos! Acontece porque seu pequenino está se descobrindo como um indivíduo. Com gostos, preferências, vontades e, acima de tudo, poder de ação. Além disso, ele acaba de entender que terá que tomar decisões daqui pra frente, mas ainda não tem maturidade suficiente para o fazer. Muitas vezes nesta altura do desenvolvimento, as crianças ainda não possuem a linguagem desenvolvida o suficiente para expressar-se claramente. Logo, acontece o desequilíbrio.
Nós, adultos, somos responsáveis em controlar a situação
Pois eis que agora existem dentro da mesma casa muitas pessoas com vontades diferentes tentando viver em harmonia. Sem poder sair, correr ou dividir a carga emocional. É normal então que o conflito aconteça e que alguma parte tenha que ceder para que tudo não acabe em uma briga federal. Nesse caso, nós, adultos, temos maturidade para isso, somos responsáveis pela nossa sanidade e por manter a situação sob controle. É importante dizer que ceder neste caso não implica em fazer o que a criança quer que você faça. Mas sim tentar resgatar as rédeas da situação, acalmar o clima e, só depois da birra, tentar instruir e educar seu filho. Sempre, sempre, sempre utilizando o diálogo.
Vivendo e aprendendo a criar…
Nesse meio tempo aprendi que rebater, repreender, sair do sério não é caminho para conduzir essa situação. O melhor sempre é desviar o foco da birra e, logo depois, mostrar para Caetano o porquê ele estava chorando. Retomar os fatos acontecidos e dizer para ele o porquê dele ter ficado tão bravo. Em alguns momentos tenho a sensação que ele não entendeu muita coisa, mas, mesmo assim, insisto na explicação. Porque sei que aquele cerebrozinho está a mil por hora, captando todos os sentidos e tirando proveito de tudo. Também tento sempre que a situação permite, me colocar diante dele. Abaixando-me na altura dele, olhando nos seus olhos e tentando apontar os comportamentos que desaprovo. Sempre expondo um comportamento positivo dele, mostrando o quanto prezo por isso.
É assim que estamos construindo, tanto eu, quanto meu marido, quanto Caetano, um respeito mútuo. Construindo limites, determinando nossos espaços e aprendendo, acima de tudo, a nos respeitar e a viver junto.
E aí na sua casa? Como está sendo esse período?
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